Deixem o Fluminense em paz (por João Leonardo Medeiros)

Fred DesabafoFui ao jogo contra o Corinthians sozinho. Como se não bastasse, ainda conduzi três amigos corinthianos ao estádio, reforçando a torcida adversária. Sentei na arquibancada e assisti ao princípio do jogo como quem assiste a um fenômeno meteorológico qualquer. O progresso da partida e o resultado dilatado naturalmente arrancaram de mim alguma emoção e saí do estádio já pensando na crônica que valorizaria a goleada e lamentaria a oportunidade perdida de alcançar a Libertadores e, quiçá, o título.

Creio que aconteceu com muita gente. Surpresa: no pós-jogo, em lugar de gols, palavras. Não era o Fred dos gols que aparecia, mas o Fred dirigente do clube. Sim, o dirigente, porque, ao que saiba, quem se ocupa publicamente das questões relativas à formação de elenco, à estrutura do clube, à comissão técnica etc. etc. etc. são os dirigentes e não os jogadores. E, teoricamente, Fred não passa de jogador, ainda que milionário, afamado.

Antes de Fred, reclamaram publicamente do clube, pela ordem: Walter, Carlinhos, Wagner, Diguinho, Valência, diretamente ou por intermédio de seus empresários. Depois de Fred, reclamaram Sóbis e o técnico Cristóvão. Uns reclamaram da incerteza na renovação dos contratos, outros da estrutura do clube. Quase todos reclamaram do comportamento da torcida, que julgam inadequado. Agora, até o Conca veio a público reclamar da falta de planejamento.

Curiosamente ou não, tirando o Conca, a lista de queixosos consiste quase de um-para-um com a lista de jogadores que têm o contrato a vencer ou cuja relação rendimento/custo vem sendo questionada abertamente há bastante tempo por torcedores e cronistas, não apenas tricolores. Jogadores como Diguinho e Valência andam mais no departamento médico do que em campo; Carlinhos, Sóbis, Walter, Wagner e Fred rendem relativamente pouco, considerando seus respectivos salários (Fred rende mais que os outros, mas também ganha como nenhum outro).  No caso de Cristóvão, suas críticas começaram ao mesmo tempo em que o discurso da diretoria mudou de um “renovaremos com certeza” para um “tem de ver”.

O que eu penso disso tudo?

Penso que a diretoria já tomou a decisão de mandar essa turma toda embora. Talvez para não expô-los publicamente, a diretoria optou pela omissão. Não se pronuncia publicamente sobre as renovações, não contrapõe as pesadas críticas que têm recebido de jogadores e do técnico, não pendem no muro para lado nenhum. Tudo bem, tudo bom, bonitão. Não envolvesse o problema duas outras partes interessadas… nós, a torcida, e o patrocinador, a Unimed.

Comecemos pelo patrocinador. Conheço vários médicos, alguns deles cooperados da Unimed-Rio. Há, entre os médicos, um entendimento claro de que a Unimed-Rio, dirigida pelo polêmico Celso Barros, está quebrada ou em vias de quebrar. São várias as razões apontadas e, ao que parece, a principal delas não tem a ver com o patrocínio ao Fluminense. Mas certo é que parece haver um clima geral na empresa contra o patrocínio, motivado não exatamente com preferências clubísticas, mas pela inviabilidade financeira pura e simples. Num quadro como esse, o desacerto público entre patrocinados e clube parece-me nada inocente. Os jogadores reclamões são todos Unimed Futebol Clube. Será que não cumprem ordens daquele que paga o grosso de seu ordenado?

Torcida – e aqui incluo os cronistas da mídia do Flu, por quem começo. Não há consenso entre os cronistas da Flupress, pelo simples fato de que eles expressam a opinião da torcida, que vejo bastante dividida na avaliação do caso. Vejamos dois cronistas afamados: Gustavo Albuquerque acha razão nas palavras do dirigente Fred; Caldeira não digeriu. Quanto às torcidas em si, organizadas ou não, a Young quer ver Fred pelas costas; parte do povão gritou, com a Legião, “O Fred vai te pegar” domingo. Certo é que não tem ninguém satisfeito com a situação e isso é um claro indício de que algo tem de mudar. Isso porque, como todos concordam, o Fluminense é sua torcida – como ficou claro, em nossos piores anos, quando nós, os torcedores, impedimos que o clube desaparecesse do mapa, ou ano passado, quando sozinhos defendemos o clube.

