Amar para viver (por Lennon Pereira)

 

CÉU

(ou morrer de amor)

Já faz um tempo que tenho feito essa análise para mim mesmo e para meus amigos, e assim como a vida imita a arte, o futebol imita a vida. É simplesmente impossível dissociá-los.

Quando vejo um ícone, seja ele um pianista, um vendedor, um médico, um advogado ou um jogador de futebol, o que me vem a mente é a mesma reflexão.

Por que existe apenas um Beethoven? Em tese, qualquer pessoa poderia estudar piano e se tornar um ícone, bastaria estudar muito, certo? E os advogados ou médicos? Uma boa universidade, uma boa pós e logo teríamos  gênios brilhantes. Um jogador que se empenhasse e treinasse dia e tempo integral, logo seria um novo Pelé, ou um novo Messi!! Ledo engano.

O que vejo em comum nos ícones é, além de uma certa predestinação ou dom nato, o prazer que eles sentem em fazer o que fazem. Amam seu trabalho!

Para os ícones, os mitos, sua profissão é algo que lhes dá enorme prazer.  Nenhum dele procurou a profissão primeiramente porque pensavam em ficar ricos, famosos e reconhecidos. Para eles, fazer por amor, fez tudo ficar mais fácil. Ouvi um dia de um grande empresário a seguinte frase “- Nem tudo é o dinheiro, construí minha empresa de sucesso sempre sendo feliz no que fazia e faço. O dinheiro é consequência!”

A vida imita a arte e o futebol imita a vida. Todos andam meio sem graça, pois estão cheios de profissionais estudiosos, dedicados e obstinados, mas que o fazem pela recompensa financeira, ou pela fama, ou pelo poder, ou pior, por pura vaidade.

Por isso o mundo anda assim insosso, sem graça. Precisamos sim dos mercenários, eles fazem a mola girar, mas precisamos principalmente dos românticos, dos que choram, dos que sentem dor, dos que se deprimem, dos que vivem as emoções.

Viver as emoções como elas são, dar entrevistas espontâneas, e não repetir o texto do assessor de imprensa. Quero mais jogadores folclóricos como Dadá Maravilha, o homem das “solucionáticas”, mais centroavantes como Tulio, que prometia gols, sem medo de não cumprir. Mais Romários, falando o que pensam sem se preocupar em ser o bom moço, exemplo para os jovens.

Precisamos tomar cuidado com a pasteurização, não só do futebol, mas do mundo. Um viva aos pensamentos livres  e dissonantes. Uma ode ao diferente, ao sujeito bem sucedido, que canta musica nacional dita brega, porque ele gosta, literalmente se lixando para o que vão pensar.

Na verdade eu quero é isso, o direito de pensar, por mim e não pela mídia ou pelo mercado. Quero achar legal ficar estressado e respeitar o amigo que é feliz sem ter que ir a academia correr na esteira como um hamster. Se você gosta disso, ótimo, mas isso não pode ser uma regra de felicidade.

Sejamos felizes e livres. Eu quero ser feliz rindo do que acho graça e chorando quando sinto dor. E quem ninguém tente me impedir ando de viver uma como a outra. Chorar e ficar triste faz parte da vida e de viver. Quem sofre sente o enorme prazer de superar o sofrimento. Tudo tem sua hora. Hora de comer alface e hora de se acabar na picanha, crua e com muita gordura. E não me venham oferecer feijoada light, feita com carnes de soja. Eu passo a vez, e deixo que meu vizinho seja plenamente feliz comendo a tal iguaria.

Talvez você esteja se perguntando: “ Esse autor está escrevendo isso por que está sofrendo? Ou para ser solidário com algum amigo?”

Eu confesso aqui de peito aberto, a resposta certa é: o autor está vivendo!

Um viva ao improviso!

Saudações tricolores e até a próxima.

Lennon Pereira

Panorama Tricolor

@PanoramaTri

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