A felicidade que incomoda (por Paulo-Roberto Andel)

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Domingo de sol, churrasco, gente alvoroçada em frente às tevês (principal ponto de concentração dos torcedores hoje em dia) e, depois do fechamento da rodada, eis que o Fluminense é o novo líder do Carioca 2016. Por uma semana que seja, mas líder. Motivo de natural alegria e vibração. Aleluia, irmãos!

Entretanto, surge num súbito em pleno computador um personagem natural da vida brasileira atual, sempre com a disposição de se mostrar desagradável, sempre com a infindável vocação do contra, aquela vontade imensa de contrariar os outros sem argumentação consistente para se sentir superior (sabe-se lá em quê e por quê). Senhor supremo das verdades absolutas.

O chataralho. O mala. O Inconveniente de Olivares. E tricolor.

“Tá comemorando o quê? Vocês não diziam que tinha que boicotar o campeonato? Agora vão querer ficar de festinha?”

A resposta poderia ser simples, até simplória, mas convida a uma breve reflexão.

Em primeiro lugar, torcer para o Fluminense está acima das divergências com jogadores, dirigentes, comissões técnicas, conselheiros, outros torcedores, federações e o escambau. Acima de tudo eu quero o sucesso honesto do meu time; depois discuto se o fulano é pilantra, o beltrano é sacripanta e o sicrano é uma anta, bem como as mudanças, melhorias e contraditórios necessários.

Segundo, se torcer para o Fluminense não deve significar anuência diante de erros crassos e prática de memória seletiva, também não deve significar a comemoração do mal em prol das próprias teses. Exemplo: o chataralho não gosta do zagueiro X ou do atacante Y e, para vê-los fora do time, torce pela derrota com eles em campo. Tão estapafúrdio quanto curar bursite com amputação do braço.

Resumo: ver o Fluminense líder deste Carioca é uma alegria dupla. A vitória do NOSSO time e também a vitória sobre uma Federassauro carcomida, que tudo faz para boicotar o Tricolor sob todos os aspectos. Comemorar a liderança é totalmente diferente de passar a apoiar determinadas causas, entidades e pessoas físicas que merecem muitas críticas, combate e até mesmo ojeriza, tudo dentro das condições de urbanidade. Ao Tricolor, não cabe o reducionismo oco.

Lá vem mais uma disputa: a Copa do Brasil, diante do Uram FC. Chegamos à final da Primeira Liga, que pode significar um título inédito. E estamos na frente no Carioca, este campeonato que criamos e ajudamos a forjar há mais de um século. Então, este mês de abril começa infinitamente mais promissor do que março ou fevereiro passados, por exemplo, o que não quer dizer que temos um time pronto – o próprio Levir, com sua tradicional sinceridade, já deixou isso claro.

Nesta segunda-feira é dia de folga para o time e o Fluminense é muito líder. Rancores e chateações de lado, mais aquela agradável sensação de ver o nosso Tricolor numa boa fase que há muito não se via.

O resto a gente discute depois – e há muito a se discutir mesmo -, mas só neste mísero dia cabe fazer um miniferiado e viver a felicidade, esse maravilhoso combustível da alma que se pode sorver muitas e muitas vezes, cada uma delas no seu devido momento. É este o caso. Aproveitemos, pois. É uma segunda de liderança.

Pobres desses estranhos tipos sempre incomodados com a felicidade alheia. Mas não me caberia jamais a afirmação de que não são “tricolores de verdade”, por se tratar de um macartismo abominável. São apenas chataralhos, cuja importância tem a mesma data de validade desta publicação – que, se fosse física, amanhã estaria a forrar a gaiola do passarinho. Ao menos, servem de inspiração para uma coluna sem maiores assuntos.

No mais, humildade é tudo.

Panorama Tricolor

@PanoramaTri @pauloandel

Imagem: rap

2 Comments

  1. É um bom começo de caminhada, que eu espero nos leve ao torneio do outro lado do mundo no ano que vem, com direito a taça.

    ST

  2. Andel, você teria alguma informação sobre como ficou aquele projeto de destombamento e modernização das laranjeiras pois achei maravilhoso!! Mostrei a alguns amigos tricolores que também acharam o mesmo. O pior é que além de não escutar nada a respeito vindo dos atuais dirigentes , os postulantes a presidência também não abordam o assunto e isso e desanimador.O Allianz Parque é um sucesso, construído numa área de dimensões semelhantes e agora com a construção do C.T estão acabando as desculpas

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