Dê um tempo, Abel (por Edgard FC)

Deixando a mística de lado, mas também tudo aquilo que não podemos prever ou controlar sobre o Fluminense, precisamos ter a humildade de saber que não estamos fazendo o mínimo por merecer, a começar por treinamentos e escalações que façam sentido e busquem vencer o jogo, pois dessa vez, se não vencer, não leva.

O campo já gritou, já mostrou e já se fez entender o que o Fluminense pode oferecer de melhor, mas a gente que escala o Fluminense não está nem aí. Prefere fazer o que lhe dá na telha, tal qual o Banco Central brasileiro, como nos alertara Maria da conceição Tavares, há quarenta anos atrás, quase o mesmo tempo que faz quando vencemos o Flamengo em uma decisão de campeonato.

Mas como bradou Zaqueu: ladroagem moderna não, sô. Dizendo a Souza sobre ganhar as coisas só na profecia, as chamadas ‘divisas cantadas’ de Javé. Lá como aqui, para ser dono e merecedor do arado, só poderia domar a quanta de terra que se pode dar conta e dominar. Não basta se agarrar ao Gravatinha, João de Deus, vultos espectrais de Assis e outros tantos heróis da Dinastia Tricolor. É preciso ter concretude e saber o que se faz.

Trazendo para o campo terreno, literalmente, não faz sentido outra escalação que não privilegie a possibilidade de jogar futebol, aliado a boa dose de controle, de transições e lógica para os gatilhos de pressão e ocupação dos espaços, com ou sem a bola, até porque, seguindo a lógica, ficaremos muito menos com a bola do que nossos adversários desta decisão.

O sistema defensivo pode e deve contar com os que melhor o executaram e preencheram até aqui: Marcos Felipe, Calegari, Nino e Luccas Claro (ou David Braz) com Pineida. O meio-campo é o lugar onde deveriam habitar os craques, que vão levando o time todo pro ataque, ensinado por Nando Reis, para isso, deveríamos sem pestanejar preenchê-lo corretamente com André, Martinelli, Ganso e Jhon Arias, deixando na frente Cano e Luiz Henrique, até aqui os mais capazes de explodir, tanto em Brasília como aqui, não é mesmo, meu querido amigo Jácome?

Vejamos essa escalação: MF, Calegari, Nino, Claro e Pineida, André, Martinelli, Ganso e Arias, Luiz Henrique e Cano. Podendo ter enxertos ou trocas, com nomes como: Braz, Nonato, Yago, Nathan e em última instância, Felipe e Willian. Para trazer juventude e surpreender um pouco a dinâmica do jogo, não lancemos mão de Martins, JK e outros jovens, se estiverem aptos. Todas as peças que possam criar um desalinho podem somar e muito a esta decisão.

Mas agora, ao ver a provável escalação, que a rigor é a mesma que perdeu para o Botafogo, com requintes de crueldade, já que aventa-se as trocas de MF por Fábio e Pineida por Cristiano da Moldávia, aí é coisa de ter ali na beira do gramado um treinador amarrotado com toalhas brancas nas mãos e preparado para atirá-las para dentro do relvado, porque repetir a burrice e continuar a deixar o time desamparado é contar demais com nossos amigos lá do outro lado.

Uma atualização de agora à tarde dá conta de que Abel poderia mandar a campo: Fábio, Calegari, Manoel, David Braz, Felipe Melo e Cristiano, André, Yago e Ganso, com Willian e Cano na frente. Despiora alguma coisa, mas ainda soará insuficiente, uma vez que o setor de transição, criativo e ofensivo continuará a carecer de opções mais viáveis, de melhor movimentação e infiltração. Vai faltar diálogo com Ganso, seguirá deslocando André e ainda atentará a paciência do torcedor com o ex-moldavo fazendo figuração na beirada do campo. Não dá pra pensar em Jhon Arias fora de qualquer escalação que priorize a instituição, hoje.

O futebol hoje não é como antigamente, no tempo do rascunho da Bíblia, onde só bastava ter um homem, um feixe de capim e um jumento, pronto, já se tinha uma boa história, hoje não, contar uma história hoje é difícil, assim como jogar futebol e vencer partidas, é preciso muito mais do que boa vontade e conversas de vestiário.

2 Comments

  1. Gostei muito de seu comentário, reunindo crenças legítimas do torcedor tricolor à atual realidade. Definitivamente, escolhemos (Mario), mal o treinador. Quiçá o nais desatualizado e teimoso! Ele não sabe como fazer; não reconhece que não sabe e por isso, também não aprende. Só a sorte…

    1. Obrigado, Salvador, é um pouco disso, estamos à deriva, sem eira ou beira.

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