Fred, além de ser o melhor homem de área do futebol brasileiro, tem a liderança necessária a qualquer time que aspira algo nas disputas. Em parte, sua falta pode ser suprida por Michael, que tem se mostrado um jogador que sabe fazer gols. Fica faltando a outra.Wellington Nem seria o ideal num jogo com as características que deve ter lá “em Grêmio”. Fluminense fechado, aguentando a pressão e partindo em contra-ataques; ninguém melhor do que o Wellington Nem para puxá-los. Se Rhayner tiver condições, deverá ser o escolhido, caso contrário, vamos de Sóbis. O ex-sem-gols tem a vantagem de correr o campo todo e, também, se apresentar à turma da frente. Sóbis, o chute.

O terceiro desfalque é o Thiago Neves. Além dos contra-ataques, a bola aérea é uma boa opção e o TN é o melhor colocador de bolas na área para a turma das alturas. Wagner sabe bater na bola, mas as bolas alçadas pelo camisa 10 são mais contundentes.

Para compensar o excesso de gente de fora, Jean retoma a sua posição. O seu passe é fundamental para a posse de bola. Por falar em Jean, Abel poderia moldá-lo como um controlador de jogo.

Como ainda estou em recuperação da cirurgia no joelho, tenho assistido futebol o dia todo. Uma coisa que tenho reparado é a questão da ligação direta. No futebol brasileiro, essa prática é muito mais utilizada do que nos campos europeus. E por quê? Muitos times de lá optaram por ter um jogador que faz a função de receber a bola da zaga para distribuir o jogo e manter-se sempre perto da bola para ser uma opção de passe. Joga entre as intermediárias. É um jogador com bom passe e ótimo preparo físico. Ao contrário do volante tradicional que, basicamente, faz a destruição das jogadas adversárias, muitas vezes recorrendo às faltas, é um dos jogadores mais qualificados do time. O Bayern tem o Schweinsteiger, o Borussia tem o Gündoğan, o Real Madrid, Xabi Alonso, o Liverpool, Lucas (antes era o Gerrard), Tottenham, o Parker. O Barcelona tem dois – Xavi e Iniesta – que se revezam na função. São jogadores de grande capacidade técnica, mas, acima de tudo, com muita consciência tática. Nunca colocam as mãos na cintura e deixam o circo pegando fogo com os bombeiros em greve.

No elenco do Fluminense, o jogador com mais qualidade para essa função é o Deco. No entanto, por motivos físicos não é possível. Quando está em campo, até tenta controlar o jogo, mas não consegue voltar na velocidade da bola. Então, vejo no Jean qualidades que podem torná-lo, em médio prazo, um bom controlador de jogo. O que mais acho interessante nessa função é que evita o chutão (ou a ligação direta, chiquemente falando) do goleiro ou dos zagueiros na saída de jogo e há transição da defesa para o ataque.

Para os mais antigos, parece até piada, mas, hoje, houve uma inversão de papéis: o jogo brasileiro é muito mais rápido do que o europeu, que é mais cadenciado.

Mauro Jácome

Panorama Tricolor

@PanoramaTri

Imagem: Canal Fluminense