Planejando o Fluminense 2022 (por Aloisio Senra)

Tricolores de sangue grená, como só nos resta mesmo a estéril disputa de uma vaga na Libertadores via Campeonato Brasileiro, é bom que já falemos do planejamento do ano que vem, para que não fiquemos mais uma vez pelo caminho e possamos conquistar algum título após tanto tempo em jejum. A saída de Nenê gerou uma economia de pelo menos R$ 300 mil na folha de pagamento, e como o Fluminense ofereceu cerca de R$ 750 mil ao Daniel Alves (que recusou a contraproposta feita à pedida de R$ 1 milhão que ele queria, isso porque, segundo o jogador, não é por dinheiro), isso quer dizer que, pelo menos, esse valor estaria “sobrando” para pagar a ele. Ou será isso mesmo? Falou-se também abertamente que as saídas de Muriel, Egídio e Hudson possivelmente seriam necessárias para poder bancar o salário do lateral-direito. Como ele não vem, isso quer dizer que seus contratos serão renovados? Vamos falar um pouco sobre a possível barca, e o que o Fluminense deveria fazer com alguns de seus atletas que não têm mais o que fazer no Fluminense.

Começando pelo gol, é fácil ler ou ouvir por aí influencers de boteco defendendo a contratação de um goleiro titular, como se alguém hoje fosse chegar e imediatamente barrar o Marcos Felipe. Chega a ser engraçado. Por outro lado, Muriel já disse que quer jogar e, mesmo tendo contrato longo, uma rescisão amigável seria bom para as duas partes. Se o Fluminense for trazer um goleiro, certamente seria de bom tom trazer um arqueiro de bom nível para disputar a posição de titular com o Marcos Felipe, não para colocá-lo no banco assim que chegasse. O contrato de João Lopes vai se esgotar agora e não vejo muito sentido em renová-lo. Na zaga, talvez fosse interessante emprestar Matheus Ferraz (ou tentar uma rescisão amigável), principalmente se a negociação com David Duarte sair. Nas laterais, temos a oportunidade de nos livrarmos de Egídio, pois seu contrato finda em dezembro, e não podemos desperdiçá-la. Já passou da hora de Marcos Pedro e Jefté ganharem chances, e ainda tem Marlon para testarmos. Se houver revezamento, naturalmente Danilo Barcelos acabará preterido.

Hoje temos na volância dois nomes que não combinam com o Fluminense: Hudson e Wellington. O primeiro terá seu contrato de empréstimo encerrado em dezembro e o correto é dispensá-lo, principalmente porque poderá voltar para o São Paulo. Para mim, isso não tem nada de desumano. Wellington, por outro lado, completou o mínimo de jogos para conseguir sua renovação automática, mas está atrás de muita gente. A torcida precisa pressionar para que ele seja ao menos emprestado, para que possamos ver os volantes de qualidade da base (como Wallace e Alexsander) tendo uma chance. Já na meia temos Cazares fazendo hora extra, claramente sem condições de jogar com a nossa camisa. Apesar de não encerrar seu contrato agora, é mais um que talvez valesse a pena tentar uma rescisão amigável ou um empréstimo, trazendo algum jogador para o seu lugar que realmente fizesse sentido, já que temos uma certa carência na base com relação a essa posição, e não podemos depender inteiramente do Ganso.

No ataque, Abel e Bobadilla terão seus contratos finalizados no fim do ano, e Lucca em abril de 2022. O salário de Abel é alto demais para o que ele entrega, e essa é a posição mais frutífera da base do clube, então eu o dispensaria. Ao mesmo tempo, tentaria negociar com Lucca para antecipar o fim de seu contrato. Já Bobadilla penso que vai depender do que o Fluminense pretender fazer. Fred já não está rendendo muito, e pretende encerrar a carreira no meio do ano que vem. Dispensar Bobadilla sem ter um substituto imediato para Frederico não me parece sábio. O salário do paraguaio não é elevado, a quantia a pagar para tê-lo em definitivo também não, e ele tem sido importante nos últimos jogos. A menos que o Fluminense contrate um centroavante indiscutível, eu renovaria com o Bobadilla. Apesar de John Kennedy, para mim, ser mais jogador e o futuro titular da posição, ainda é importante ter um reserva razoável, e vejo no paraguaio esse jogador. Como sua forma física às vezes deixa a desejar, eu tentaria fazer um contrato de produtividade com ele.

Por último, e não menos importante, temos que falar do comando técnico. O Fluminense pretende manter Marcão se ele nos levar à Libertadores? Ou fará como na temporada passada, trazendo um treinador para iniciar um trabalho? Acredito que as opções palpáveis no mercado brasileiro são muito fracas, então ou o Fluminense usa esses R$ 750 mil poupados e investe num treinador de ponta, ou é melhor trazer um estrangeiro do mercado sul-americano que tenha feito um trabalho de destaque. Não dá é pra vir um treinador nível Barroca para iniciar mais um ano de Libertadores com o Fluminense. Enfim, mesmo com essas dispensas, há posições realmente ainda carentes que terão que ser reforçadas, e é bom que o Fluminense seja certeiro. Nós, torcedores, temos que cobrar que o critério para o ano que vem seja técnico, não os conchavos com empresários. O ano de 2022 é de eleição, e Mário vai querer montar um time para impressionar os sócios. Fiquemos em seus calcanhares.

Curtas:

– Fazia tempo que o time não tinha tanto tempo para treinar. Que consigamos ver evolução dentro de campo e fora dele também. Apesar da arbitragem ter nos tirado a vitória em Cuiabá, Marcão errou em duas substituições por conta da má escolha para compor o banco. Precisa começar a acertar isso.

– O Bragantino deve poupar jogadores para o confronto com o Flu, logo não há razão para esperar qualquer coisa diferente de uma vitória. Hora de voltar a vencer em casa.

– John Kennedy, Matheus Martins e Wallace. Esses são os três jogadores que podem evitar que tenhamos que ver em campo Lucca, Cazares e Wellington. É preciso começar a dar rodagem para a base sendo opção imediata, caso contrário nunca terão como mostrar seu valor.

– Palpite para a próxima partida: Fluminense 1 x 0 Bragantino.

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