1984 – VIII (por Mauro Jácome)

(L-R) Brazilian Ayrton Senna, French Ala

1984 – Capítulo 8 – Estrelas em campo e nas pistas

Após três jogos na segunda fase da Copa Brasil – Bahia, Goiás e São Paulo – o Fluminense liderava o Grupo I, com cinco pontos, dois a mais que o Bahia, segundo colocado. Na quarta-feira, 21 de março, o tricolor entrou em campo para enfrentar novamente o Bahia, agora em casa. Além do folclórico Beijoca, o Bahia apostava na experiência de Osni, então, com 34 anos. Era a terceira passagem do veloz ponta-direita pelo time baiano. Osni ganhara duas Bolas de Prata: em 72 e 74, só que, ambas, pelo Vitória.

No Maracanã, Osni marcou um gol, mas não foi o suficiente. O Fluminense estava embalado e já pintava entre os favoritos. Leomir e o Casal-20 fizeram os gols tricolores.

FICHA TÉCNICA

FLUMINENSE 3 X 1 BAHIA

Árbitro: José de Assis Aragão (SP); Renda: Cr$ 20.524.500,00; Público: 15.580
Gols: Leomir (pênalti) 17 e Osni 26 do 1º Tempo; Washington 15 e Assis 21 do 2º Tempo.
Fluminense: Paulo Victor, Getúlio, Duílio, Ricardo e Renato; Leomir, Delei (Renê, 27 do 2º) e Assis; Wilsinho, Washington e Tato. Técnico: Carbone.
Bahia: Ronaldo, Edinho, Gabriel, Édson Soares e Paulo César; Helinho, Ralph e Emo; Osni (Róbson, 32 do 2º), Beijoca (Héber, intervalo) e Toninho Taino. Técnico: Florisvaldo Barreto.

Novela para contratar, novela para estrear. No campo, o Fluminense ia derrubando os adversários, um a um. Fora de campo, lutava para derrubar as barreiras burocráticas para regularizar sua maior estrela. Enquanto isso, o paraguaio treinava, treinava, treinava:

Atração

Enquanto reprime sua “gana” (desejo) de jogar, Romerito vai fazendo a alegria dos reservas. As vitórias dos titulares nos treinos, agora que ele joga pelos reservas, tem sido poucas e ontem, mais uma vez, ele virou o marcador, fazendo 2 a 1. (JB, 24/3/1984)

Quarta, domingo, quarta, domingo, quarta… E tome campeonato. Interessante que, naquele tempo, o Brasileiro tinha quatro meses de duração. Hoje, tem quase sete (190 dias). Em 1984, com 26 jogos, tínhamos uma média de um jogo a cada 4,6 dias. Em 2012, com 38 jogos, a média é de um jogo a cada cinco dias. Não há muita diferença.

No penúltimo jogo da segunda fase, o Fluminense, com vários reservas, recebeu o São Paulo. A maratona ia fazendo suas vítimas. Mesmo assim, o tricolor foi para cima do time de três cores e o placar não foi alterado. Culpa da justiça, que, há mais de século, nega-se a entrar num campo de futebol.

FICHA TÉCNICA

FLUMINENSE 0 X 0 SÃO PAULO

Árbitro: Carlos Sérgio Rosa Martins (RS); Renda: Cr$ 43.276.800,00; Público: 33.367
Fluminense: Paulo Victor, Aldo, Duílio, Ricardo e Renato; Leomir, Renê e Assis; Ronaldo (Beto, 31 do 2º), Washington (Rogério, 36 do 2º) e Paulinho. Técnico: Carbone.
São Paulo: Waldir Peres, Paulo Roberto, Oscar, Darío Pereyra e Nelsinho; Zé Mário, Humberto e Renato; Pianelli (Jaiminho, 23 do 2º), Agnaldo e Sidnei. Técnico: Mário Travaglini.

