Barros, Siemsen, Caetano, Luxa e a lambança (por Marcus Vinicius Caldeira)

LUXA 20 10

A lambança

No momento que este texto for ao ar, pode ser que Luxemburgo não seja mais treinador do Fluminense.

Mas, se ele será ainda o treinador ou não, já não interessa mais.

A lambança dentro e fora de campo esta semana já foi feita.

Uma semana triste para a história recente do Fluminense, comparável à farra dos ingressos da final da Libertadores.

Tentarei relatar aqui baseado em tudo o que vi e ouvi.

A realidade pode ser outra porque temos um mecenas lunático e egocêntrico que, em um ano despeja mais de 70 milhões no clube, e no outro não solta um tostão resolvendo recuperar alguma grana investida, sem a mínima preocupação com os problemas de qualidade detectados no elenco, numa total falta de compromisso com o clube.

Por outro lado, temos um presidente que, reconhecidamente e com muito esforço, luta pelo fim das dívidas do Fluminense e para levar o clube à estabilidade financeira – e por isso terá meu voto -, mas que terceirizou o futebol ao mecenas e, por isso, não tem poder de decisão algum sob o futebol do clube.

Contudo, no futebol e no Fluminense há muito mais coisas no ar que a vã filosofia pode explicar.

Vamos lá!

27 de outubro de 2013

O Fluminense entra em campo para jogar contra o Vitória no Maracanã com Luxemburgo, que já estava na sexta partida sem vitória – Abel foi demitido por perder cinco seguidas –, escalando o time com quatro volantes e Igor Julião na esquerda. O final já sabemos qual foi.

28 de outubro de 2013

O grupo político Flusócio, do qual o presidente Peter Siemsen foi membro e é um dos grupos que  dá sustentação a ele no conselho deliberativo, solta um texto no seu blog exigindo, corretamente, a demissão do treinador. A contratação do Luxemburgo nunca foi digerida pelo grupo e é notório e sabido que não era o nome do presidente. Foi uma imposição do mecenas.

Neste dia, com o elenco em folga, começa a pipocar pela imprensa e redes sociais uma reunião para decidir o futuro de Luxemburgo. Peter estaria disposto a demiti-lo, segundo as informações. Começa o disse-me-disse na imprensa e nas redes sociais. A diretoria calada!

29 de outubro de 2013

Nada decidido, continua o falatório e setores da imprensa já noticiam a demissão do treinador. De fato, houve a reunião. Quando todos já davam como certa a demissão do treinador, eis que o mesmo entra em campo para treinar o time. Não acontece nada além de um treino físico. Para um time à beira do abismo, um treino físico em um quarto de dia me parece muito pouco!

Vou ao clube para jogar tênis. Uma reunião ainda acontecia no Fluminense envolvendo Peter, Jackson Vasconcelos e Rodrigo Caetano. Membros da Flusócio tristes e atônitos com a não-decisão do presidente em relação à demissão do treinador.

Eis que, do nada sai o presidente, vindo da reunião sorridente e tranquilo.

Depois disso, o zum-zum-zum no clube é que ele teria dito que já estava decidida a demissão, a ser anunciada pela manhã e que um novo treinador chegaria na quinta de viagem, vindo para unir o grupo. Como falei, pode ser que quando este texto for ao ar, isso aconteça mesmo. Vá saber…

À noite, a imprensa volta a confirmar a demissão de Luxemburgo do cargo.

A diretoria pelo segundo dia consecutivo, calada!

31 de outubro de 2013

Dia de treinamento em tempo integral.

Peter Siemsen vai à Brasilia para fechar o acordo para a volta do Fluminense à Timemania. A anunciada demissão de Vanderlei Luxemburgo não sai. Parte da imprensa coloca uma série de erratas e desculpa-se com os seus leitores. Os que acompanham de perto e sabem que a história da demissão é verdadeira – ou foi propagada como verdadeira nas internas do clube – ficam atônitos, inclusive eu.

O blog da Flusócio continua com seu mesmo post do dia 28 exigindo a saída do treinador. Dificilmente eles ficam mais de dois dias para postar algo novo lá. Sinal claro que estão esperando uma definição da confusão para se pronunciarem.

Pode ser que, na hora que este texto esteja no ar, eles tenham publicado algo em função do que possa ter acontecido nos últimos momentos! Surreal.

Epílogo

Sinceramente, pouco interessa mais o que vai acontecer, embora continue achando que o melhor é a demissão do Luxemburgo e gostaria muito da volta do Abel, até como mea-culpa.

Mas a realidade é que um clube que caminha a passos largos para um rebaixamento depois de ter conquistado dois campeonatos brasileiros nos últimos três anos não pode se dar ao luxo de viver uma véspera de clássico com um treinador demitido senão de fato, moralmente e com treinos à meia-bomba.

