Adeus, ano velho (por Edgard FC)

“Adeus ano velho, feliz ano novo”. Assim diz uma cantiga desse período do ano em que desejamos boas entradas, boas festas, prosperidade no ano novo que iniciará em algumas horas, enquanto a maior parte de nós estará embriagado e a comemorar ao lado de pessoas queridas, ou não.

Assim também é a vida do Fluminense e sua torcida: sempre a esperar que o novo ano traga novas possibilidades e se desenhe melhor frente ao ano que se encerra. Mas tem sido uma agrura a nossa saga de crer que, daqui pra frente, tudo será diferente; que novos ventos tragam melhorias e conquistas, quanto mais em um ano de eleição no clube, em que tradicionalmente ocorre um maior ‘esforço’ por conta dos interesses políticos em criar na cabeça da gente tricolor uma sensação de que ‘agora vai’.

Mas vai mesmo?

Se vai, vai aonde? Em busca de quê?

Como vai? De que modo?

O que temos visto, entra ano sai ano, é uma eterna ciranda, como um cão alegre a brincar de mordiscar o próprio rabo em movimento, às vezes aumentando o ritmo, mas em poucos segundos cansando, tonto, até a queda no lugar e a volta à calma.

Algumas práticas que já se tornaram padrão voltam a acontecer: buscam uns dois nomes de medalhões em fim de carreira, que vêm para fazer parecer que o Fluminense pensou grande, uns dois ou três ‘destaques’ por aí afora, valores pagos de forma absurda a algum jogador totalmente questionável e finge brigar para trazer jogadores que tem propostas de outros grandes clubes. Mas fica só no disse-me-disse, como um conto natalino, ou um faz de conta que (não) acontece.

O importante é que as esperanças são renovadas, a ideia de atrair energias positivas e afastar as ‘bad vibes’ se intensificam. Novos votos são renovados, de novo e de novamente; atualiza-se as bases do que é torcer a favor e do que é torcer contra; voltam as vozes dos senhores da razão, que aos gritos e pitis vociferam “espera jogar primeiro para depois criticar”; ou então “se jogar bem, elogiamos, se jogar mal, criticamos”.

Tudo parece ser como uma eterna roda-gigante de emoções pré-programadas e já assimiladas de antemão, porém, as pessoas que nela embarcam, fingem não saber as sensações que decorrem do caminho. Querem entorpecer na nova volta do parafuso, como se fosse a primeira vez, como um amor ou paixonite adolescente, daqueles que se conserva na memória até o primeiro trauma.

Assim tem sido a vida no Fluminensismo: buscar-se de forma inevitável, como um se dar ao carrasco; viver as últimas emoções antes do corte final, antes da tragédia ser oficialmente anunciada. Tentamos encontrar minutos ou períodos de prazer, pois não basta torcer, tem de mostrar publicamente que o faz, repetindo algum padrão ensinado em algum manual de botequim ou, de forma mais moderna, numa mídia social. E quem não ajoelhar igual, já sabe, volta a ser chamado de não tricolor, aquele que torce contra, pessoa amargurada, o que carrega o ambiente, enfim. Como se nas conquistas não houvessem as mesmas energias, e nas derrotas não houvessem milhares a rezar suas novenas, arriar seus despachos, fazer suas promessas, cultuar as ‘good vibes’.

Só espero que o Fluminense sobreviva aos sinais desses tempos, das gentes que trabalham em seu próprio benefício e não em prol dos milhões de aficionados, que assim como eu e você e todos os demais, reduzem seus tempos com amigos e familiares para estar a falar, escrever, olhar, amar o Fluminense.

Tenham um 2022 consciente e ainda mais observadores do que acontece ao nosso redor, seja na casa, na vila, no bairro, cidade, clube e país. Olhe, com os olhos bem abertos e municiados de muita compreensão, para cima, para os lados, para trás e sobretudo para frente, ao infinito e além.

LIVRO RODA VIVA 8 – DOWNLOAD GRATUITO – CLIQUE AQUI.

1 Comments

  1. ACENANDO COM UM ADEUS QUE SÃO CINCO LETRAS QUE CHORAM E CLAMAM E SUPLICAM A NÃO DESAPARECER O FLUMINENSE QUE DESAPAREÇAM MÁRIO BITTENCOURT E O ANGIONE COM ESSE MODELO DEGRADADO E FADADO A NOS IMPOR MAIS JEJUM E SECA DE TÍTULOS JÁ A PROXIMO DA DÉCADA ONDE OS GIGANTES METAMORFOSEIAM – SE ANÕES…

Comments are closed.