45 anos da Máquina Tricolor (por Wagner Victer)

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Esta semana teremos a comemoração dos 45 anos da Máquina Tricolor.

Foi em um sábado de Carnaval, do dia 08 de fevereiro de 1975 que ao ritmo da bateria da Mangueira, a torcida do Fluminense invadiu o Maracanã para a estreia do Rivelino justamente contra seu ex clube, o Corinthians, com uma vitória passeio com direito a hat-trick (3 gols) de Rivelino, inclusive com um belíssimo gol de cobertura e outro de cabeça e peixinho.

Não existiria a Máquina Tricolor sem o grande gênio do futebol brasileiro! Não só o maior dirigente da história do Fluminense, mas do país e certamente do Universo, Francisco Horta.

Sem qualquer exagero, não houve Santos de Pelé, Botafogo de Garrincha, Ajax de Cruyff ou Barcelona de Messi, que chegou aos pés da Máquina Tricolor! Não falo isso como paixão do Tricolor ou pelos Títulos conquistados que aliás não foram tão expressivos, pois a Máquina Tricolor não jogava! Ela se apresentava como em um espetáculo de gala!

Nosso time era convidado para competições internacionais como o torneio de Paris e outros como Tereza Herrera e Ramón Carranza não como participante, mas como para dar um espetáculo que infelizmente a não disponibilidade na ocasião das mídias sociais não registraram a grandeza daquele momento.

A dimensão do Fluminense era tamanha que jogadores, lendas do futebol, como Pelé e Cruyff, fizeram questão de jogar em nossa equipe na ocasião na Máquina. Na ocasião até a Torre Eiffel tirou a bandeira da França para ostentar o nosso Pavilhão Tricolor. Para dar uma dimensão da nossa importância no contexto do Futebol Mundial, basta lembrar que a então Seleção da Alemanha, recém Campeã do Mundo em 1974, materializada no Bayer de Munich, com seus principais jogadores, entre eles Sepp Maier, Franz Beckenbauer, Gerd Müller, Rummenigge, Schwarzenbeck, Kappelman, entre outros, levou um passeio de bola no Maracanã quando saíram tontos e sem acreditar o porquê o Brasil não usou o lendário Cafuringa na Copa de 1974.

Falar de Rivelino, o Maestro, é certamente pouco, pois ele está em qualquer lista dos cinco maiores jogadores da história do futebol mundial e é referenciado por nada mais que Diego Maradona como o maior jogador que ele viu jogar.

Já Paulo Cesar Caju, meu amigo, que, aliás, sempre vejo em prestígio ao Flu em nossos jogos (estava no último jogo com o Boavista), foi o maior ponta esquerda do mundo, para saber o que tivemos. Aliás nesta ponta esquerda simplesmente tivemos simultaneamente PC Caju, Dirceuzinho, o motor, e Mário Sergio, o entortador de laterais, ambos saudosos.

Na lateral esquerda passaram nesse período somente Marco Antônio – Campeão do Mundo em 1970, Rodrigues Neto e Marinho Chagas, sem falar em Carlinhos, que hoje seria titular da seleção brasileira.

No meio, remanescentes do time de 1973. Craques como Manfrini (meu primeiro grande ídolo) e a dupla Pintinho – que jogava de terno – e o saudoso Cleber.

Na lateral direita simplesmente tivemos jogadores do porte dos saudosos Toninho Baiano, Carlos Alberto Torres e o sempre suplente Zé Maria, que não devia nada a qualquer outro lateral no país.

No gol, um estrelato que foi do nosso ícone Félix, também campeão do mundo, a goleiros como Renatão, Wendell e Nielsen que, vindo da nossa base, virou um dos maiores treinadores de goleiros do país e da Seleção Brasileira.

Na zaga, Silveira com seu canhão, Assis a seriedade da zaga, e Miguel, considerado na ocasião o melhor zagueiro do mundo, mais jovens que então iniciavam como Edinho e Abel, o atual Abelão.

