Cláudio Adão, a fera (por Paulo-Roberto Andel)

ANDEL RED NEW

Um ano e três meses. Foi o suficiente para que ele brilhasse como um grande artilheiro, por média entre os maiores da história do clube dentre os que fizeram mais de 50 gols (0,84, com 56 gols em 67 partidas). Nos tempos em que o campeonato carioca era o mais importante do país, brilhou na conquista de 1980, sendo o artilheiro da competição, batendo na final o poderoso Vasco recheado de craques e deixando para trás o Flamengo de Zico, Júnior e companhia.

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Cláudio Adão chegou ao Fluminense em baixa. Despontara no Santos, onde era tido simplesmente como um sucessor de Pelé. Uma grave fratura de longa recuperação o levou ao Flamengo, onde seria campeão mas depois emprestado ao Botafogo. Devolvido pelo Alvinegro à Gávea, foi negociado com o Tricolor por uma ninharia. E era o único reforço de nome para um time que se incomodava com três anos sem títulos. A outra aquisição foi Gilberto, bom meia do Atlético Goianiense.

O Fluminense tinha um time com nove jogadores da base, sendo dois “veteranos”: Edinho (com 25 anos) e Rubens Galaxe (27). Os demais, embora já tivessem atuado pelo clube em anos anteriores, ainda careciam de afirmação. E que jogadores: o goleiro Paulo Goulart, o lateral direito Edevaldo, o zagueiro Tadeu, o volante Deley (no lugar de Givanildo, negociado com o Sport), o meia esquerda Mário e os pontas Robertinho e Zezé, tendo como treinador Nelsinho – que substituíra Zagallo, contratado em São Januário e dizendo que mudara de ares “porque queria ser campeão”. Flamengo e Vasco eram tidos como favoritos ao título, enquanto o Tricolor aparecia na condição de azarão. No fim, um timaço. Nunca mais o Flu teve uma equipe campeã com tantos jogadores feitos em casa.

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O Fluminense fez um primeiro turno empolgante, com direito a bater o Vasco duas vezes e golear o Botafogo por 4 a 0, partida onde Cláudio Adão marcou dois gols contra seu ex-time – ambos ESPETACULARES – e causou confusão nas arquibancadas adversárias. Depois de um segundo turno irregular, veio a grande final contra o Vasco, vencida por 1 a 0 com o gol de falta de Edinho, no mesmo dia em que Cartola falecia no Rio de Janeiro.

Em 1981, o Fluminense foi também protagonista do melhor jogo do campeonato brasileiro em sua fase de mata-mata justamente contra o Vasco, pelas oitavas de final. No primeiro jogo, o Cruz-Maltino venceu por 2 a 0 e obteve grande vantagem, mas no segundo confronto o Flu fez 3 a 0 no primeiro tempo. Depois o rival, em jogada conturbada, diminuiu o marcador e ainda faria o segundo gol, numa partida eletrizante onde atacamos até o fim – e com direito às duas torcidas aplaudirem seus times, fato raro num clássico.

Depois do Fluminense, Cláudio Adão jogou por muitas equipes, marcou muitos gols, ganhou títulos e foi uma espécie de andarilho do futebol. Mas é um nome que precisa ser resgatado pelas Laranjeiras, ainda que alguns insistam com a sandice de desqualificar o passado do clube. Entre 1980 e 1981, ele foi a fera, o monstro, o mortífero camisa 9, só igualado em talento muitos anos depois por Romário e, mais recentemente, Fred.

Os jovens torcedores de 1980 o idolatram desde então. Dentre eles, este cronista.

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Idiotas escrevem calúnias em redes sociais. Escritores escrevem livros. Meu abraço ao nosso companheiro de PANORAMA Rodrigo Barros, o Rodo, pelo novo livro “Da rebelião à glória”, que conta a conquista da Primeira Liga, a ser lançado em breve e resenhado aqui. Registro histórico de talento e importância com a marca do craque autor. Pena que a rebelião já tenha sido trocada por uma linda união.

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Panorama Tricolor

@PanoramaTri @pauloandel

Imagem: rap/globo