Candidato Mário Bittencourt (por Marcelo Savioli)

Amigos, amigas, no intuito de ajudá-los a definir a preferência ou o voto na eleição do próximo sábado, estou registrando, a partir de hoje, minha opinião sobre as candidaturas. Convido vocês a lerem essas análises, que são de um tricolor apaixonado, mas, sobretudo, de alguém que tem se comprometido a analisar a situação do clube e propor soluções.

É evidente que a minha opinião segue a visão que tenho das necessidades do clube, pensando no futuro a curto, médio e longo prazo, mas, acima de tudo, o que vale é a impressão causada por cada candidato.

A análise de cada candidatura será construída a partir das entrevistas feitas pelo site Globoesporte.com. A segunda, publicada nesta quinta-feira, 24/11, foi do advogado Mário Bittencourt, da chapa “Tricolor de Coração”.

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Amigos, amigas, seguindo o fluxo, deixo com vocês minha análise da candidatura Mário Bittencourt, com base nas propostas apresentadas na referida entrevista.

Tenho repetido exaustivamente que o Fluminense, se quiser se manter como força competitiva no futebol brasileiro, precisa erguer um tripé: transformação organizacional, profissionalização da gestão e investimento. Quanto à duas primeiras variáveis, me parece claro que nada acontecerá, exceto se para se adequar a uma realidade em que a terceira, o investimento, se concretize. A própria forma como o candidato Mário, na entrevista, lida com a não publicação dos balancetes em um ano eleitoral indica isso claramente, ao enfatizar a não obrigatoriedade da referida publicação. Vale ressaltar que a própria publicação do balancete serviria como sustentação para sua afirmação de que a dívida do Fluminense diminuirá ao final do exercício em curso. Em algumas coisas na vida, nós só temos a nossa palavra. Em outras, podendo contar com a comprovação documental do que estamos dizendo, não há sentido em não fazê-lo.

Por outro lado, não estou aqui para duvidar de propostas, Mário foi muito claro ao dizer que o trabalho do BTG entrará na fase de prospecção de investidores ainda nesse ano ou no início do próximo. Acho que a forma como o atual mandatário enxerga a questão da SAF, face à atual situação do clube, é correta. O Fluminense não está desesperado e possui um canhão nas mãos para as próximas temporadas, que é o atual elenco e o atual técnico. Esse canhão tem potencial para elevar receitas e valorizar a marca Fluminense. Caminhar para a SAF até pode ser o caminho, mas precisa ser trilhado com maturidade.

Além disso, não tenho razões para duvidar de que a gestão financeira tem muitos méritos. A obtenção das CNDs e a centralização das dívidas cíveis e trabalhistas, mostram o clube com uma dívida equacionada. Pelo menos parte dela, embora a inexistência de balancetes publicados nos impeça de analisar esse aspecto com mais profundidade. O fato é que, sem elevação das receitas, sem investimentos e diante da persistência na política de aumento de gastos (o próprio afirmou que os gastos com o elenco se elevarão em 10% a 15% em 2023), não há como alcançarmos esse fantástico mundo do Flu saneado em mais 3 anos e meio. O máximo que conseguiremos, e isso está comprovado pelos números, é pagar R$ 290 milhões em dívidas e as despesas financeiras fazerem com que o passivo continue do mesmo tamanho.

Pior que aumentar os gastos são os gastos ruins, que não foram abordados na entrevista, assim como a questão do voto online, promessa de campanha não cumprida, mas, como eu quero falar de futuro, a própria indicação de que o Fluminense buscará no máximo quatro reforços para 2023, com o crivo de Fernando Diniz, é um aceno do bom senso. Junte-se isso a possível chegada de investidores, uma dívida sob controle e o potencial do time atual de alavancar receitas, dá uma vontade de sonhar muito alto. Só que algumas coisas são fatos, outras são só promessas.

A entrevista de Mário trouxe algumas boas notícias. É o caso da provável restituição dos R$ 25 milhões recolhidos indevidamente pelo clube ao FGTS. É, também, o caso do aumento dos royalties da Umbro de 13% para 30% na renovação celebrada recentemente. Embora eu não goste da solução proposta, o candidato indicou o início do projeto de restauração das Laranjeiras, com previsão de conclusão até 2024. Mais uma vez: tomara! A melhor notícia é a utilização do estádio como arena para shows, logo se transformando em gerador de receitas. Tomara muito! O fato, porém, é que tudo isso seria possível, porém com resultados mais expressivos, com a execução do projeto “Laranjeiras 21”.

Outra boa notícia é o habite-se a ser obtido até abril de 2023, com a consequente construção do sistema de hotelaria e cozinha industrial no CT, projeto que seria entregue até o final do próximo mandato. Isso significaria redução de despesas com concentração, já que a equipe poderia fazer esse procedimento no próprio Centro de Treinamento, sendo esse só um dos benefícios.

Pare encerrar, o Fluminense, segundo o candidato, está arrecadando cerca de R$ 3 milhões mensais (quase R$ 40 mil anuais) com o programa de sócio. Mário acredita, e eu também, que seja possível alcançar 100 mil sócios e elevar o faturamento com a rubrica. Se o Fluminense trilhar o caminho que vem se desenhando, é muito possível.

Um esclarecimento prestado pelo presidente, que é importante que a gente registre, é que o projeto de universalização não é do modelo de jogo de Diniz, mas de métodos e processos de trabalho. Uma pena, mas já é alguma coisa.

Como aqui é um espaço de opinião, eu posso lembrar aqui que a eleição de Mário em 2019 me deixou em pânico. Não é essa a sensação que tenho agora. Existe trabalho bem feito na gestão e, também, trabalho mal feito que deu certo. No segundo caso, estou, efetivamente, falando da política do futebol profissional. Mesmo com as más contratações feitas, com salários absurdos, estão na conta do atual mandatário as contratações de Manuel, David Braz, John Árias, Germán Cano, Samuel Xavier, Lucas Claro e Yago, cinco deles titulares no atual time de Diniz. Assim como a própria contratação do treinador.

Eu vejo o Fluminense bem posicionado para voos altos e Mário, dentro das suas convicções, pode manter a aeronave embicada para cima, embora não possamos sonhar muito com a transformação organizacional e profissional de que o Fluminense tanto precisa.

Dentro das minhas expectativas, vi o conteúdo das duas primeiras entrevistas como uma boa notícia.

Amanhã, publico a análise de Rafael Rolim!

Grato pela atenção e Todo Poder ao Pó-de-Arroz!

1 Comments

  1. Bom texto também. Diferente dos outros candidatos, Mário tem algo além de promessas para mostrar. Vale agora o eleitor ter consciência se o que ele mostra pesa na balança mais positivamente, ou mais negativamente.
    Com a palavra, os sócios votantes.

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