São Paulo não vence o misto do Fluminense

O São Paulo foi surpreendido, ontem no Maracanã, pelo Fluminense, que apesar de desfalcado de cinco titulares dominou a partida, perdeu pelo menos três gols certos e ainda teve contra si o juiz gaúcho Carlos Sergio Rosa Martins, que deixou de marcar dois pênaltis contra o time paulista. Ao final, o empate de 0 a 0, se foi injusto para o Fluminense, garantiu à equipe carioca o primeiro lugar no grupo I (Folha de São Paulo, 26/3/1984).

A presença de trinta e três mil torcedores poderia ser considerada fraca, devido ao porte do jogo, dos adversários e da fase do Fluminense. No entanto, não só os desfalques teriam afastado o público: era domingo de Fórmula Um, em Jacarepaguá. Não era tempo de Rubinho, nem de Massa, mas de Piquet e de Senna. E de Mansell e de Prost. Outros tempos, mas os brasileiros não foram bem:

Na vitória de Alain Prost torcida só teve desilusão

Depois de horas sob um sol intenso, o público saiu decepcionado do autódromo de Jacarepaguá, com a desistência de Piquet e Ayrton Senna. (…) Ayrton se recuperava de uma má largada ainda na volta inicial, que fechou na 13ª posição, caíra para 14º na segunda, quando decidira fazer uma corrida prudente, e para 15º na quarta, superado por Jacques Laffite. Na sétima, uma antes de parar, ele perdeu mais um lugar, dessa vez para Piquet. (…) A única atração, então, era a espetacular e arriscada recuperação de Piquet: 24º na primeira volta, 21º na segunda, 19º na terceira, 17º na quinta, 16º na sexta, 15º na sétima, 14º na nona, 13º na décima, 12º na 12ª, 11º na 13ª, 10º na 15ª, 9º na 17ª, 8º na 27ª, 7º na 30º. Piquet abandonou na 32ª volta, quando já dava a impressão de que seria o vencedor (…) (Folha de São Paulo, 26/3/1984).

Numa folga da tabela, o Fluminense aproveitou para colocar Romerito em campo pela primeira vez. Os problemas com documentação fizeram com que a torcida fosse para o sofá. O jogo de estreia aconteceria em Assunção, no Defensores del Chaco, contra um combinado do Cerro Porteño e do Sol de América.

Romerito compara jogo ao Fla-Flu

Pode até ser surpreendente, mas Romerito preferia muito mais estrear num jogo pela Copa Brasil, no Maracanã, a enfrentar o Cerro Porteño, em Assunção, num simples amistoso. Jogar contra o time de maior torcida do Paraguai, segundo ele, significa o mesmo que um Fla-Flu em decisão de titulo (JB, 28/3/1984).

E o gol único do jogo, marcado pelo novo ídolo, encheu de esperanças os tricolores:

FICHA TÉCNICA

COMB. CERRO PORTEÑO/SOL DE AMÉRICA-PAR 0 X 1 FLUMINENSE

Comb. Cerro Porteño/Sol de América: Ayala, Caballero, Jara, Amando e López; Garay, Olmedo e Mendonza (Mercado); Pérez, Alfonso e Cartaman. Técnico: Sílvio Parodi.
Fluminense: Paulo Victor (Ricardo Lopes), Getúlio, Duílio, Ricardo e Branco; Leomir, Delei e Assis; Wilsinho, Romerito e Tato (Paulinho). Técnico: Carbone.

No próximo capítulo, o que era inflação e o fim desta fase da Copa Brasil.

Até lá.

Mauro Jácome

Panorama Tricolor

Revisão: Rosa Jácome

Capítulo 7: www.panoramatricolor.com/1984-vii-por-mauro-jacome

Demais fontes:
www.futebol80.com.br
Revista Placar

Imagem: www.globo.com

3 Comments

  1. Caraca, tô sofrendo capítulo a capítulo, como nos jogos daquele ano mágico!
    Vou fazer (?) 50 anos este mês, se o Mauro não parar o meu coração antes……

  2. Mauro, esse jogo contra o combinado paraguaio, foi o primeiro
    jogo que me recordo de ter visto do nosso fluzão.
    Romerito foi sensacional, nessa maravilhosa geração,
    que conquistou tantos títulos.
    ST4!

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