As bombas-relógio que Roger deixou estourar (por Aloisio Senra)

Tricolores de sangue grená, os dois pênaltis ignorados pelo soprador de apito e a expulsão não dada para o zagueiro adversário, lances que poderiam mudar os eventos da decisão do estadual nesse sábado, acabaram empalidecendo em importância diante da inexpressividade da atuação do Fluminense no primeiro tempo, onde conseguiu a façanha de, numa final de campeonato, ter zero finalização. Como eu posso reclamar da arbitragem se o time não joga, não se ajuda, não compete e não disputa, apenas participa? No segundo tempo ainda deu pra equilibrar, e o jogo acabou sendo 1 x 1 nessa etapa. Todavia, os dois gols sofridos nos primeiros quarenta e cinco minutos acabaram sendo por demais decisivos, e não havia como, esportivamente, reconhecer que haveria qualquer merecimento em uma vitória do Fluminense. As falhas de Marcos Felipe acabaram sendo potencializadas pela péssima atuação da equipe, oriunda do péssimo trabalho de Roger Machado, que deveria ter sido demitido no vestiário.

Os problemas se repetem e Roger não sabe o que fazer para resolvê-los. Não ganhamos nenhum dos jogos difíceis disputados no ano – ou empatamos ou perdemos. Independiente Santa Fe, lanterna do grupo e que conseguiu a façanha de perder do River Plate todo desfalcado e com um volante lesionado no gol, foi a única vítima do Rogerball na Libertadores. Nenhuma atuação de fato convincente nas partidas mais difíceis. O melhor que produzimos foi, talvez, o segundo tempo contra o River Plate, e só. E isso foi antes da maratona de jogos começar a pesar de fato. Hoje, com o time desgastado, jogando sempre a meia bomba, esse 4-2-4 maluco do Roger não tem como dar resultado. A insistência com Nenê é um tapa na nossa cara. Toda vez que ele sai, o time volta ao 4-3-3 e consegue subir um pouco de produção, mas aí os volantes já estão extenuados e erram com frequência. Dessa forma, a defesa fica mais exposta, e os zagueiros, que antes eram impecáveis, passam a falhar também. Os laterais acabam seguindo na mesma toada, o que faz com que o goleiro seja mais testado. E, se ele não for um extraclasse, vai acabar falhando mais que de costume.

Não estou aqui defendendo o Marcos Felipe. Falhou seguidamente e num jogo decisivo. Só isso já lhe renderia o banco. O que também geraria uma escolha difícil, optando por um veterano que foi pra reserva por razões parecidas ou por um garoto que ainda não foi testado o suficiente. E, olhando para o elenco, temos algo parecido em muitas das posições. Com os titulares mal, as opções para a posição são jogadores de nível mais fraco, incertezas ou garotos, com algumas óbvias exceções que já cansei de pontuar aqui. Dessa forma, uma questão importante se levanta: será o trabalho do Roger fraco ou as peças é que não são as ideais? E se não são as ideais, por que Roger as aceitou? Vejam, tudo espirra na incompetência do Roger para resolver problemas. Não são só as substituições de sempre que denotam isso, mas as bombas-relógio que ele deixou estourar sem tentar nada de diferente num planejamento a longo prazo. A lateral-esquerda é um exemplo; a cabeça de área é outro; centroavância, idem. A volância acabou sendo um problema a partir do momento que ele montou o esquema. Deveria prever o que iria acontecer. Liberou o Michel Araújo, que poderia oferecer opções táticas ao time, enquanto os pontas fazem seguidamente partidas pavorosas e Caio Paulista aparece como solução.

Enfim, hoje estão mal, por baixo, Marcos Felipe, Egídio, Danilo Barcelos, Luccas Claro, Calegari, Martinelli, Yago, Nenê, Kayky, Luiz Henrique e Bobadilla, e isso porque não dá pra avaliar muito mais do elenco, já que ele usa quase sempre os mesmos jogadores. É muito difícil manter um nível aceitável de competição com tantas peças em baixa. Mas muito se deve ao desgaste gerado tanto pela maratona de jogos quanto pelo esquema. Só que os jogos em sequência eram previsíveis. Os calendários eram conhecidos há bastante tempo. Assim, não foi feito um planejamento decente. Ao liberar Michel Araújo e não trazer para o elenco Jefté, Marcos Pedro, Matheus Martins e Metinho, e não dar mais oportunidades a André e João Neto, só para citar alguns, Roger deixou de descobrir novas soluções. Sentou em cima das promoções de Biel e Kayky e achou que já era o bastante. Não foi. Os números frios mostram Roger com três derrotas apenas à frente da equipe, mas os tricolores que acompanham o time em todas as partidas sabem que as estatísticas mascaram os problemas. Copa do Brasil e Brasileirão vêm aí, bem como as oitavas da Libertadores (esperamos) ou da Sula (argh). O nível de dificuldade vai subir e não acho que Roger consiga fazer o time melhorar a ponto de manter um nível aceitável. Terça (talvez) será provavelmente sua última chance para mostrar algo de diferente. Espero que aproveite.

Curtas:

– Sim, chegamos ao desespero. Se Luiz Henrique não fosse tão sanguessuga e sem vontade, eu começaria a testá-lo na lateral esquerda, mas já acho um bom negócio botar Samuel Xavier lá (ou Julião) pra ver se rola.

– Contra o River, eu entraria com Pedro Rangel (Marcos Felipe), Samuel Xavier, Nino, Luccas Claro e Julião; Wellington, Martinelli, Yago e Cazares; Fred e Caio Paulista. Já que a ideia é segurar um tempo de jogo pra matar no segundo, ao menos que faça isso direito. É muito mais fácil controlar o jogo com três volantes, sendo que Martinelli tem alguma qualidade, que com o esquema atual. Caio Paulista é o cara da velocidade e da intensidade que Fred não tem mais e pode complementar o nosso veterano artilheiro no primeiro tempo. No segundo tempo, aí sim, os garotos podem entrar.

– Não sei quantos jogadores o River vai ter à disposição para a partida, mas espero que ela não seja adiada, caso contrário, o prejudicado será única e exclusivamente o Fluminense. É de se lamentar os casos de COVID no elenco do time argentino, mas não ter inscrito os 50 atletas permitidos foi um gesto de incompetência da diretoria deles. O Fluminense não tem nada a ver com isso.

– Quase ninguém está falando nisso, mas sábado começa o Brasileirão. Pegamos logo o São Paulo fora de casa. O time de Crespo está jogando um bom futebol e não vai ser nada fácil sair com um resultado positivo, principalmente considerando as últimas atuações da equipe.

– Embora eu saiba que Roger não será demitido agora, por mim ele seria. Não há nada que ele tenha feito até agora que Marcão não tenha demonstrado que faz melhor. Eu, que pedi a demissão de Marcão quando o Fluminense bambeou após a saída de Odair, não consigo enxergar no Fluminense atual um trabalho melhor que o realizado pelo auxiliar. E ele não teve o luxo de treinar a equipe por três meses.

– Palpites para as próximas partidas: River Plate 0 x 1 Fluminense; São Paulo 1 x 1 Fluminense.

1 Comments

  1. Concordo com o time escalado por você em parte, pois colocaria o Egídio na esquerda. ST

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