Barcelona etc. (por Marcelo Vivone)

Na terça-feira tive a oportunidade de ver o jogo entre Barcelona e Milan. O prazer ficou todo por conta de ver o time catalão jogar. Isso sim é futebol moderno sem abrir mão da qualidade individual, característica tão importante para a conquista das vitórias. O Barcelona deu uma aula de como aliar a técnica, a tática e o espírito de luta. Foi um time que procurou massacrar o adversário durante toda a partida sem dar tempo para o adversário tentar uma recuperação.

E pensar que nas últimas 3 semanas o Barcelona havia virado um time comum, utilizando-se de um esquema já conhecido e bem marcado pelos adversários, em especial pelo próprio Milan no jogo em Milão.

Mas o Barcelona reinventou-se, ou pelo menos voltou a ter a dedicação e a competência da época em que seu treinador era Pepe Guardiola. O futebol altamente ofensivo praticado pelo Barcelona e a contrastante covardia exibida pelo Milan deixaram mais uma a lição para o mundo do futebol de que a covardia e o medo de perder geralmente são punidos com a própria derrota e de que a ousadia é recompensada no final.

Como sempre repito, mesmo nas vitórias e nos times vitoriosos há sempre o que ser melhorado. No caso do Barcelona, a defesa é seu ponto fraco, muito aquém dos setores de meio de campo e frente. As bolas aéreas são sempre um desespero para o torcedor catalão e o fraco Mascherano improvisado na zaga destoa do restante do time. No jogo de terça ele cometeu uma grave falha individual em bola que o Milan acertou a trave do Barcelona.

Messi é incontestavelmente o melhor do jogador do mundo e parece que o continuará sendo durante várias temporadas mais, mas quem eu mais gosto de ver jogar no time do Barcelona é o André Iniesta. Que jogador é esse centro-campista, que trato refinado dedica à bola e com que inteligência exerce a sua profissão. O futebol agradece muito a sua presença nos gramados da Europa.

Um jogador menos badalado, mas de fundamental importância para a consistência que tem o time do Barcelona é o cabeça de área Sérgio Busquets. Esse jogador exerce com muita qualidade o papel de um autêntico jogador do setor. Tem uma categoria elevada com a bola nos pés, o que propicia uma saída de bola com qualidade, e tem mobilidade para cobrir com segurança a subida dos laterais, principalmente no caso do Daniel Alves, que em determinados momentos da partida joga quase como um ponta.

Guardadas as devidas proporções, gostaria de fazer algumas comparações entre o melhor time do mundo e o nosso Fluminense. Sim, atrevo-me a fazer comparações com o Barcelona, pois acho que sempre devemos tomar como exemplo aqueles iguais ou de preferência superiores a nós em termos de qualidade, seja qual for o assunto ou setor da vida. Alguns gostam muito de comparar o Flu atual com o dos 10 ou 15 (do final dos anos 80 e de todo a década de 90) anos negros da nossa história, principalmente quando são feitas críticas ao técnico ou ao time do presente. Eu não pertenço a esse time, pois não vejo no que isso tem a acrescentar para o crescimento do elenco atual, o que é sempre o que persigo.

Como o Barcelona, o Flu vive um momento (pontual, é bom que se diga) de queda de qualidade e de vontade. Nossa pouca variação de jogada está mais do que manjada e marcada pelos adversários e também precisamos nos reinventar se realmente almejamos o título da Libertadores. Espero que assim como o Barcelona a volta por cima seja dada.

Aí vem uma questão que gostaria de discutir. Primeiro discordo da folga de 2 dias que foi concedida aos jogadores. Mas, esquecendo isso, por que realizar durante toda a semana que ganhamos de folga treinamentos em um período (somente 1 dos 5 cinco dias é de treinamento integral) e, pelo que foi noticiado, em 1,5 horas somente?

