1984 – VII (por Mauro Jácome)

1984 – Capítulo 7 – Agora é para valer

1984 – Capítulo 7 – Agora é para valer

Com um ponto na bagagem na volta de Salvador, em sua estreia na segunda fase, o Fluminense, três dias depois, quarta-feira, 14 de março, voltou a campo e recebeu o Goiás no Maracanã. Na escalação, o time goiano trazia dois jogadores que, futuramente, jogariam pelo tricolor: Zé Teodoro (1992-1993) e Cacau (1988-1989), que foi trocado, com o Corinthians, pelo ponta-esquerda Paulinho.

FICHA TÉCNICA

FLUMINENSE 3 X 0 GOIÁS

Árbitro: Roque José Gallas (RS); Renda: Cr$ 13.742.700,00; Público: 10.075
Gols: Assis 26 do 1º Tempo; Leomir (pênalti) 43 e Washington 45 do 2º Tempo.
Fluminense: Paulo Victor, Getúlio, Vica, Ricardo e Branco; Leomir, Delei e Assis; Wilsinho (Rogério, 30 do 2º), Washington e Tato (Paulinho, 33 do 2º). Técnico: Carbone.
Goiás: Édson, Zé Teodoro, Timoura, Gílson Jáder e Nonoca; Carlos Alberto, Zé Ronaldo (Mairon César, 32 do 2º) e Carlos Magno (Nei, 30 do 2º); Ílton, Washington e Cacau. Técnico: Vail Mota.

Flu vence Goiás com facilidade

Com um a atuação excelente em todo o primeiro tempo, seguida de um hiato que chegou a provocar vaias da torcida, e de um ótimo final, o Fluminense derrotou o Goiás por 3 a 0, ontem, no Maracanã, e assumiu a liderança isolada do Grupo I da Copa Brasil, beneficiado pelo empate entre São Paulo e Bahia (JB, 15/31984).

O jogo seguinte à boa vitória sobre o Goiás seria contra o São Paulo. O Fluminense havia jogado dez jogos pela Copa Brasil e o time paulista seria o segundo concorrente ao título a ser batido. E que concorrente! Waldir Peres, Oscar, Darío Pereyra, Nelsinho, Renato, Zé Sérgio. O São Paulo era um fiel representante da máxima: “Bom, do goleiro ao ponta-esquerda”.

Waldir Peres foi um dos melhores goleiros que já vi. Infelizmente, foi-lhe atribuída uma injusta responsabilidade pelo fracasso na Copa de 82. Darío Pereyra, também, foi um jogador espetacular. Meia-atacante de origem, o uruguaio teve dificuldades de se adaptar a essa posição no futebol brasileiro. Carlos Alberto Silva, quando técnico do São Paulo, resolveu improvisá-lo na zaga e, a partir daí, o futebol dele cresceu. Tinha um estilo muito parecido com o do Edinho: raça com classe. Rápido, líder em campo, subia muito ao ataque, marcando muitos gols. Ao seu lado, atuava outro jogador que marcou época: Oscar. Baita zagueiro, mas não enfrentou o Fluminense. Nelsinho era um bom lateral, mas deu o azar de ter atuado numa época em que surgiu Branco. Renato, apesar das dificuldades nas conclusões (apelidado de “pé-murcho”), tinha um excelente drible na corrida. Para fechar essa meia-Seleção, Zé Sérgio, um dos últimos exímios pontas-dribladores do futebol, característica extinta pela evolução dos sistemas táticos.

Com relação ao jogo, o Fluminense passeou no Morumbi, mesmo com toda a força do time do outro lado. 2 a 0 foi pouco:

Fluminense derrota o São Paulo de 2 a 0, mas poderia até golear

Mesmo sem ser brilhante, o Fluminense foi um time tão correto que poderia ter goleado o São Paulo, ontem, no Morumbi, e não ter ficado nos 2 a 0, gols de Washington e Rogério. Só precisava que o juiz mineiro Edson Alcântara do Amorim marcasse dois pênaltis claros, um no primeiro tempo, de Dario Pereyra em Washington, e outro no segundo, de Gassem em Leomir. O Fluminense não deixou que Marcão cabeceasse com liberdade e vigiou ao máximo os deslocamentos de Renato ou Marco Araújo pela direita (JB, 19/3/1984).

FICHA TÉCNICA

SÃO PAULO 0 X 2 FLUMINENSE

Árbitro: Édson Alcântara do Amorim (MG); Renda: Cr$ 20.862.400,00; Público: 18.437
Gols: Washington 6 do 1º Tempo; Rogério 37 do 2º Tempo.
São Paulo: Waldir Peres, Paulo Roberto, Gassem, Darío Pereyra e Nelsinho (Agnaldo, 29 do 2º); Márcio Araújo, Renato e Jaiminho; Pianelli, Marcão e Zé Sérgio (Sidnei, intervalo). Técnico: Mário Travaglini.
Fluminense: Paulo Victor, Getúlio, Duílio, Ricardo e Branco; Leomir, Delei e Assis; Wilsinho (Rogério, 28 do 2º), Washington e Tato. Técnico: Carbone.
Uma menção ao treinador são-paulino daquela época: Mário Travaglini. Mário fora técnico do Fluminense e dirigiu nada mais, nada menos, do que a Máquina. Entre os vários times montados pelo ex-presidente Horta, treinou o melhor de todos, o de 76. Duas das principais partidas do Fluminense naquele período tiveram, no banco, Mário Travaglini:

FLUMINENSE 1 x 0 VASCO
Final do Campeonato Carioca

Data: 03/10/1976 – Maracanã; Público: 127.052 pagantes
Gol: Doval aos 119′
Fluminense: Renato; Rubens Galaxe, Carlos Alberto Torres, Miguel e Rodrigues Neto; Carlos Alberto Pintinho, Paulo Cézar e Rivellino; Gil, Doval e Dirceu. Técnico: Mário Travaglini.
Vasco: Mazaropi; Toninho, Abel, Renê e Luís Augusto; Zé Mário, Gaúcho e Luiz Carlos; Dé (Fumanchu), Roberto Dinamite e Galdino. Técnico: Paulo Emílio.

FLUMINENSE 1 X 1 CORINTHIANS
Semifinal do Campeonato Brasileiro de 1976

Data: 05/12/1976 – Maracanã; Público: 146.043
Gols: Carlos Alberto Pintinho 18min e Ruço 29min 1º tempo
Fluminense: Renato, Rubens Galaxe, Carlos Alberto Torres, Edinho e Rodrigues Neto, Cléber (Erivélto), Carlos Alberto Pintinho e Rivellino; Gil, Doval e Dirceu. Técnico: Mário Travaglini
Corinthians: Tobias, Zé Maria, Moisés, Zé Eduardo e Wladimir; Givanildo (Basílio), Ruço e Neca; Vaguinho, Geraldão (Lance) e Romeu. Técnico: Duque

Comparando as duas escalações nesse jogo do Brasileiro de 76 e sabendo do que aconteceu, dá vontade de chorar.

No próximo capítulo, o Fluminense vai ao Paraguai.

Até lá.

Mauro Jácome

Panorama Tricolor

@PanoramaTri

Revisão preliminar: Rosa Jácome

Capítulo 6: http://www.panoramatricolor.com/1984-vi-por-mauro-jacome/

Demais fontes: www.futebol80.com.br

Imagem: www.ftt-futeboldetodosostempos.com

3 Comments

  1. Bacana como sempre, Mauro!
    Mais pra frente, veremos outro “baile”, no Morumba!
    Dessa vez, em cima dos de Parque São Jorge.
    Aguardemos…
    ST4!

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