A mudança de Roger Machado (por Felipe Fleury)

Depois daquela pífia derrota para o Flamengo, que nos custou o título do campeonato carioca, eu escrevi: “Roger é burro, teimoso e covarde”. Pelo menos até ali, tinha sido.

Roger não é um técnico que possa apresentar ao futebol nacional nada de novo. É conservador nos seus métodos, como a imensa maioria dos treinadores nacionais. E, exatamente por isso, é preciso reconhecer que, de dentro desse conservadorismo, contra a sua própria natureza, ele conseguiu mostrar que pode mudar sua forma de pensar.

Não cheguemos a nenhum extremo, é claro. Ele ainda insiste num combalido Nenê como titular da equipe, que, se colocado numa balança, penderá mais para atravancá-la do que para lhe ser útil.

No entanto, conseguiu observar que o time precisava de maior poder de marcação na frente, e aí substituiu Kayke e Luiz Henrique por Biel e Caio Paulista, e pôs na lateral direita um jogador que, embora não seja nada além de mediano, é da posição.

Pronto, com isso, Martinelli e Yago ficaram menos sobrecarregados e a zaga menos exposta, podendo manter Fred e Nenê juntos em campo.

Se ousasse um pouco mais, veria que o time ainda poderia ser mais eficiente sem Nenê em campo, pelo menos pelo tempo que tem sido utilizado, mas deixemos essa decisão para um próximo passo, se não for pedir muito de um técnico com o estilo de Roger.

O que importa é que, por enquanto, as mudanças que fez já deram uma nova cara ao time, que se percebe marcando alto e na zona intermediária, alternadamente, mas com um poder de marcação (e desarme) muito maior do que até àquela partida contra o Flamengo.

Ganhamos força, sem querer dizer que atingimos a quase-perfeição. Só saímos do estágio de combalidos para outro estágio, em que a vontade prepondera. Nem temos elenco para tanto (quase-perfeição), embora ele seja suficiente, se bem utilizado, para dar ao Fluminense a competitividade necessária para encarar as competições mais importantes do ano.

Mérito do Roger, por que não? É bom que se diga que o técnico “burro, covarde e teimoso” a que me referi no início deste texto é uma personalidade latente de nosso treinador, que, no momento, dá voz ao seu perfil mais lúcido.

Nessa guerra de personalidades, que prevaleça a que torne o Fluminense sempre um time com gana de vencer. Bom para nós, bom para ele.

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