A crônica do jogo (por Paulo-Roberto Andel)

No castigadíssimo gramado do estádio Moacyr Bastos – quase careca -, em Macaé, o Fluminense defendeu neste sábado sua condição de postulante às semifinais da Guanabara, contra o quase-mandante Quissamã. Com a vitória do Audax horas antes, a vitória tricolor era imperativa para manter o segundo lugar na chave de classificação. Com o apoio dos nossos maníacos infalíveis nas arquibancadas, sucedeu uma vitória tranquila por três a zero. Bom, exatamente tranquila? Nem tanto.

Enfrentamos um time fechadíssimo que, vez ou outra, buscava contra-ataques. O Fluminense predominou no ataque nos dois tempos da partida, mas o primeiro gol custou a sair, acontecendo no fim da primeira etapa numa belíssima cobrança de falta executada por Jean, cada vez mais titular da seleção brasileira. Um chute maravilhoso, indefensável para o goleiro Ricardo – este, o melhor jogador em campo. Virou praxe os goleiros adversários fecharem o gol contra o Flu.

Demoramos a marcar. Algumas boas chances foram desperdiçadas. Marcos Junio, por exemplo, fez Rinaldo desabar ao carimbá-lo num chute forte aos 20 minutos. Mais cinco voltas do ponteiro, Fred acertou um petardo de fora da área e Ricardo defendeu para escanteio. Aos 35, novamente Fred deu um toque suave e Ricardo estava atento. Quando o gol de Jean cerrou as luzes do primeiro tempo, já fazíamos por merecer a vantagem. Mas é bom que se diga: Cavalieri fez uma grande defesa em chute diagonal no começo da partida, no primeiro contra-ataque que o Quissamã encaixou. Vitória parcial justa, suada, completamente Fluminense segundo a doutrina de Skylab. Valencia e sua garra, Digão e alguns tropeços, Neves e Sobis sem viço. Mas foi o suficiente.

Na volta para o tempo final, fizemos pressão absoluta em busca do segundo gol, sem sucesso inicial ou conclusões precisas, mesmo o penúltimo toque. Depois de meio-tempo, o Quissamã até ousou um pouco mais, abriu suas linhas, sonhou com o empate e seu primeiro gol no campeonato. Num chute de Bruno Neves, revelado pelo Flu, Cavalieri fez outra defesaça. Por sua vez, para não perder a viagem, Valencia entrou firme numa dividida e recebeu cartão amarelo. Tentávamos jogadas, principalmente cruzamentos, muitos deles errados ao atual estilo Carlinhos.

Num súbito, tudo mudou. Wagner, que tinha entrado em lugar de Sobis, imprimiu garra de disposição, às vezes agindo até como semi-lateral-esquerdo. Foi premiado aos 28 minutos: numa bela troca de passes, acertou um chute forte na diagonal esquerda e venceu a soberania de Ricardo, num gol muito parecido com o que Jean havia feito contra o Olaria. Com dois a zero no marcador, a tranquilidade assentou. No minuto seguinte, o golpe final da partida: Felipe veio a campo, incendiou o jogo, deu um ótimo passe para Fred desperdiçar e ainda cruzou a bola que gerou o pênalti a nosso favor, cobrado com potência e precisão de Fred no canto esquerdo. Três a zero e a certeza de que a contratação do veterano meia pode gerar bons frutos, contrariando as previsões precipitadas dos que não o queriam em nossa casa. Sempre sou favorável ao craque; além do mais, não torço por Felipe para que ele case com a minha filha: meu objetivo é vê-lo fazer grandes jogos com nossa camisa. Hoje, este jogo pode parecer sem importância; no futuro, caso suceda o bicampeonato carioca, a visão será bem diferente.

No fim, algum susto numa canelada da defesa, mas nada que desesperasse. O Fluminense, com seu perfil humano de acertos e erros, venceu mais uma e segue com tranquilidade os caminhos da Guanabara. É bom mesmo que não goleie, não dê show, não acenda holofotes estrambóticos: a história mais-que-centenária de Alvaro Chaves indica uma trajetória de lutas e dificuldades, isso independe de Abel. Nem todos os campeonatos são como o brasileiro de 2012. Já em contagem regressiva para a estreia na Libertadores, vivenciamos uma magnífica noite do Norte em Macaé. Nenhum espetáculo; apenas simplicidade, luta e o esperar até alcançar, tal como nosso hino ensina. Tudo tem seu tempo, seus sestros, suas dolências.

Paulo-Roberto Andel

Panorama Tricolor

@PanoramaTri @pauloandel

Contato: Vitor Franklin

11 Comments

  1. Andel, o Quissamã é a “baba do boi cansado”!
    Pra cima dos eternos vices!
    ST4!

    1. Paulo responde: Leo Prata, você chegou a ver a mensagem que te mandei há 15 dias? Estamos reformulando o site. HOT e 30 estão saindo na página do PANORAMA. Você já curtiu lá? Em caso positivo, é só conferir.

  2. Belo relato do jogo, grande Andel!
    E concordo: ninguém quer o Felipe para casar com a filha! hehehehe
    Mas o Peter – num programa de entrevistas – contou que os contatos que teve com ele extra-futebol – p.ex. na escola dos filhos de ambos – mostraram que o jogador tem outro comportamento agora. Traduzindo: ele não é mais aquele destemperado que dá socos na cara de adversários, a esmo e, talvez, sem motivo.
    Vem muito futebol bom no futuro do FLUZÃO! Pra mim, o Felipe é o novo Gérson; não precisa correr pra jogar! Jogará até os 40 anos!
    Vamos, FLUZÃO!!!!

  3. Direto de BH e cheio de saudade da Cidade Maravilhosa e dos amigos (volto hoje), eu vos digo: é inadmissível em pleno 2013 ainda acontecerem jogos num gramado como aquele! Neste aspecto tenho inveja dos europeus!

    No mais, vencemos a retranca e arregaçamos o Quissamã!

    Melhor parte do jogo: a torcida pedindo Felipe para desespero dos tricolebas comedores de meleca que fizeram aquela faixa!

  4. Eis a bela crônica do Andel em que ele afirma, com razão, que o gramado estava em melhores condições que a careca do Roberto Sander, no que concordo em gênero, número e grama, digo, grau. 😛

    1. Paulo responde: Ô Marciorocha, obrigado de sempre. PS: sem cantadinhas na Juliana, que isso castiga nossa amizade 🙂

          1. Paulo responde: Isso é quase um convite para um confronto de boxe. Levarei a luva na gravação de segunda 🙂

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