Assis 83 (por Paulo-Roberto Andel)

Lá vem o Benedito.

Passos gingados, elegância de malandro da Lapa dos tempos idos.

Humildade de monge. Categoria e dignidade.

Era o passe do craque Delei, os flamengos já gritavam “é campeão” a plenos pulmões.

O Benedito ajeita a bola pela direita, domina, adentra a grande área. Acontece um silêncio de morte nas arquibancadas, o mesmo que seria vivido em 1995.

Então chuta baixo, rasteiro, meio do gol.

Raul Plassmann, o goleiro que se notabilizou por uma grande carreira  – e também por ter dito numa entrevista que não gostava de jogar futebol -, atirou-se para a defesa.

A bola passa ao lado de seu pé direito. E morre lentamente no fundo das redes à direita das cabines de rádio do Maracanã.

Então o Benedito pula que nem um maluco beleza, incontido e feliz.

Os flamengos acusam o óbito.

Fim de jogo, o Fluminense alijou o grande rival do título.

No banco de reservas, o traidor Claudio Garcia mergulhava no fel da desgraça: havia deixado Laranjeiras no dia seguinte à conquista da Taça Guanabara para fazer juras de amor à Gávea.

Percebam: o gol do Benedito não foi apenas o caminho de uma decisão. Isso, o Fluminense já tinha muitas na cachola.

Foi muito mais, foi a primeira página do livro dos dias de glória de uma década. E se repetiria no ano seguinte, fazendo do nosso camisa 10 o único jogador da história do Maracanã a eliminar um grande clube de dois títulos consecutivos.

Parece que foi ontem. Vinte e nove anos.

Benedito de Assis está condenado à eternidade.

Rei do Fluminense, imperador das decisões, o Carrasco.

Adjetivos não são suficientes para descrevê-lo. Como traçar linhas sobre um craque imortal?

Benedito de Assis, obrigado por ontem, hoje e todo o sempre.

Paulo-Roberto Andel

Panorama Tricolor

Colaboração de Eugênio Castro

Contato: Vitor Franklin

4 Comments

  1. O mais legal é ver a comemoração do Assis. Nada de dancinhas idiotas, apenas a emoção. Nem ele acreditava no que estava acontecendo. Lindo demais. Eu era novo e não pude ir ao Maracanã. Mas ouvia pelo rádio e os colegas já me sacaneavam pela eliminação do Flu…

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