Bipolaridade (por Marcelo Vivone)

“Bipolaridade é uma doença em que a pessoa sofre episódios de humor extremos seja de alegria ou de tristeza (que pode muitas vezes levar a depressão)… Também há vezes que a pessoa assume duas personalidades, como se houvessem duas pessoas dentro de uma…”

Fonte: Wikipedia, http://pt.wikipedia.org/wiki/Bipolaridade

Não encontro melhor substantivo para definir o que foi o time do Fluminense no jogo de quarta-feira. Somente um time com algum transtorno, nesse caso, o bipolar, pode ter atuações tão distintas de um tempo para o outro de uma mesma partida.

Realizamos um 1º tempo arrasador. Massacramos o adversário, impusemos nosso futebol, marcamos pressão no campo adversário, enfim, não deixamos o time chileno respirar. Foi tamanha a superioridade que se tivéssemos ido para o intervalo com o placar de 5×0, nem o time adversário iria reclamar.

Mas aí veio o 2º tempo. E com ele, o velho e irritante toque de lado e inúmeros erros de passe, quesito em que o “querido” Edinho é mestre. Mais uma vez, ao obter a vantagem no marcador, o time abdicou de jogar e mostrou a já conhecida morosidade e falta de vontade tantas vezes vista pela torcida nesse ano. Nesse 2º tempo, novamente, vimos um time sem tesão de jogar bola e aniquilar o adversário.

E nesse ritmo conseguimos o que parecia impossível para quem viu o primeiro tempo, mesmo que esse alguém seja um ET que nunca ouviu falar de futebol e que resolveu fazer contato com a Terra na quarta, no horroroso estádio de Engenho de Dentro.

Vou tentar explicar a minha sensação ao final do jogo em palavras, embora nem o conjunto de todas elas possa realmente representar o que esse time me fez sentir: frustração, decepção, raiva, depressão, ojeriza, humilhação e vergonha. Talvez a soma de todas elas chegue perto do meu sentimento à meia-noite de quarta.

Desculpem aqueles que acham que devemos sempre elogiar o time e o Abel, seja qual for a circunstância, mas é uma vergonha o Fluminense, com o time que tem hoje, empatar com o time chileno, ainda mais jogando em casa e mais ainda nas circunstâncias do jogo de quarta.

Resultados como o do último jogo, somados à derrota para o Vasco e a toda a péssima campanha do 1º turno do carioca, fazem-me tentar entender o que mudou do elenco campeão do ano passado para o desse ano.

Fica mais fácil de fazer uma análise dos 3 setores da equipe separadamente. A zaga é fraca hoje como sempre foi desde 2010. Mas então, por que tantos gols sofridos e tantos erros individuais? Porque esse ano o time está menos compacto e o meio de campo está fechando menos a sua frente. Edinho (um mistério para mim o motivo de sua escalação) está cada vez mais lento e cumprindo menos o seu papel de ajuda à nossa retaguarda. Com mais espaços sobrando para os zagueiros, a grande limitação técnica e de inteligência que temos nesse setor tornam-se mais evidentes e preocupantes.

No meio campo, há muito tempo jogamos praticamente com menos um jogador, o já citado Edinho (isso quando o Diguinho não está em campo) e temos o Deco que ainda não conseguiu entrar em forma. Como nosso maestro apresentou-se da volta das férias machucado, não pôde participar da pré-temporada e está tendo que cumpri-la durante a própria temporada.

Com a inoperância do nosso cabeça de área e a momentânea pouca efetividade do Deco, Jean está sobrecarregado e não está conseguindo executar suas funções conforme o fez no ano passado. Tem sido um jogador somente razoável e tem errado muitos passes.

Na frente, considero que estamos vivendo o grande problema do ano, sim, pois a zaga não é um problema do ano, é um problema crônico que a diretoria e o Celso Barros teimam em não resolver. Não citei o Abel porque desse eu já perdi a esperança de surgir um movimento em relação à contratação de zagueiros. Pra ele nossa zaga é de alto nível, as atuações do Anderson são maravilhosas e o Gum é Thiago Silva do setor no time atual.

Fomos campeões ano passado porque o ataque foi altamente competente. Tomamos pressão em muitos jogos, mas tínhamos o Cavallieri salvando lá atrás e o Fred matando na frente. Esse ano nosso ataque não está com os índices de acerto muito inferiores ao da campanha vitoriosa de 2012. Quarta-feira, mais uma vez, parecido com o que ocorreu contra o Vasco, nosso time se impôs, principalmente no 1º tempo, e perdeu vários gols dos chamados “imperdíveis”. Estamos pecando muito na finalização ou no último passe. E quarta quando acertamos, o goleiro do time chileno conseguiu salvar. Fred está vivendo uma fase não muito feliz, o que é natural para qualquer atleta, seja qual for o esporte. Mas, muito por conta disso, estamos deixando de ser cirúrgicos no ataque (como gosta de jargões esse mundo do futebol).

Espero muito que todos no clube utilizem esses 11 dias para corrigir o que precisa ser corrigido e que comissão e jogadores levem a sério os treinamentos. O time tem deficiências já conhecidas por todos (parece que menos pela diretoria e pelo técnico), mas não é possível um desnível tão grande em relação ao ano passado. É aproveitar esse período de treinamentos para se preparar melhor e reencontrar os caminhos da vitória. É óbvio que nada está perdido, é só olhar para a tabela, mas do jeito que a coisa encaminha-se, se não houver uma grande sacudida no clube, a Libertadores infelizmente estará perdida em breve.

