Desesperem-se, Guerreiros! (por Walace Cestari)

desespero

Tricolores, desesperem-se.

O desespero ainda está perto de nós, acreditem.

Parte considerável da imprensa veicula um mar de tranquilidade, levando à compreensão geral que estamos livres do rebaixamento. Não estamos. Não está fácil. Não temos a tabela mais fácil. Precisamos matar ainda um leão a cada jogo e a rodada que passou não foi boa para nós. Em lugar de distância

Exceção feita ao Vasco, que empatou, os outros clubes que brigam conosco venceram. Em que pese a vitória do Criciúma ter trazido o Coritiba para a briga, a coisa não melhorou tanto assim. Temos os mesmos 42 pontos de Bahia e Criciúma. Uma vitória a menos que este, uma a mais que aquele. Estamos apenas a um ponto do Coritiba e abrimos quatro do Vasco.

Nossa tabela – considerada fácil para alguns – prevê Santos fora, Atlético Mineiro dentro e Bahia fora. É fato que o Santos está navegando sem ambições e preocupações, sem nada pelo que brigar no campeonato. Mas futebol não se resume aos números e o time do Santos tem um treinador que busca afirmação e quer terminar o campeonato com mais pontos do que Murici fez no ano anterior ainda com Neymar e Cia.

O Galo Mineiro realmente deve vir a passeio, pensando em Marrocos e tudo o mais. O que não significa moleza, já que quem entrar vai correr para mostrar que pode compor o elenco do ano seguinte ou ser ainda uma opção para a viagem ao Campeonato Mundial. Não são raras as vezes que equipes reservas entram com muito maior motivação que titulares e dificultam muito o trabalho de quem esperava vida fácil.

Por fim, o Bahia. Ao que tudo indica, será um jogo duríssimo, de um time que, em casa, apoiado por sua torcida, estará lutando por pontos para não cair. E pode ser um confronto direto – tomara que não – em que precisemos de suar um litro bem suado para conseguir alguma coisa. Sim, estou preocupado. Confiante, mas preocupado.

O Criciúma tem pela frente Vitória (casa), São Paulo (fora) e Botafogo (fora). O time catarinense vem crescendo e pode surpreender o Vitória no caldeirão do Hulse. Fora isso, o São Paulo e o Botafogo podem ser times em frangalhos por conta, respectivamente, da perda da Sul-americana e afastamento do G4. O Bahia – além do último jogo contra nós – tem a Lusa (casa) e o Cruzeiro (fora). A Portuguesa é um adversário do mesmo nível do Bahia e pode ser batido na Nova Fonte Nova. Já o Cruzeiro vem em ritmo de festa e não sei se está disposto a mais que comemorar dentro das quatro linhas seu merecido título.

O Coritiba, recém-chegado ao Z4, tem o Inter (fora), o Botafogo (casa) e o São Paulo (fora). O Inter no Sul é parada duríssima e este pode ser o resultado fatal para o Coxa. O Botafogo sofre da instabilidade que permite os alviverdes pensarem em vitória no Couto. E o São Paulo da última rodada pode não ser absolutamente nem sombra de um time que estava em recuperação. O Vasco, com Cruzeiro (casa), Náutico (casa) e Atlético Paranaense (fora), tem a tarefa mais difícil apenas por conta de estar mais atrás. O Cruzeiro vem em ritmo de festa, o Náutico – com todo o respeito ao Timbu – é doador de pontos e o Atlético Paranaense pode jogar classificado para a Libertadores nas duas frentes.

Meus palpites são de que o Criciúma arrume mais quatro pontos, assim como o Bahia. O Vasco pode conseguir duas vitórias, o mesmo que deve fazer o Coritiba. Nesse cenário, o jogo contra o Bahia passa a ser decisivo – dramático e desesperador, como convém –, caso não consigamos vencer Santos e Atlético Mineiro. Por isso mesmo, nada de comprar essa versão da imprensa que “relaxa” nosso time, quando ainda estamos lutando e muito para sair dessa situação.

Todos aos estádios. Lembremo-nos de que nada está ganho até o último apito do último jogo. Perseguimos os dramas. Estejamos desesperados, sempre. Vamos de mãos dadas – Ah! Drummond… –Juntos, acreditando em nosso desespero. Nada de tranquilidade, precisamos do sangue quente, repleto de adrenalina correndo em nossas veias. Não nos deixemos iludir pelo conto de fadas proposto pelos jornais. Vamos com fome. Ainda precisamos de mais.

* * *

Delay é uma palavra da língua inglesa que significa “atraso”. É o termo técnico com o qual se designa o retardo de sinais em certos circuitos eletrônicos, usualmente nas transmissões sonoras e também aquelas via satélite (sabe aquele atraso que faz seu vizinho gritar gol antes de você e que você culpa sua operadora de tevê a cabo – provavelmente via satélite?).

Sinonimicamente relacionado está o candidato homônimo, Delei – maestro nas quatro linhas, sempre ressaltemos –, aliado a quem representa hoje o Fluminense de ontem. Sim, o Flu está mal na tabela, como esteve em outras vezes neste século. Nada disso justifica uma saudade masoquista da época dos rebaixamentos, dos desmandos, das chacotas, dos calotes e das dívidas. Fico triste ao ver um dos meus jogadores preferidos da infância – fazia parte de meu time de botões – assumir de maneira tão ingênua o significado de seu homônimo em inglês.

Panorama Tricolor
@PanoramaTri
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DR PEQUENO
1995 PEQUENO

3 Comments

  1. Eu só acho que vc analisa as coisas por critérios diferentes. Quando analisa adversários do Fluminense busca motivações das mais variadas para justificar jogos duros; quando analisa nossos adversários, vê times desmotivados ou em “frangalhos”.

    Vejo Coritiba, Criciúma e Bahia com missões bem mais complicadas que a nossa. Vejo um Vasco que depende muito desta rodada e do resultado da Copa do Brasil pra entender o seu panorama. E vejo o Fluminense com condição de buscar o que precisa.

    ***…

  2. Então filho se o Flamengo não vencer, ele que cairá…… e o inter tb se não vencer fica na rabuda!! Pq eu acredito que o Flu faça pelo menos nesses 3 jogos, 5 pontinhos é o mínimo que se espera do Fluzão! O Flu só depende dele, vence e esqueça os outros…. Abração

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