A prancheta mágica (por Mauro Jácome)

Rolou a bola. O Fluminense entrou num campo feio, cheio de falhas e de areia, em São Januário. Nem água tinha. Disseram que o Felipe foi para as Laranjeiras para tomar banho. Maldade pura.

Apesar de tudo isso contra, o tricolor foi para ganhar os dois pontos. Abel montou um time reserva, mas que não é, por nós, desconhecido. Berna, Eivélton, Anderson, Valência, Fábio, Diguinho, Sóbis e Samuel já jogaram inúmeras vezes. Wellington Silva, Fernando e Rhayner foram as caras novas, mas que pudemos acompanhar pelo Brasileiro do Tetra. No caso de Fernando, pela Copa SP e outros torneios sub-20.

O esquema inicial foi um 3-5-2, com Valência entre os beques. O primeiro tempo começou complicado. O Nova Iguaçu marcou por pressão a saída de bola do Fluminense. Wellington Silva era quem tentava dar vazão, mas esbarrava numa marcação com dois ou três laranjinhas. Rhayner tentou ajudar, mas caiu na arapuca também. Samuel correu, correu, mas não achou o jogo. Fernando pouco subiu. O time estava preso e mal pago.

Eu não entendo o Sóbis. Jogo bom para aparecer, mas prefere ficar enfiado no meio dos zagueiros adversários, perdendo a oportunidade de jogar na intermediária, de trocar passes e tentar chutes de média e longa distância. Fala, gesticula, mas mais parece gerente de sauna, ganhando à custa do suor alheio.

Mas, o que mais atrapalhou o time foi o cacoete de Fábio e Diguinho para cabeleireiros. Como gostam de pentear a bola, atrasando as jogadas e, ainda, perdendo o controle do meio-campo.

O segundo tempo começou igual ao primeiro. Inclusive, o início de cada tempo teve jogadas idênticas: Diguinho perdendo bolas displicentemente. Coincidência?

Com o passar do tempo da etapa complementar, o Fluminense foi caindo, caindo e sumindo. O Nova Iguaçu subiu um pouco e ficou por ali, na intermediária tricolor. Tivesse dez centavos de mais qualidade, abriria o placar. Como não tinha, o jogo ficou num maçante perde-ganha dos dois meios-campos.

Então, surge a prancheta mágica de nosso técnico. Depois de tentar várias possibilidades no seu campinho magnético, descobriu a fórmula. Wágner (ou Vágner?) era a solução. Michael também foi para o campo para acabar com a solidão do Samuel. Acrescento: o que aconteceu depois dessas substituições não se deveu somente à entrada do reserva de luxo e do menino, mas, muito às saídas de Fábio e Sóbis.

Valência foi puxado para a cabeça-de-área, acabando com o 3-5-2. Wágner (vou de W porque fica igual ao nome do grande compositor alemão e combina com o que o meio-campista fez) se postou na intermediária, sempre chamando a bola, tocando de primeira, envolvendo a marcação, lançando com passes médios e precisos, empurrando o Nova Iguaçu para o seu campo. Tocava, recebia, tocava, recebia, girava o time, movimentava as peças. Todos subiram de produção.

Numa arrancada, a bola foi para a direita, Wellington Silva cruzou e Wágner marcou de cabeça. No finzinho, Ronan, mais um menino, fez uma jogadaça pela esquerda e cruzou uma bola dificílima, mas precisa, na cabeça do mesmo Wágner. 2 x 0, as cortinas se fecharam e encerrou-se o espetáculo.

Não fosse a mágica pranchetinha magnética em formato de campo de futebol do Abel, provavelmente, nada de bom estaria escrevendo.


Mauro Jácome

Panorama Tricolor

@PanoramaTri

Contato: Vitor Franklin

Revisão preliminar: Rosa Jácome

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