Brigue, Flu! (por Walace Cestari)

Eita, grená! Viu que somos morantes da parte de cima da tabela, coisa que ninguém criarriscava antes do campeonato? Sabe de que vale isso? Muito pouco, quase nada, senão na confiança que se deposita no peito dos nossos em saber que podem ainda mais. Mas isso nem fazia mor de ser assim, pois Abelão tem esse condão: de fazer acreditar que a gente pode ainda mais.

E nesse bololô de times de ajuntamento do campeonato, o que mais se faz é previsão. Tem vidente de tudo que é estilo, que analisa os nomes do elenco, a sequência de jogos e muito mesmo da cor da camisa. E essa gente – em geral prascóvia toda vida – nem dá bola pra bola que o Tricolor dá no certame. O Flu é calador de gente assim e isso é vocação de berço, pode acreditar sim senhor.

Claro que qualquer olhador atento dessa disputa vai ver que tem uns três ou quatro conjuntos que parecem mais enamorados da senhora vitória, dando a entender uma intimidade maior com essa pontuação. Na outra ponta, a ojeriza de estender-lhe os braços fica por conta de uma outra meia dúzia que tem medo de cada rodada jogada.

Nosso adversário – por que ficar de rodeios e evitar falar os pensamentos pensados? – está nesse segundo grupo: cada rodada é decisiva aos olhos deles para amealhar pontinhos de sustentação que cortem a fieira do ioiô em que se tornaram. Não é provocação, nem soberba – deus nos livre! – é observolhação atentuda. Até preocupação rivalística: não faz bem a ninguém que o rival sucumba sem jamais se renascer. Nossa régua só vale para medir se houver a quem. Se o inferno são os outros, sua ausência é longe de ser o paraíso.

Todo esse mar de rodeios para acercar a ideia de que quem brigar no andar superior vai dar uns sopapos no time da Colina invariavelmente. Só que o que é fácil pros longeiros é sempre complicado pros vizinhos. Se é gatinho manso para muitos, para nós será carne de pescoço e pode anotar que vai ser mais penoso do que tinha sido até agorinha.

Os dois três a zero que estão na conta já expiraram, não vale de nada. Sábado é novitudo de novo: clássico é clássico e vice-versa, a conta desse conto é essa. Não vou dar carona a ideia iludida de dizer que o rival melhorou, nada disso: o time do Vasco é anêmico, vocacionado alugar vaga no conjugado de baixo da tabela de classificação, mas isso não vale nada, nada, nada quando em campo eles estão contra nós.

Mordidos, vão se duplicar em sua casa para nos dobrar. Das 45 vezes que visitamos o subúrbio cruzmaltino, somente em 13 oportunidades saímos com vitórias. Já desbancamos os tais com empate e charutamos a empáfia alheia que ousou nos desdenhar. E é por conta disso que não há de desdenharmos nós dos adversários. Nos últimos tempos são eles os que mais nos incomodam.

Contra o brigue luso, abramos um pélago profundo! Abel, abre a porta destes mares! É mais que contra o Galo foi. Cada degrau mais alto, mais fica cobiçado por todos o tombo nosso! Sem Sornoza, com Scarpa. Falta e volta… Volta e falta. Então é dúvida a única certeza. Por isso, o dobro da atenção, o triplo da vontade, o infinito da garra… Lá é guerra. Em campo, claro. Fora dele, somos todos um. Noves fora, fora Temer.

Panorama Tricolor

@PanoramaTri

Imagem:cw

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3 Comments

  1. Mais um texto brilhante! Da interjeição inicial, ao apoteótico final. Na plateia, aplaudindo de pé!!!

    1. Obrigado, Vera! Fico honrado demais com aplausos! Ainda mais de pé! Nem mereço esse bravo todo…

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