Botafogo 0 x 1 Fluminense (por Edgard FC)

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Mais um jogo pelo Cariocão 2022, ou menos um, porque a romaria até essa final contra o Flamengo é uma mera formalidade, porém sádica e cruel, pela quantidade de jogos desnecessários até as duas finais (também desnecessárias). Ainda temos de enfrentar duas vezes o Botafogo pelas semifinais, podendo terminar os cento e oitenta minutos sob empate para avançar. É muita coisa.

O Fluminense foi a campo no 5-2-0-3. Embora muitos diziam ser um 3-4-3. Inacreditável, Abel quer que as coisas deem certo por decreto. Não vai dar, não deu, não dará. Ficou nítido após as mexidas, que acabaram por povoar o setor que mais provoca alergia aos treinadores retranqueiros brasileiros, o meio-de-campo. Eles torcem para os jogadores conseguirem um gol à revelia do roteiro que eles mesmos tecem em campo, com suas escalações esquizofrênicas e incompreensíveis.

O Fluminense de Abel Braga não consegue sequer ser uma alegoria para que a nossa gente se apegue a algo e tente ser feliz no abstrato, na projeção mental advinda de quando éramos crianças e sonhávamos ser os jogadores que nos encantavam, nos alegravam. “Há um menino, há um moleque morando sempre no meu coração, toda vez que o adulto balança ele vem pra me dar a mão”. “Pois não posso, não devo, não quero viver como toda essa gente insiste em viver, não posso aceitar sossegado qualquer sacanagem ser coisa normal”

É muita vontade de auto sabotagem, quase uma tara pela pequenez.

A venda de Luiz Henrique, que parece ter aberto a caixa de pandora, tem feito acordar até o mais fúnebre apaixonado tricolor, e essa vibração errada parece mesmo ter abatido os jogadores, porque não é possível que muitos desses atletas não se alinhem ao que pensa qualquer um que, olhando para os jogos, já entende qual time deveria começar as partidas, para que pudéssemos ao menos nos divertir, uma vez que já é quase certo não bater campeão, de nada, mais uma vez.

Ao fim, entraram Ganso, Nonato e Yago para as saídas de Martinelli, Manoel e Calegari e, um pouco depois, Matheus Martins no lugar de Willian, e então o Fluminense passou a jogar algo mais parecido com futebol, trocando passes, articulando até que culminou por criar, após bom giro de passes, a jogada do gol solitário, com assistência de Yago para Arias marcar, o melhor da temporada tricolor.

Inaceitável negar jogar futebol por mais de setenta minutos, e só permitir a torcida ver algo por menos de quinze. Pois durante todo o longo e tenebroso inverno, que foi esse jogo, o Fluminense era uma boca banguela gritando socorro, mas ninguém conseguia ouvir, pois as cordas vocais não estavam ali.

3 Comments

  1. É muito ruim esse sentimento, de não conseguir ficar feliz nem quando ganha… sigo nesse expresso da agonia!

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