Tivemos além de Renato, o goleiro, alguns que vieram do Flamengo no famoso toca-troca, como nosso motor Zé Mario e o saudoso anjo loiro – argentino – Doval, artilheiro do Carioca de 1976.

Na ponta direita, dois jogadores que merecem estátua nas Laranjeiras: primeiro o lendário saudoso Cafuringa, o maior driblador do país pela direita, após Garrincha, e o nosso ainda presente Búfalo Gil, que com seu drible facão e recebendo lançamentos de virada de olhos fechados de Rivelino, se tornou um grande artilheiro até da Seleção Brasileira.

Neste período, cerca de 20 jogadores da Máquina passaram pela Seleção Brasileira e isso nunca mais aconteceu no mundo, nem mais acontecerá! E essas peripécias nos eram narradas com todo o saber e sentimento das crônicas do saudoso e eterno Nelson Rodrigues.

O genial Francisco Horta, homem que fez as maiores contratações do futebol brasileiro, é vivo até hoje. No contraste com outros dirigentes de futebol, vive simplesmente em seu apartamento na zona sul com sua pensão, de magistrado carreira abortada por suas manifestações também polêmicas em prol da democracia no País.

Foi da Máquina e de Horta que vieram ou foram popularizadas expressões que nos marcam até hoje como “A Máquina”, “Vencer ou Vencer” e nosso eterno “Saudações Tricolores”. Foi da Máquina e do Horta que se criou o patrocínio nas camisas com o programa Mobral, do Ministério da Educação (MEC), e a vinda da Adidas para o Brasil como fabricante de material esportivo.

Aqueles que não compreenderam o Horta no troca-troca fortalecendo os outros clubes cariocas (confesso que reclamei muito à época), hoje podem compreender sua visão de “estadista no futebol”, quando atualmente nosso principal adversário, não interpretando o erro do aproveitamento da sua primazia, não tem a grandiosidade de compreender que só seremos fortes com a força de todos e com a manutenção do equilíbrio, disputas e até a saudável rivalidade, que enche os estágios e o torna um espetáculo diferente.

Espero que a atual Direção do Fluminense tenha a grandeza que a próxima Flu-Fest que acontecerá no próximo aniversário seja feita em homenagem a essa efeméride dos 45 anos da Máquina Tricolor e que os tradicionais crowdfundings sejam para produzir um Marco Eterno a ser colocado nas Laranjeiras à Máquina Tricolor, mais a aprovação de uma homenagem e entrega óbvia e merecida do Título de Grande Benemérito ao gênio e eterno Presidente, Francisco Horta, que até hoje não recebeu essa merecida homenagem.

Outra sugestão importante para a atual Direção do Fluminense é que todo material que seja lançado esse ano pela nova fornecedora de material esportivo, que é a Umbro, tenha um selo comemorativo estampado dos 45 anos da Máquina Tricolor.

Muitos, como eu, consideram o melhor e real período da Máquina Tricolor os anos de 1975 e 1976, quando fomos bicampeões Carioca. O período de 1977, mesmo com a chegada do saudoso Marinho Chagas (o Bruxa), não foi tão glorioso, até pela saída de alguns jogadores no “troca” com o Botafogo pelo próprio Marinho Chagas, mas também aquela trazendo Luiz Carlos Tatu do Vasco para cumprir uma função tática, mas longe do brilho das estrelas do biênio anterior.

No período de 1975/1976, além do eterno Policoringa, Rubens Galaxe, tivemos promessas surgidas da base como Erivelton, Geraldinho, Gildásio, Zé Roberto – remanescente de 1973 -, e o saudoso Gilson, o Gênio.

