Fluminense? Só depois do carnaval (por Marcelo Savioli)

Amigos, amigas, o pessoal diz que o ano só começa depois do carnaval. Embora eu não concorde muito com a ideia de perder dois meses do ano, parece que tem gente no Fluminense que aprova a ideia.

A dúvida, a nos provocar a razão, é saber se o Fluminense realmente perdeu ou ganhou dois meses. Os criticados 50 dias de férias para o elenco acabarão voltando à nossa agenda de análises.

Ao que tudo indica, parece que o melhor Fluminense de Diniz está voltando na hora certa, às vésperas de uma possível decisão da Taça Guanabara e das fases decisivas do Flamengão 2023.

Parece-me que o divisor de águas foi o jogo contra a Portuguesa. Depois daquele primeiro tempo monótono, o Flu mandou ver na segunda etapa e produziu um bom placar de 3 a 0, praticando algo muito próximo do tão almejado Dinizball. Justamente a partida imediatamente após a celebração da folia, mostrando que o Fluminense concorda que o ano só começa depois do carnaval.

Por trás disso, acredito agora, um planejamento bem elaborado. Para que o Fluminense alcançasse sua melhor condição na hora certa, ao passo que Diniz pode fazer todas as experiências que queria, de modo a moldar o elenco para a temporada.

A gente via o jogo de ontem, contra o Bangu, e, lá pelos 20 minutos da etapa inicial, já imaginava um massacre retratado em uma goleada devastadora no placar. Parecia haver um tabu institucionalizado no jogo segundo o qual a bola estava proibida de sair do campo do Bangu. E quando isso acontecia era pior para o Bangu, porque, ao contrário de outras jornadas, a saída de bola do Fluminense era vertiginosa, com muitos passes, sim, mas com muita verticalidade.

Tem um episódio que eu não sei se vocês perceberam, que ocorreu no lance do primeiro gol. A bola saiu tão rápido do campo de defesa do Fluminense, com Keno recebendo a bola e fazendo marcha acelerada em direção ao gol, que um atleta do Bangu, na ânsia de fazer a recomposição, acabou tropeçando no gramado e se estabacando de cara no chão.

Aliás, o gol de falta de Ganso foi uma pintura. Nosso maestro, hoje o maior do mundo em sua posição, parece se reinventar a cada dia para ser, cada vez mais, uma versão melhor de si mesmo. Como eu adoro esse tal de Paulo Henrique Ganso! É a melhor expressão daquilo que eu mais amo no futebol. E pensar que houve o tempo em que eu engrossava o discurso de que Ganso estava morto para o futebol, o que me fez perceber com desconfiança sua chegada ao Tricolor em 2019. Impressão, aliás, rapidamente desfeita, embora não acompanhado pela maior parte de crônica esportiva.

Terminar o primeiro tempo perdendo só de 2 a 0 foi um presente de valor inestimável para o Bangu na tarde de ontem. O goleiro deles fez, pelo menos, umas três grandes defesas. Além de atuar com trocas de passes ágeis, deixando o adversário baratinado, o Fluminense executou com perfeição o ataque à bola sempre que éramos desarmados, não dando chance ao Bangu de fazer absolutamente nada no jogo.

Impecável o primeiro tempo, apenas razoável o segundo, claro, muito em razão das substituições. Mas, para desespero do Bangu, o árbitro assinalou dois pênaltis para o Tricolor. O segundo, no meu entendimento, rigoroso demais. Duvido que o árbitro marcaria aquele pênalti se fosse contra um adversário de maior prestígio. Árias marcou o seu, Cano o seu segundo na partida, encostando em Lelê, que também será nosso em breve (é muito bom dizer isso), e Marrony (você não está tendo uma alucinação) fechou a goleada com bela cabeçada, após cobrança de falta da lateral direita do campo.

Fluminense 5 a 0 e o que nos resta (nesse momento em que escrevo são 15 horas do domingo) é secar a Dissidência contra o Vasco, para que, em cima deles próprios, tenhamos a chance de conquistar a Taça Guanabara. Sim, eu sei que ninguém liga muito para a Taça Guanabara, mas vamos convir que é bom que nos acostumemos a levantar taças, porque, espero, será essa a nossa rotina pelos próximos cem anos.

Saudações Tricolores!

1 Comments

  1. Savioli,

    Ganso todo jogo e desde o ano passado vem dando assistências para gols ou passes que armam jogadas decisivas sem pegar na bola, só no corta-luz. Inclusive contra o Bangu a falta que fez o gol começou com ele dando um passe sem pegar na bola e armando o começo da jogada. Né possível que ninguém dê o devido destaque do gênio Ganso com essa invenção: passes sem pegar na bola

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