A crônica de Flu 2 x 1 Vasco (por Paulo-Roberto Andel)

A volta do Neves, o réquiem devido 

Chegado o fim do primeiro turno do campeonato brasileiro, ninguém tem mais dúvidas de que o Fluminense é um dos candidatos ao título nacional de 2012. Claro, a maravilhosa campanha até aqui poderá sofrer pequenas oscilações, naturais de uma competição com quase quarenta jogos. Contudo, nossa força está comprovada de vez e, não menos por isso, vencemos a eterna pedra no sapato chamada Vasco da Gama.

Um jogo de poucas finalizações do primeiro tempo, diante do minguado público que só o Engenhão é capaz de captar. Antes, fora do estádio, cenas repugnantes de violência, desta vez calcinadas com toda a energia da polícia – sempre deveria ter sido assim.  Depois, a linda homenagem do time a Félix, com os jogadores entrando em campo com a camisa de goleiro. Félix é uma espécie de síntese do que o Fluminense tem sido em sua história: batalhador, vencedor, mas sem contar com a honesta atenção dos meios de comunicação – e quando ela existiu, foi para apontar dois defeitos em meio a cem qualidades. O grande goleiro ainda foi saudado numa linda bandeira da torcida FluBar. Tudo afora a perda do observador técnico Robertinho (que os desavisados confundiram com o treinador campeão em 2002 e grande ponta da jornada de 1980), mais a saudade nos cem anos de mestre Nelson Rodrigues. Por baixo das camisas de goleiros, o time do Fluminense veio todo vestido com o branco da paz, uma espécie de réquiem aos dignos falecidos. Com Bruno, Wellington Nem, Edinho e Fred de volta, viemos a campo para vencer e convencer. Conseguimos, nem que não tenha sido nos 90 minutos.

Ainda sobre o jogo. Gum tirou uma bola perigosa de Alecsandro, mas ela não tomaria a direção do gol.  O Vasco mais presente inicialmente no ataque, principalmente com William Barbio em cima de Carlinhos. A resposta humilde veio numa boa cabeçada de Wellington Nem por cima do travessão, já com meia-hora de partida, depois do também bom cruzamento de Bruno. E então o Fluminense equilibrou as ações. Apesar das conclusões escassas, a partida teve boa velocidade. E poderíamos ter vencido se a jogada crucial do primeiro tempo tivesse sido validada: o legítimo gol de Fred aos 17 minutos, de cabeça, numa disputa com o zagueiro Douglas – este, se atirando ao chão como se tivesse levado um tiro de fuzil. O lance seria decisivo em mais uma tumultuada arbitragem de Marcelo de Lima Henrique, como de costume: inúmeros erros, desta vez contra os dois times.

Logo no segundo tempo, outro lance perigoso em nossa defesa culminou no toque de calcanhar de Alecsandro, devidamente exortado. A partida passou a pegar fogo, num movimentação avassaladora. Na defesa tricolor, Gum dava as cartas, um dos melhores em campo. Na frente, por muito pouco Fred não recebe o penúltimo toque para abrir o marcador. Neves acertou um chutaço em diagonal no ângulo direito, depois do passe de Nem – Prass fez uma defesa colossal.  Já Jean, comprometido com o resultado, acossou Juninho e recebeu cartão amarelo.

Antes do costumeiro, Abel sacou Wellington Nem, recém-recuperado de contusão, e lançou Rafael Sóbis. O Fluminense queria a vitória e, cinco minutos depois da substituição, 25 de jogo, Wagner cruzou da esquerda e Neves fez um daqueles golaços que tornam uma partida inesquecível: chute de primeira, canto direito de Prass, defesa inviável. Golaço! Mas todos sabem que nada é fácil para o tricolor: dada a saída, os vascaínos imediatamente reclamaram um pênalti com o braço de Carlinhos, a partida seguiu, a bola veio da direita e, por total infelicidade, Gum – um dos melhores em campo – acabou fazendo um gol contra, igualando o marcador. O que era fogo virou inferno – um clássico de verdade, mesmo diante das arquibancadas fake do Engenhão.

Diguinho entrou em campo no lugar de Jean. Depois Tenório, vascaíno perigoso, numa jogada iniciada em claro impedimento, quase fez um golaço irregular, mas o travessão impediu o desastre. Félix deve ter algo a ver com esta salvação. Wagner saiu para Samuel entrar e o jovem atacante, em condição legal, poderia ter feito o segundo gol – mas aí, claro, a arbitragem titubeou. Ainda tomou cartão amarelo. Alguém deveria ter poderes de substituir o árbitro por má performance técnica.

Finalmente, aos 41 minutos, o Fluminense mostrou de novo porque é o time cerrado com os últimos grãos da ampulheta. Falta pela esquerda, Fred na bola, Neves cobra por fora da barreira, acerta no canto direito sem defesa para Prass, a bola roça a trave e entra. Outro golaço, outra redenção. Finalmente livre da urucubaca de meses, Neves fez com a camisa do Fluminense sua primeira partida de grande impacto desde a final da Libertadores de 2008. Jogou como craque, foi decisivo, chamou para si as responsabilidades. Vejam que Fred, nosso craque do ataque, muito útil no auxílio à defesa, quase não foi mencionado. O sábado à noite teve os merecidos embalos com a trilha sonora de Thiago Neves. Quem não se lembra do “créu”. Desta vez, o réquiem devido a Félix, Robertinho e Nelson – este, há muito falecido mas eternamente presente em nosso cotidiano.

O empate atleticano tornou a diferença entre nós e eles ainda menor na tabela. Quarta-feira que vem, já temos mais um osso duro de roer pelo caminho: o Corinthians. O Fluminense está definitivamente na briga cabeça-com-cabeça. Quem viver verá? Sem discriminação: vivos e mortos serão fiéis testemunhas de mais uma incansável luta tricolor.


Paulo-Roberto Andel

Panorama Tricolor/ FluPress

@pauloandel

Visite também http://paulorobertoandel.blogspot.com

Contato: Vitor Franklin

2 Comments

  1. Andel, me faz medo a arbitragem, todo jogo tem um erro e sempre o mais prejudicado é o Fluminense!

    Acho que o Abel já faz planos para que Edinho e Diguinho voltem a jogar juntos!

  2. Manchete do globo on-line de domingo: “Torcida Young Flu virou uma facção criminosa” diz a mãe de tricolor preso. (2 vascaínos haviam sido agredidos).

    2 torcedores flamenguistas mataram um vascaíno semana passada e não mereceu a manchete do site. O que os flamenguistas tem de fazer para merecer o mesmo “destaque” dos tricolores.

    cosme rímoli em sua coluna de 25/08, disse que o brasileiro de 2010 caiu no colo do Flu porque outros times entregaram.

    Pelo visto ele nasceu em 2010 e não viu 2009…

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