Tenho lembrança de diversos outros jogadores, mas como possivelmente ilustres tricolores estão produzindo o livro “O Lado B da Máquina Tricolor”, certamente estarão presentes, como a Comissão Técnica, dirigentes, mas não posso me esquecer de Pescuma (veio da Portuguesa), Wilton, Fernando, Adalberto e Aloísio.

Esse texto é uma homenagem a Máquina, que me fez quando garoto ainda mais tricolor, a seu Presidente Horta, todos seus jogadores e aos saudosos Félix, Toninho, Dirceu, Rodrigues Neto, Cafuringa, Cleber, Doval, Marinho, Chagas e Gilson o Gênio, que jogam nessa Máquina na eternidade dos nossos sonhos.

Panorama Tricolor

@PanoramaTri

#credibilidade

16 Comments

  1. Tenho o privilégio de trabalhar com esse ícone e idealizador da Máquina Tricolor, e qualquer adjetivo é pouco para expressar o que representa a figura desse gênio Francisco Horta. Magnânimo, figura humana de um coração sem tamanho, com a grande qualidade de fazer amigos. Deixo aqui meu cumprimento especial por enaltecer esse momento histórico e a impecável história do maior Maquinista de todos os tempos: Francisco Horta!

  2. Tenho o privilégio de trabalhar com esse ícone e idealizador da Máquina Tricolor, e qualquer adjetivo é pouco para expressar o que representa a figura desse gênio Francisco Horta. Magnânimo, figura humana de um coração sem tamanho, com a grande qualidade de fazer amigos. Deixo aqui meu cumprimento especial por enaltecer esse momento histórico e a impecável história do maior Maquinista de todos os tempos: Francisco Horta!

  3. Também estava lá contra o Bayern e nunca esqueci de uma defesa do Sepp Maier , que segurou a bola com apenas uma das mãos, numa patada atômica do Rivelino. Oh saudade…saudações tricolores

  4. Qualquer amante do futebol tem saudade de times desse quilate. Apesar de botafoguense apaixonado fui muitas vezes assistir a máquina tricolor. E, como lembrastes bem, tudo pela gestão eficiente de Francisco Horta, que enxergava o futebol com outra lente. Teve a grandeza de fortalecer os adversários, consciente de que um maior equilíbrio seria ( como foi!) benéfico ao futebol carioca.

  5. Merecida homenagem, vivenciei tudo pessoalmente da nossa gloriosa máquina..Parabéns querido padrinho, ja erra tempo de fazer o muito que foi feito pelo nosso eterno e único presidente.bjs

  6. Horta, o verdadeiro campeão, pela sua visão futurista,o construtor de pontes e não de muros em nossa sociedade! Parabéns Fluminense e Provedor Francisco Horta

  7. O texto além de belíssimo e bem explicado , para aqueles que não viram , eu tive o imenso prazer de ver e vibrar , momentos de alegria e tristeza , pois quiseram os Deuses do Futebol , por puro capricho que este time não fosse campeão brasileiro tão pouco chegasse a libertadores , o texto seria irretocável se não fosse esquecer de mencionar está maravilhosa torcida e o canto que vinha da arquibancada , é covardia , é covardia , o Fluminense com Rivelino , Paulo Cézar e companhia
    Parabéns…

  8. Os tricolores devem sentir saudades mesmo.
    Nunca mais o fluminense foi o mesmo e passou de máquina a vagão.
    Só funciona puxado….

    1. Também estava lá contra o Bayern e nunca esqueci de uma defesa do Sepp Maier , que segurou a bola com apenas uma das mãos, numa patada atômica do Rivelino. Oh saudade…saudações tricolores

  9. Excelentes recordação, texto e lembranças emocionantes para mim, tricolor de coração, time tantas vezes campeão. Vivi belos momentos nadando , jogando vôlei e assistindo nosso time apresentar obras de arte futebolística inesquecíveis.
    Saudações tricolores.

  10. Belíssimo. Hoje, em vez de Rivelino, Felipe não sei das quantas; em vez de Horta, Mário.

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