No mínimo é uma irresponsabilidade, uma falta de compromisso com o objeto-fim do clube, o futebol , e um desrespeito abissal com o torcedor.

Todos são culpados. Todos!

O principal culpado é Celso Barros que, no alto da sua fogueira das vaidades, não tolera ser contrariado. O presidente é Peter, que foi eleito democraticamente pelos sócios do clube, que pertence a um grupo político legitimado nas urnas e que entende que o melhor para o clube é a demissão do treinador. Fato! Clube sério, patrocinador não opina, deposita a grana no fim do mês.

Peter tem culpa também. Se for pra uma reunião pra demitir, que o faça sem medo das consequências. O dono da caneta é ele. E teria respaldo da torcida que odeia o treinador.

Mas, sem dúvida nenhuma, o pior de tudo é o silêncio sepulcral dos que comandam o clube. De todos eles!

Nenhuma coletiva para dizer o que está acontecendo. Vão se esconder no cinismo de que nunca falaram no assunto da demissão ou não-demissão, vivendo um “incrível mundo de Bob” como se nada disso tivesse acontecido. Ridículo! Abominável! Inadmissível!

Se não formos rebaixados, será por demérito dos outros!

Este ano foi feito tudo pelos que comandam o futebol para que o clube caminhe para o quarto rebaixamento.

A assinatura de um possível rebaixamento tem nome e sobrenome: Celso Barros.

Mas, inegavelmente, com a chancela do presidente.

Oxalá, eu esteja errado!

A azia corrói meu estômago!

Vou vomitar!

Do outro lado Deley, Julio Bueno, Horcades e “a volta dos que não foram”!

Deus salve o Fluminense!

Não acredito em Deus!

Panorama Tricolor

@PanoramaTri @mvinicaldeira

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14 Comments

  1. Parabéns pelo texto Caldeira!
    Você expressou o que alguns tricolores pensam.Penso que planejamento funciona quando é discutido e respeitado por todos ,parece que não é o que acontece.Todos dizem o que o sr CB é um tricolor apaixonado,mas age mais como um mecenas que por ser o dono da grana não aceita nada que a sua vontade,e claro que deseja retorno,só que injeta recursos e tira momento em que deseja(pelo menos é o que parece).

    *** Service disabled. Check access key in CleanTalk plugin…

    1. A gestão precisa trabalhar – e acredito que trabalhe – para pelo menos melhorar esta correlação de forças e um dia termos a liberdade para decidir se ficamos juntos com eles ou não.

  2. Gostei e muito do seu texto. Parabéns!
    Que triste ano para o querido Flu.
    Que esses caras consigam vencer à molambada, nos dando
    uma alegriazinha esse ano, e por fim, escapar do descenso.
    ST4

  3. Segundo esclarecimento,

    Não somos “a” base de sustentação no Conselho, ela é formada por uma composição de grupos, visto que não somos maioria. Apesar da Flusócio ser hoje disparado o maior grupo político dentro do Fluminense, não tem representatividade proporcional no CDel por conta das composições das eleições 2010. Somos aguerridos, mas não maioria hoje dentro do Conselho, portanto não sustentamos sozinhos a gestão. De resto, um bom post mesmo com esse cenário não claro. Abs

    ***…

  4. Marcus, só para esclarecimento,

    Peter não é sócio-fundador da Flusócio. Criamos uma lista de discussão em 2003 e viramos grupo político formal em 2006. Peter entrou no grupo em 2008 e saiu imediatamente após eleito, conforme todos achamos melhor. Claro que temos uma ligação forte e relação de confiança.

  5. Perdão pela picardia Caldeira,
    mas só engole sapo assim, quem está comendo a perereca, e o marido corno (nós!); noc, noc, noc…, tem alguém em casa?

    ST

  6. Peter pode até ser um excelente presidente para as dívidas.
    Mas permitir que o futebol seja terceirizado e, na eleição, se associar a outros grupos políticos que eram, no mínimo, parte do antigo Flu é erro crasso! Mantem parte da política que deve ser rompida.
    A sensação que tenho é de que o presidente não manda nada!!
    Em momentos como este temos que ser fortes para brigar contra o que nos escraviza.
    CB nos permite ficar acomodados e nos faz de gato e sapato!

    *** Service disabled. Check…

    1. Quem errou foi o Peter e não os grupos políticos associados a ele! Refugou da demissão do Luxemburgo por conta própria!

  7. Lindo texto, falou tudo o que eu penso, porem como eu não moro no Rio, vejo essa miscelânea de noticias falsas de proposito, para desmoralizar o Presidente, Peter e o Clube! E com todos esses acontecimentos a oposição “deita o cabelo” !

  8. Se vc tiver tempo entre nesse site : http://sempreflu.com.br e clique no título :
    Como Humilhar Um Técnico E Um Clube.
    Basicamente igual ao que vc escreveu, só que foi ao ar ainda ontem.

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