A primavera tricolor (por Claudia Barros)

O Fluminense é mesmo uma paixão: faz chorar, o coração palpitar, a lágrima escorrer de emoção, o orgulho explodir no peito.

Mas é também daquelas paixões que desgastam, que drenam energia, que geram ansiedade e perturbam a paz.

O que foi esse espetáculo sobre a contratação de Daniel Alves? O que essa história nos consumiu nesses últimos dias!

Enquanto isso, o Conselho Deliberativo do Fluminense aprovava no dia 22 de setembro de 2021, as contas do clube, relativas ao ano de 2020. Em função da pandemia do coronavírus, a reunião aconteceu por meio de videoconferência. O desgaste nesse caso específico foi advindo do fato de mais um ano em que o clube fecha suas contas no vermelho. O déficit em 2020 foi de 2,9 milhões de reais.

Não vou criticar as imagens que circularam na internet e mostraram alguns conselheiros com posturas que em nada dignificam a instituição Fluminense. Reconheço que em tempos de pandemia e longas reuniões virtuais, as vezes há momentos de relaxamento de postura. Não obstante, eu me policio, e muito, em todas as reuniões virtuais das quais participo, até porque são públicas e, como tal, o público às quais se destinam merece todo o respeito possível. Não vou criticar, só lamentar.

Fato é que uma sequência de eventos no Fluminense vem drenando nossa energia, pelo menos a minha: eliminações ridículas em campeonatos importantes; perdas de jogos vergonhosos (ou alguém esqueceu aquela final do Carioca contra o Flamengo?); presenças em campo de jogadores cuja postura técnica causam revolta, tamanha a inércia; vendas ou “entregas” de jogadores de base tricolor, muitas vezes sem que tenham chances de jogar pelo time principal; informações modorrentas prestadas, à título de uma pretensa transparência na gestão.

Confesso-me cansada.

Quando o inverno de 2021 chegou, em 21 de junho, o Fluminense participava de três campeonatos, Copa do Brasil, Libertadores e Brasileirão.

Com a chegada da primavera, nesse último 22 de setembro, o Flu está disputando apenas o Brasileirão. É pouco.

Mas como falou Clarice Lispector, “sejamos como a primavera que renasce a cada dia mais bela”. Que a primavera, além de flores e bouquet, nos traga um Fluminense mais digno, menos pavão, mais belo e renascido nas presenças de Marcão, de um jovem John Kennedy bem conduzido, de um Jhon Arias habilidoso, de um Caio Paulista recuperado, de um Yago consistente, de um Fred perseguidor de marcas, de um Luiz Henrique com habilidade e coragem de decidir, de um Luan Freitas incorporado ao elenco, de um Nino craque e líder, de um Martinelli preciso no passe e na marcação.

Que fiquem no inverno os que em nada acrescentam ao Fluminense e, ao contrário, drenam nossa satisfação e nossa energia.

Podem fazer a lista!

RODA VIVA 7 – DOWNLOAD GRATUITO