A lenda do Boitatá sobre Fluminense x Corinthians em 1976 (por Alexandre Berwanger)

(Publicado originalmente no Facebook do autor)

A invasão corinthiana em 1976.

Eram 70.000 pessoas torcendo pelo Corinthians que viraram 80.000 corinthianos nos últimos anos.

O Jornal do Brasil do dia após o jogo conta honestamente a história, sem o sensacionalismo da imprensa marrom, disponível on line nas edições anteriores e posteriores ao jogo.

Eu estava lá desde onze e meia da manhã e vi gente com camisas, bonés e faixas na cabeça de inúmeros clubes do Brasil na torcida do Corinthians.

Naquele dia esse então garoto de 13 anos entendeu o significado da palavra inveja, sentimento que nunca tive.

A Torcida Tricolor em qualquer jogo chega forte faltando uma hora para o jogo começar, sendo comum o jogo começar e ter gente entrando.

Não conhecendo o estádio, a torcida corinthiana tentou se colocar como se estivesse no Morumbi, na metade entre os gols, e as torcidas organizadas do Fluminense começaram um guerra de morteiros, e aí sim foram para a metade do placar, não lotada desde o primeiro momento.

Qualquer um que assista as imagens do jogo, não as editadas, verá que a arquibancada estava dividida, as cadeiras talvez, a Tribuna não e na geral a grande maioria era tricolor, onde só nela cabiam 35.000 pessoas.

Eram 146.000 pagantes, talvez 160.000 presentes.

Por volta das 15 horas, as torcidas cariocas rivais do Fluminense, uma a uma, até do America, desfilaram com as suas bandeiras tendo os nomes gritados. A do Flamengo, bem mais alto.

Nesse dia foi criada uma união entre essas torcidas, chamada Fla-Fiel, que terminou com uma surra gigantesca que a torcida rubro-negra tomou no Morumbi em 1984.

Fizeram um “documentário” nos últimos anos no qual editaram bastante a lenda.

Depois disso, Juca kfouri, o maior divulgador da mentira, afirmou no Jornal Nacional que todos os ingressos enviados a São Paulo foram vendidos, quando foram enviados 52.000 e devolvidos 10.000.

Se multiplicarem o número dos que se deslocaram de São Paulo para o Rio com os meios de transporte informados na época, terão dificuldades em chegar a 20.000.

Eu diria 30.000, 35.000 corinthianos e o restante dos quase 70.000 (?) da torcida arco-íris.

Naturalmente, nas versões atuais os números dos meios de transportes são multiplicados.

A revista Placar, que no passado distante tentava disfarçar o bairrismo e o clubismo, também ajudou a multiplicar esse número de presentes ano passado.

O jornalismo sério morreu há muito tempo, eu diria desde a segunda metade da década de 1980, marco para minhas observações pessoais da degradação moral do Brasil, também no futebol.

Imagem: TV Bauru.

1 Comments

  1. Ótimo texto relatando muito bem o que ocorreu naquele dia – eu também estava lá.
    Fico irritado com essa “fábula” que foram cri ando, e inflando ao longo de tosos esses anos,
    A torcida arco-iris (todos contra o Flu) é que deu margem à mentira.
    Outra coisa muito importante, é que perdemos (nos pênaltis), porque foi quase impossível jogar naquele gramado ,alagado devido ao dilúvio que caiu.
    Em situação normal dificilmente perderíamos aquele jogo, ST’s

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