A vocação da eternidade (por Rods)

n_fluminense_estadio_maracana-2686005“O Fluminense nasceu com a vocação da eternidade. Tudo pode passar, só o Tricolor não passará jamais.”

Assim disse Nelson Rodrigues.

Dia após dia, as frases do nosso poetinha são repetidas e republicadas. Mas às vezes chegamos a alguns momentos que pareciam apenas esperar para se encaixar em seus pensamentos geniais. Este em que vivemos é um deles. Precisamos da mudança e parece ter sido dado o primeiro passo para que ela seja realizada. Vejam bem, o primeiro passo!

Infelizmente para o ídolo, enquanto jogador, Renato Gaúcho, sua saída representa o início dessa mudança necessária. Pela primeira vez, de fato, Peter Siemsen confrontou Celso Barros. Preciso dar minha cara à tapa, pois fui um dos que viu com bons olhos a vinda do técnico, por acreditar que o momento tricolor pedia alguém de personalidade forte, que pudesse servir de muro para o time e peitasse a fla-press. Mas não deu certo. Talvez não por culpa apenas dele, mas também de jogadores sem grandes pretensões ou mesmo boa qualidade, mas alguém sempre tem que pagar. Especialmente por se tratar de uma imposição (entre muitas outras).

Renato Gaúcho deixa o time pela quinta vez após 18 partidas, sendo nove vitórias, cinco empates e quatro derrotas. Uma campanha que não chega a ser muito ruim, mas que está longe de ser boa. E aí, quem assume? Voltamos aos nomes do ano passado: Tite, Cristóvão, Ney Franco e Dorival. Tenho cá comigo a impressão de que boa parte dos tricolores gostaria de ver o que o Marcão pode fazer. Eu sou um deles.

Mas, como eu disse acima, essa saída do Renato não é apenas uma mudança de técnico. É o primeiro embate real entre Fluminense e Unimed. Todos os dados da história da parceria já foram esmiuçados aqui, principalmente no último texto do meu amigo Paulo-Roberto Andel e não precisam ser repetidos. Obviamente não podemos ser ingratos e precisamos reconhecer que a parceria foi fundamental para nos levantarmos de um momento negro da história, quando ostentamos em nossa camisa marcas como MTV, SPORTV e Oceânica. Se eu pudesse escolher, teria ficado com “Ame o Rio”.

Mas sim, a Unimed carioca nos ajudou a ficarmos novamente em pé. Porém, uma vez eretos, nosso patrocinador se tornou investidor em uma relação de “parceria”. Era pra ser um “ganha-ganha”, mas, mais uma vez, quero recorrer a um amigo de Panorama, o Marcus Vinícius Caldeira, pois ele fez uma comparação perfeita: a Unimed se tornou uma droga para o Fluminense. Gestões passadas deixaram o Clube se viciar e após a euforia inicial, vieram as consequências da dependência. Mandos, desmandos e vontades. Fluminense apenas obedecendo, servindo de playground, de massa para modelar.

Não redimo nosso atual presidente, pois sei que em algumas situações foi conivente, abaixou a cabeça e optou por não ir ao confronto. Agora é a hora de ser diferente e não apenas ensaiar. Hora de mudar, de fazer história.

Sei que Celso Barros é tricolor. Mas acima disso é um homem de negócios e também humano. Humanos sucumbem a tentações. Poder, ganância, autoafirmação. Se zagueiro não dá dinheiro, pra que investir? Se junta isso ao fato do Fluminense ser um desafio às leis da administração, uma instituição que deveria ter sucumbido à falência há tempos. Sobrevive de nome, de futebol, da paixão de nós tricolores. Foi fácil se impor até os problemas ficarem grandes demais para se esconderem atrás de dois títulos de Campeão Brasileiro.

Perceba, não estou elegendo um único vilão. Há o que leva e o que se deixa levar.

Por tudo o que aconteceu ano passado, já esperávamos um 2014 difícil. Agora podemos esperar um ano beirando o impossível, um velho conhecido nosso. O Fluminense terá que aprender a ser competente e profissional. Do marketing ao futebol, da vassoura à mesa de presidente. Talvez precisemos matar para não morrer.

Assim o faremos.

Assim manteremos nossa vocação da eternidade.

ST!

Panorama Tricolor

@PanoramaTri @Rods_C

Imagem: reprodução

2 Comments

  1. Rods comenta:

    Valeu mesmo, Ernesto! Espero que todos leiam mesmo.

    Abração pra ti, parceiro!

    ST!

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