Achei que a semana de treinamentos seria utilizada para aperfeiçoar a parte física e treinar (muito) os fundamentos. São muitos, inúmeros, os erros de passes, cruzamentos, posicionamento etc., para que se treine tão pouco. Não imagino como com essa pouca carga de trabalho os erros sejam realmente corrigidos. A impressão que tenho é que aproveitamos muito mal um tempo precioso para voltarmos a praticar um futebol de bom nível.

Na comparação entre os times, sempre guardando as devidas proporções, nosso time também tem no setor defensivo seu ponto fraco. A diferença nessa questão é que a nossa zaga toda é muito ruim. No Barcelona, Piqué e Puyol formam uma boa dupla, mas em muitos momentos decisivos um deles pelo menos tem ficado de fora e o nível cai muito. A dificuldade que nós temos tido no ano na bola aérea (característica tão forte no ano passado com os mesmos jogadores do time atual) tem sido por erro de posicionamento ou falhas individuais, já no caso do Barcelona, fica por conta da baixa estatura do restante do time.

No meio campo e ataque é até triste tentar comparar o Edinho com a descrição que fiz acima do Busquets. É melhor pular essa parte. Nenhum time do mundo tem um trio de jogadores como tem o Barcelona, com Xaves, Iniesta e Messi. O Flu conta com jogadores de muita qualidade, como Jean, Deco e TN, mas claro, estamos bem abaixo do trio catalão. Mas com esses 3 jogadores do nosso time em forma nossas chances de sucesso na Taça Libertadores aumentam muito.

Na frente, arrisco-me a dizer que não fosse Fred um jogador muito suscetível a contusões e já numa idade avançada para ser contratado pelo Barcelona, ele seria o jogador ideal para compor a frente com o Messi. Hoje o Barcelona carece de um jogador de área e no jogo de terça quem cumpriu essa função foi Davi Villa, que não tem essa característica de homem de área. No Fluminense estamos muito bem-servidos nesse setor, com Fred e Nem.

Rápidas:

    • Muitas contusões na semana de treinamentos: TN com lesão grau 2 na panturrilha, Wellington Silva com fratura no pé e Deco sentindo o joelho;
    • Teste para o time somente no clássico do carioca ou no jogo contra o Grêmio. Antes desses confrontos a vitória é obrigação e somente poderemos ter uma perspectiva de melhora (ou não) da equipe. Já que o time pouco treina, que esses jogos sejam utilizados também para corrigir os erros;
    • A derrota do Grêmio tem 2 facetas: boa, se pensarmos que continuamos líderes do grupo; ruim, se pensarmos que, em caso de insucesso no jogo contra o Grêmio, provavelmente jogaremos a última partida em casa com a pressão de ter que vencer;
    • O jogo contra o Grêmio ganhou ares de final de campeonato. Temos que estar mais do que bem preparados e entrar com a garra do ano passado;
    • Má notícia: Anderson em fase final de recuperação. Em breve estará de volta.

Marcelo Vivone

Panorama Tricolor

@PanoramaTri

5 Comments

  1. Eu concordo com o seu texto.
    O Digão deveria ser experimentado como volante, a meu ver, rende muito
    mais do que na zaga. Mas o Abel não o usa.
    Fazer o quê?!

  2. Boa comparação. Acho que o Flu vai ressurgir, de repente.
    Recomendo aos fisioterapeutas não se dedicarem muito na recuperação do Anderson. Melhor deixar o cara mais tempo fora. Atrapalha.
    Anota aí: o Flu não perde do Grêmio, nem a pau. Empate é meu palpite.

    1. Marcelo Vivone comenta:

      Jorge,

      Nossa torcida, é claro, é por uma vitória. Mas o empate já é bom resultado.

      Um abraço.

    1. Marcelo Vivone comenta:

      Lennon,

      Já que o técnico gosta dele, a gente tem que fazer esse papel ridículo de torcer pro cara ficar machucado.

      Um abraço.

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