Parece que o poder público resolveu concorrer com o 30 minutos do MV ou o Bagunçando o Laranjal do Fillipe. Pena que as piadas do governo não têm a menor graça. Escrever sobre o Campeonato Carioca e a incompetência das autoridades levam-me a virar uma espécie de José Simão da bola. Então, vamos lá. Rárárá.

Até o ano passado, a única coisa que se imaginava que poderia cair no Engenhão era o Botafogo. Mas agora, pode desabar o teto. O prefeito mandou interditar o estádio para que um eventual acidente não machucasse ninguém. Como assim? Ele não deve acompanhar o campeonato. Pode cair a cobertura inteira em dia de jogo que não vai ferir nenhum torcedor. Não tem isso lá faz tempo. Acidente com torcedor, só se derrubar a tevê da sala.

O campeonato sem público agora também não tem estádio. Nada mais justo e coerente. É a coroação da estupidez disseminada nas diversas esferas envolvidas com o esporte. Empreiteiras, governo, federação, emissoras de tevê, todos fazendo sua parte para acabar com o futebol no Rio e no Brasil. Como são competentes na arte da incompetência! Muda a tabela, muda o jogo, muda o estádio. Esconde tudo do torcedor. Vai ter gente contratando detetive particular para descobrir onde e quando o time vai jogar.

Enquanto isso, os elefantes brancos passeiam pela cidade do Rio de Janeiro, exibindo nossos impostos em forma de ferrugem e apreensão. Antes de sediarmos o Pan-americano, virarmos cidade olímpica e abrigarmos a final da Copa do Mundo éramos mais desportistas. Éramos felizes e não sabíamos. Hoje, com esse investimento pesado no esporte, não temos mais o Célio de Barros e o Júlio Delamare; o Maracanã é um canteiro de obras há anos; o Velódromo não serve mais, o Engenhão pode vir abaixo. Esse é o legado? Na verdade, sinto-me lesado.

Bom, pelo menos os ingressos são baratos. Só que não. Mas vale pelos serviços oferecidos. Também não! Banheiros sujos, estacionamento com preços abusivos, alimentação ruim e cara, falta de conforto, falta de policiamento, falta de vergonha na cara. Só resta apreciar o bom espetáculo no campo. Nem isso! O futebol segue a combinação de quem não gosta de samba: o torcedor que vai é ruim da cabeça, para ver jogadores que são doentes dos pés. Bons sujeitos não são.

O modelo de negócio do futebol de hoje promove a tricolebação de nossa torcida. Não dá para defender os exemplos de mártires que navegam quilômetros para assistir ao Flu (vale para qualquer outro clube). Na verdade, estamos cansando. Estão minando nossas vontades. Estão acabando com nossa paixão.

Claro que não dá para colocar a culpa na atual diretoria, mas se a ordem é planejar, faz-se necessária a visão de longo prazo que nos permitam alternativas. Estádio, arena, reforma das Laranjeiras, sei lá, mas é necessário ter alguma carta na manga. Política de ingressos, serviços e compromisso para fazer a torcida mais próxima e presente do clube. Sinal amarelo para quem se preocupa com o futebol carioca. Até porque as autoridades já avançaram o sinal vermelho da incompetência faz tempo.

Walace Cestari

Panorama Tricolor

@PanoramaTri