A entrevista: Assis (por Rods) – Parte 2

Entrevista Assis – Parte 2
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Segunda parte da entrevista com Assis, ídolo do Fluminense e carrasco do Flamengo nos anos 80, durante o evento Tricolor em Toda Terra, em Brasília.
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Panorama Tricolor– É possível ver o significado de um ídolo não apenas pelo seu momento de glória, mas também pelo o que acontece depois disso. A cada lugar que você vai, são filas imensas para autógrafos e fotografias. Você é um exemplo. Eventos como o de hoje mostram bem isso.Como você vê esse reconhecimento? Como é ser, após quase trinta anos, o grande Assis, o carrasco?
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Assis – Quando termina um evento como o de hoje e eu chego em casa, minha vontade é voltar a jogar. Se eu pudesse, eu voltaria, pois é um negócio que mexe com o meu coração. Todo lugar que eu vou e tem… [interrompe a frase e sorri] Me desculpe fugir da pergunta, mas é que eu começo a me contagiar, sabe? Eu moro em Curitiba e lá tem a Fluritiba. Quando o Fluminense joga e eu estou na cidade, assisto ao jogo com a torcida. Eu pego meu carro, vou e quando chego, o caras gritam “olha o Carrasco, olha ali!”. Ninguém me chama de Assis mais. Até eu estranho se me chamam de Assis [risos]. Então, é uma coisa que mexe muito comigo.

Como eu lido com isso? Eu participo de todos esses eventos, recebo todo esse carinho e tento corresponder.

Às vezes eu acho que sou até um pouco indelicado, porque tá passando o jogo do Fluminense e aí vem o pessoal pedir autógrafo com dedicatória pronta “Assis, escreve aí: para fulano de tal, um grande abraço isso aquilo etc e tal”. E o jogo comendo! [risos] Pelo amor de Deus, vamos ver o jogo. É o Fluminense ali jogando! Então eu acho que às vezes sou até indelicado e pode ser que o torcedor fique chateado. Não tenho problema nenhum em conversar e dar autógrafo até amanhã de manhã, mas também quero ver o jogo. Depois, ah, depois do jogo aí não tem horário. Fico à disposição da torcida e isso me fortalece. Estou sempre aberto ao diálogo, ao bate-papo e é lógico que eu vou atender todo mundo. Isso desde 83, quando eu cheguei, já há quase 30 anos que comecei com o pé direito, apesar de ser canhoto.

Um dia eu falei pro Fred que ele já tem o caminho das pedras. Eu fui achar lá em 1983 e pensei “opa, é por aqui que eu vou”. Aí depois veio o também o título de 84, o Brasileiro, o de 85 e alguns torneios fora. Isso forma um amor muito grande, um vínculo com o clube. Eu fico muito feliz com tudo esse sucesso e a cada vez que vou às Laranjeiras, passa um filme na minha cabeça. Hoje onde é a Fluboutique, era um salão de barbeiro, onde a gente cortava o cabelo e fazia a barba. Aí eu tava fazendo a barba, o Delei chegava por trás e passava creme na minha cabeça e barbeava a minha cabeça… Eu não podia sair, porque o barbeiro tava com a lâmina aqui [aponta para a garganta]! Eu revivo tudo isso, o campo, a barbearia, o bar do Fidélis… É uma história gigantesca, uma coisa muito legal. O Fluminense pra mim é a minha família, sabe? As minhas pessoas mais próximas viveram ali comigo.

O Fluminense me deixa contente, me deixa feliz com as vitórias, como foi hoje [Bahia 0x2 Fluminense] aqui. Eu e o Dhaniel (Cohen do marketing do Fluminense) somos pés-quentes e às vezes eu sou tão supersticioso que, de repente, como o Flu venceu o jogo passado e eu estava com um ou dois amigos, já chego no outro jogo perguntando “o Fulano tá aí?” “o outro não vem?”. Sabe, eu fico pensando, se eu achar um deles já tá bom! Pra você ver como eu sou…

Só sei que é muito amor por esse clube.

(continua)

Confira a primeira parte da entrevista em

http://www.panoramatricolor.com/a-entrevista-assis-por-rods-parte-1


Rodrigo César – O Rods

Panorama Tricolor

@PanoramaTri @Rods_C

 

4 Comments

  1. Simplesmente fantástico ler essa entrevista da “pessoa” e relembrar do “ídolo” do flu dos anos 80, especialmente 1983 e 1984. Não dava para perder um jogo sequer. Assis e Washington marcaram seus nomes na historia do fluzão!!!

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