Rápidas:

–        Diretoria e Celso Barros continuam satisfeitos com a zaga?

–        Abel – bola dentro: pelo menos, dessa vez mudou o discurso pós-jogo e admitiu que o empate (ou derrota) é culpa de todos. Talvez a mudança do discurso tenha sido uma maneira de tentar segurar o cargo, mas pelo menos houve a mudança.

–        Abel – bola fora: falar que o time jogou 13 jogos em 43 dias é mentira. Os titulares jogaram 2 ou 3 partidas no carioca e 4 na Libertadores.

–        O que faz o Edinho em campo?

–        Não há injustiça no futebol. O time não foi competente para matar o jogo.

–        Declaração do Thiago Neves: “O empate está bom porque hoje a gente é líder. Só depende da gente”. Eu pergunto: por que não te calas?

–        Grêmio, Vasco e agora Huachipato. Sei não, mas se eu fosse presidente do Íbis faria contato com o Fluminense para marcar um amistoso.

–        Quem foi ao estádio está de parabéns, quase nota 10. Apoiou o time durante todo o jogo (somente algumas vaias já no final para o Edinho, mas ninguém tem sangue de barata) e vaiou no final. Só não ganhou 10 porque tinha que ter vaiado mais após o apito final.

–        Por favor, Celso Barros. Renato Gaúcho não!!

Marcelo Vivone

Panorama Tricolor

@PanoramaTri

12 Comments

  1. Caro Vivone,

    Muito boa sua análise.

    Porém, não creio que deva se encher de esperança de que as coisas vão ser acertadas neste período de 11 dias sem atuar.

    Acaba de rolar no facebook que os jogadores do Fluminense, aqueles mesmos que fizeram aquele papelão no segundo tempo do jogo contra a “potência” do Huachipato ganharam folga até segunda à tarde!

    Se for verdade é RIDÍCULO, INADMISSÍVEL! Um time que está precisando treinar para consertar vários erros que teimam em ocorrer em 2013, se dá ao luxo de prolongar o descanso daqueles que pouquíssimo atuaram este ano e quando o fazem, fazem de maneira esdrúxula!

    Lamento, mais o futuro parece ainda mais sombrio no Reino do Laranjal.

    ST, Luiz.

    1. Marcelo Vivone responde:

      Valeu, Marcio Rocha. A gente sempre reclamando né… rsrs

  2. Excelente post!! Gosto muito do seu estilo e sabe pq?! Porque vc fala “na lata”, não fica criticando quem critica o time; não fica tampando o sol com a peneira; não fica defendendo o indefensável; e, acima de tudo, tem a coragem de dizer que SE TUDO CONTINUAR ASSIM, A LIBERTADORES VAI PRO ESPAÇO! Todos nós, tricolores, queremos sempre o melhor pro clube, não acredito que exista essa palhaçada de tricoleba, que torce contra o time, pois quem torce contra pra mim é adversário, e não torcedor tricolor. Mas, críticas construtivas sempre foram e sempre serão bem-vindas pois quem as faz, só o faz para ver a coisa melhorar, e nunca para afundar mais. Se as coisas estão indo de mal a pior, àquele que torce contra basta ficar calado, ou tecer falsos elogios, pro barco afundar de vez. Por isso, brado: CHEGA DE SOBERBA, DE DISPLICÊNCIA, DE INDOLÊNCIA!! Que o campeão retorne JÁ!!! ST!

    1. Marcelo Vivone responde:

      Andrei,

      Mais uma vez seus comentários estão perfeitos. Cada um tem sua opinião, a minha é de que é muito ruim para o clube esse negócio de divisão de torcida. Quanto ao momento que vivemos, acho que nem o mais otimista dos torcedores tem como dizer que está tudo bem. Ao meu ver, o papel do torcedor é sempre o de apoiar, elogiar o que está bom, mas é muito importante também a consciência de fazer críticas construtivas para o crescimento do time.

      Um abraço.

  3. Vivone, mais uma vez, ótima coluna.

    Uma pergunta pra quem tem boa memória aí: a pré-temporada durou quantos dias? Teria sido mais ou menos dias desde que o Deco começou a jogar este ano?

    Pergunto isso porque me parece que está demorando muito pra ele entrar em forma, não? Tá fazendo muita falta. E aí, derivando a partir disto, levanto uma bola aqui e gostaria muito de estar certo (ou não… vai saber…), que seria em relação à preparação física: teríamos no elenco alguns jogadores fora da sua melhor forma? Poderia esta ser uma das causas da falta de “tesão”, como vc sabiamente colocou?

    Aproveito pra fazer uma certa justiça e elogiar a atuação do TN neste último jogo. Em relação a ele, tomara que eu tbém queime a minha língua.

    Abs,
    André.

    1. Marcelo Vivone responde:

      André,

      Não sei se ele já passou do tempo da pré-temporada. De qualquer maneira, como ele já é um jogador mais velho, é natural que demore mais tempo para entrar em forma. O problema é que o histórico é de entrar em forma e machucar. Aí vira um ciclo vicioso. E lamento muito se for verdadeira a história de que ele se apresentou contundido por conta de jogar várias peladas de fim de ano. Mas não sei se isso é uma verdade.

      Não sei se os jogadores estão fora de forma, mas nos 2 últimos jogos o 2o tempo foi bem abaixo do 1o.

      TN eu acho que aos poucos tá recuperando o futebol que ele tinha esquecido num passado distante.

      Um abraço.

  4. FORA JACKSON VASCAÍNO!
    FORA JACKSON VASCAÍNO!
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