Não sou um cronista afamado, não sou dirigente do clube, não sou patrocinador, não sou jogador. Sou torcedor. Falo aqui por mim, mas creio que expresso também a opinião de muitos outros torcedores como eu. Sem segundas intenções, sem jogo duplo, sem meias-palavras, principalmente, posso dizer: eu estou de saco cheio do Fred, do Carlinhos, do Sóbis, do Cristóvão, do Peter, do Mario Bittencourt, do Celso Barros, do Walter, do Wagner, da oposição oportunista, e de todos os que novamente mataram aquilo que o Fluminense tem de melhor: a perspectiva da vitória.

Porque é isso que está acontecendo: enquanto eles discutem publicamente, a gente não se habilita a ganhar nada. Quem vai ser a última voz nesta história? O Celso, o Peter, o Fred, a oposição oportunista? Sei lá e nem importa. Não quero saber quem vai impor seu ponto de vista, nem de que forma. Quero apenas que, de 2015 em diante, tenhamos um clube no qual a perspectiva de título seja concreta e não apenas um devaneio que passou com uma noite de verão.

Entendam-se vocês. Se não se entenderem, matem uns aos outros. Se não matarem, saiam voluntariamente. Mas, por favor, deixem o Fluminense em paz.

Panorama Tricolor

@PanoramaTri

Imagem: globoesporte.com

6 Comments

  1. Hoje o Mário Bittencourt vai se pronunciar a respeito de todos esses assuntou, conforme ele mesmo postou no blog da Flusócio. Vamos esperara e depois a gente discute, já que por ora só existem fofocas. ST

  2. Fred continuou :
    Nós jogadores estamos nos dedicando desde o início, e sozinhos. Maioria das vezes sozinhos. Então, não existe frustração para gente. A gente sai daqui de cabeça erguida

    este é o Fluminense da atualidade, ninguém é de ninguém, melhor dizendo : o Fluminense esta entregue ao sr Frederico Chaves, esta virando clube com dono, como muitos por aí .
    Barueri – Boa Esporte etc etc

    ST

  3. – Há seis, sete meses atrás, eu como capitão, eu representava o meu grupo de jogadores e sempre briguei pelo meu grupo. Eu cheguei para diretoria e falei: “o nosso grupo precisa renovar o contrato, porque são sete, oito jogadores de pura qualidade, campeões dentro do clube, que já passaram dificuldades e sabem o que eles tem que fazer aqui dentro, tem uma história bonita e faz parte de uma base vencedora aqui dentro”.

    esta é a fala do FRED atente para o detalhe ; MEU GRUPO

  4. Pô, o cara está certo, são 20 meses sem receber, por muito menos os jogadores do Botafogo entraram com faixa em campo, e a importancia do Fred é essa, dizer o q acontece presidentebomisso, incompetente e irresponsável, junto com qyem o aooia, a malfada flu-sócio, q com outro nomd nos levou ao fundo do poço, ñ se esqueçam q esse time sem Fred e Conca só ñ caiu pe.los erros de outros clubes, portanto queiram ou ñ o Flu é Fred, Conca, Cavalieri e mais oito o resto é picuinga e fofoquinha

    1. José, meu caro,

      o Fred não está há 20 meses sem receber. Ele recebe 80% do ordenado pela Unimed, outros 20% pelo Flu. Dos 20% do Flu, a metade está atrasada = 10% do total. É claro que é um descumprimento, mas não se trata de 20 meses de salário atrasado.

      Ademais, se você viu a entrevista, percebeu que ele disse: “resolvi isso internamente”. Isso quer dizer que o Flu fechou acordo e está pagando.

      Abraço,
      João

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