Entendam: o Fluminense não pode ser coadjuvante! (por Aloísio Senra)

Tricolores de sangue grená, contra o Galo conquistamos um pontinho importante e vamos tentar buscar um pontinho lá no Castelão contra o Ceará em busca do nosso principal objetivo, que é a pré-Libertadores. E então, ficaram putos com o meu discurso? Pois é, mas não é meu, é do nosso querido Marcão. O fenômeno da fluhamização, já abordado nesta coluna, chegou ao comando técnico, finalmente. Depois de ensejar uma graça após o empate em casa no turno com o Ceará através de uma declaração patética de Danilo Barcelos, e ter o apoio do “projeto décimo lugar” do nosso estimado Bitcoins, agora temos o discurso de que o objetivo é jogar numa puta altitude uma fase eliminatória que começa em mais ou menos um mês – sem nos dar tempo adequado para preparação – e da qual, se formos eliminados, digamos, por uma “Calerada” da vida, acaba-se o ano esportivo sul-americano do Fluminense Football Club. Ainda, mesmo se passarmos, a fase eliminatória seguinte será complicada, tendo times de nível mais alto e/ou altitude no processo. E a nossa tão sonhada participação na Libertadores pode fazer água bem antes de abril.

É muito difícil não ler/ouvir essas coisas e ficar puto. Muitos dirão que Marcão foi humilde, mas a linha entre a humildade e a mediocridade é bem tênue. O técnico do RB Bragantino pode dizer que o objetivo deles é a pré-Libertadores, porque, olhando a tabela, é isso que eles podem alcançar. Se fingir de morto pra enrabar os vivos tá valendo, mas não é isso que fica parecendo ao analisarmos o tom da coletiva. Vamos ver a postura do time no nordeste, porque se for entrar para levar mesmo um ponto, Roger já pode assumir. O discurso de Marcão deveria ser simplesmente que o objetivo é a fase de grupos e que vamos encarar qualquer adversário como se fosse uma final, buscando sempre os três pontos. Bastava. Mas acredito sinceramente que é parte do script. Afinal, foi com esse mesmo discurso que não chegamos ao título, o qual estávamos disputando até a última rodada, apesar de muita gente nem fazer ideia disso. Os números estavam lá. Se ganhássemos do Galo, ainda teríamos chance. Era difícil, sim, mas longe de ser impossível.

Todavia, se os primeiros a dizer que é impossível formos nós… fica realmente impossível. E o projeto de mediocrização do Fluminense perpassa por essa propaganda de coadjuvância, instigada pelo presidente, reforçada pela mídia e comprada pela torcida. Falavam que éramos intrusos no G4. Depois, falavam que conseguimos um grande feito, que é já estar praticamente na pré-Libertadores. Nunca nos disseram que ainda tínhamos chances de título e fingem que não estamos a dois pontos do São Paulo e a quatro pontos do Galo, quarto e terceiro colocados respectivamente, brigando ferrenhamente por uma vaga na fase de grupos. E a coletiva de Marcão complementa o pacote. Deixarei uma reflexão para vocês. Nós vamos passar a iniciar o campeonato visando a décima posição, porque o título é difícil, ou visando o título, mesmo que seja difícil? Essa é a pergunta que precisa ser feita pra 2021, porque, pelo andar da carruagem, ninguém vai mirar o título da Libertadores, e ainda vai achar razoável se cairmos na fase de grupos (ou antes disso) se conseguirmos disputar a Copa Sul-Americana. Somos o Fluminense ou o Ceará?

Nós, tricolores, temos que acreditar sempre. Somos os maiores campeões do século XX. Acreditar até as chances esgotarem é o nosso dever. Tá faltando a gente acreditar um pouco mais no time, mesmo com os erros… e também a quem é de direito saber ouvir as críticas, porque nem todas são destrutivas. Boa parte da torcida tratava a classificação pra Libertadores como o objetivo máximo desde antes de o Odair sair, desdenhando da própria tradição do clube. Não adianta estarmos fechados pela Libertadores só da boca pra fora, não adianta se associar para bater palma por participação. Marcão ter falado uma parada dessas, de que o objetivo é a pré-Libertadores, com a fase de grupos ainda extremamente factível… é foda. É se contentar com pouco, é achar que tá bom ir jogar preliminar na altitude, como se não merecêssemos mais. Mas merecemos. Gostaria muito que ele tivesse falado que lamentava o fim da busca pelo título, mas que agora seriam três finais para devolver o Fluminense ao lugar de destaque que merece na América do Sul, que é a fase de grupos da Libertadores. A gente se acostumou tanto a ser coadjuvante que começou a normalizar isso. Já chega. Hora de nos portarmos como os gigantes que somos.

Curtas:

– O jogo mais difícil já foi, e poderíamos ter vencido com um pouco mais de sorte. Pacheco não esteve tão mal quanto falaram, há de se dar um desconto… o cara quase não entra. Achei o gol perdido pelo John Kennedy bem pior, mas ambos têm crédito. Pacheco é novo e tem mercado, e JK certamente será bem vendido em breve. Com Michel Araújo em campo, eles protagonizaram bons momentos. Que Marcão lembre dessa parte final do jogo contra o Galo para decidir quem escalar de saída contra o Ceará.

– Perder Fred, sabe-se lá por quanto tempo, é um baita problema, tanto pela função importante que ele vinha exercendo quanto pelo fato de seus substitutos normais serem ínguas. Lucca não rende nada na posição e Mulamboso, nem se fala. Provavelmente vai entrar o John Kennedy, mas eu apostaria no Samuel Granada, que não tem sido relacionado mesmo depois de renovar. Queria entender a razão. Espeta o Nenê pelo meio, Michel Araújo na direita, Luis Henrique na esquerda e Samuel centralizado, tendo Pacheco e JK como opções. É a fórmula para vencer no Castelão.

– Jogos para ficar de olho nessa rodada: Atlético-MG x Bahia, Flamengo x Corinthians, Vasco x Internacional, Palmeiras x Fortaleza, Grêmio x São Paulo. Vitórias de Bahia, Corinthians, Internacional e Fortaleza e um empatezinho entre Grêmio e São Paulo não fariam mal a ninguém.

– Palpite para o próximo jogo: Ceará 0 x 2 Fluminense.

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