Ah, se aquela bola… (por Pedro Machado)

FBL-LIBERTADORES-OLIMPIA-FLUMINENSE

… tivesse entrado…

Assunción, 29 de Maio de 2013. Já era quase meia-noite quando o árbitro Uruguaio Daniel Fedorczuk apita o fim do jogo.  Fim de um sonho.

Poucas vezes eu vi meu time atacar tanto num segundo tempo como este. Foram 49 minutos de puro ataque contra defesa. Estava vendo o jogo nas Laranjeiras e as reações ao final da partida foram as mais distintas possíveis. Vi tricolores chorando, atônitos, sem reação, xingando o Abel, jogando cadeiras para o alto e até mesmo brigando entre si.  Tenho estas cenas na minha mente até hoje.

Viajando pelo passado recente e pelas possibilidades do “se” (tudo bem, eu sei que o “se” não joga, mas deixa eu sonhar!), eu me pego toda hora pensando: “Ah, se aquela bola tivesse entrado…”

Você, que lê a coluna deste nobre desconhecido (nossa, você já leu até aqui!), deve estar se perguntando: “Mas que bola?!”. Eu vos digo: Qualquer uma!

Foram algumas chances perdidas durante todo o jogo, uma inclusive quando estávamos vencendo por 1 x 0! Será que se tivéssemos nos classificado naquela fria noite no Paraguai, estaríamos passando por esta penúria no final do ano? Com a arrogância de um flamenguista (argh!) eu afirmo: é claro que não!

Tivemos um começo de ano bem morno. Perdemos a final da Taça Rio para o Botafogo, mas sinceramente, todos os tricolores que conheço estavam cagando para isso.  Ainda mais depois do que aconteceu na Libertadores de 2012, quando trocamos um carioquinha pela possibilidade de passarmos pelo Boca.

Os três jogos pela Libertadores em São Januário foram épicos, no quesito “torcida”! Talvez pelo fato de sairmos do frio e artificial Engenhão para um estádio de verdade. Sujo, com cerveja e churrasco na porta, cheiro de mijo no corredor e arquibancada de cimento. Duvido que quem frenquentou o falecido Maraca até final dos anos 90, não se lembrou com nostalgia daquele clima.

O time vinha numa crescente, parecia que tinha encaixado. Rhaynner (pasmem, ele mesmo!) vinha sendo o destaque positivo, compensando sua pouca (ou nenhuma) técnica  com muita correria e disposição. Inclusive, roubou a vaga do Thiago Neves no time.

Se uma daquelas bolas tivesse entrado, faríamos uma semifinal épica contra o Atlético. Imaginem: Eles com sangue nos olhos de vingança, tentando ganhar de qualquer forma, pressionando a arbitragem. Não tenho dúvidas que seriam duas batalhas inesquecíveis. Mas, a bola não entrou…

Aquela eliminação foi decisiva para a derrubada do Abel do comando do time, principalmente depois da declaração (antes do 1º jogo) que o 0x0 em casa era melhor que o 2×1. Fomos eliminados justamente empatando de 0x0 em casa, e perdendo de 2×1 fora. Foi “o Destino.”

Se aquela bola tivesse entrado, iria mascarar alguns problemas que vieram à tona depois? Mas é claro! Porém, futebol é isso. Futebol não é ciência exata, futebol é paixão, é coração, é alma e é sorte também, porque não? Afinal, como diria Nelson Rodrigues: “Com sorte você atravessa o mundo. Sem sorte, você não atravessa a rua.” Uma bola que entra  – ou deixa de entrar – pode mudar a história de um ano inteiro – ou de uma vida.

O que nos resta agora é torcer e rezar. Não há nada mais que possamos fazer. Ano que vem, quem sabe, aquela bola entra e muda toda a história.

Panorama Tricolor

@PanoramaTri

Imagem: Norberto Duarte/ AFP

Prezado (a) leitor (a), é sempre uma honra a tua presença aqui, bem como os comentários que podem ser tanto elogiosos quanto críticos ou divergentes – tudo altamente salutar. Contudo, atendendo aos procedimentos estabelecidos no PANORAMA em prol da excelência literária que marca este sítio, não serão publicados comentários ofensivos ou lesivos à imagem de terceiros sob qualquer espécie. O mesmo vale para comentários em caixa-alta. Os cronistas respondem juridicamente por suas publicações. Divergência nada tem a ver com estupidez e grosseria. Muito obrigado. 

1995 PEQUENO

DR PEQUENO

1 Comments

  1. Belo Texto, mas uma bola que deveria ter entrado foi na final da Liberta em 2008. Lembro até o Thiago Neves pegando a bola de primeira e aquele goleirinho espalmando com a ponta dos dedos. Eram 13 minutos do segundo tempo da prorrogação. Respeito sua opinião, mas esse ano nem naquela altura, mesmo pressionando o Olimpia o Flu não tava merecendo. Mas o ano vai acabar bem, já tivemos uma ótima notícia esse fim de semana, com o acerto do Conca ! Pra cima Fluzão !

    *** Service disabled. Check…

Comments are closed.