1984, 29 anos depois (por Paulo-Roberto Andel)

FLUMINENSE 1984

Eu estava lá. Nós estávamos lá.

Foi duro, difícil, sufoco, como reza a nossa tradicional estrada.

Tínhamos um timaço, o Vasco também.

A preocupante vantagem do empate era nossa, a mesma que tínhamos sabido usar tão bem em casa na semifinal contra o Corinthians.

Aliás, o jogo do Morumbi explica tudo o que vivemos: depois daquela partida, só Deus podia tirar o campeonato das mãos do Fluminense – e ele não parecia ter a intenção.

Romerito tinha sido nosso herói no 1 x 0 da primeira partida, ele que há pouco havia chegado a Álvaro Chaves e já vestia as cores de um título inesquecível.

O Maracanã lotado. Eu era escoteiro e entrei de graça com meu amado e inesquecível amigo Fred, rubro-negro que nem acompanhava futebol, mas embasbacado com a plateia, as cores, a emoção de um Brasil que já não existe.

Foi o 0 x 0 mais eletrizante que já vi.  Deve ter durado uns trezentos minutos.

O Maracanã respirava tensão, sussurros e gritos até contidos. Não podíamos tomar gol, o Vasco não podia sequer empatar.

Eu era garoto, tinha quinze anos, todo o mundo pela frente e naquele tempo, o Fluminense ficar dois anos sem ser campeão – tal como agora – parecia um desastre. Vínhamos de 81 e 82 na “seca”, Benedito de Assis se tornou imortal em 83 e, num pulo, o Flu dava as cartas para se tornar de novo o rei do Brasil.

Como sempre, éramos desacreditados. Parreira entrou no lugar de Carbone e a imprensa logo tratou de ridicularizar – tinha sido demitido da CBF e precisava reconquistar prestígio. Reconquistar? Parreira É o prestígio.

Nas fases finais, o Fluminense foi uma máquina assustadora. Fria, cerebral, magnífica, jogadores em giro e triangulações que não paravam, tudo meio Parreira, Zezé Moreira, Telê e Rinus Michels juntos – na verdade, 100% Parreira.

Wilsinho entrava sempre no segundo tempo para matar os adversários.

Romerito era um monstro.

Assis era mais Assis do que nunca. Delei, gênio.

Quando a coisa apertava, São Ricardo Gomes resolvia. Em última instância, São Paulo Victor voava três vezes acima do travessão.

Nosso Renato “Cotia” fazia as vezes de Branco.

Por tudo isso e muito mais, o Fluminense era campeão até mesmo quando não vencia uma partida final. E era bicampeão brasileiro, contrariando as manchetes.

Hoje, 29 anos depois, esse amor e essa lembrança estão intactos. Parecem um beijo de adolescente. E são. E é!

Viva a Máquina dos anos 80!

Paulo-Roberto Andel

Panorama Tricolor

@PanoramaTri @pauloandel

Em homenagem ao amigo tricolor Eugênio Castro

ANUNCIO 1995

4 Comments

  1. Esta época foi o auge de minha presença no Maracanã, raramente eprdendo um jogo.

    Ao ver a partida que o Flu fez contra o VR, se minha memória não estiver enganada, pela terceira rodada do Carioca de 1983 (sem parar para olhar os arquivos), já tinha a certeza do futuro vitorioso do time, pois o que os jogadores jogaram numa partida em que o outro time se matou em campo me deu esta segurança e foi o início de várias apostas que ganhei dos meus amigos flamenguistas.

  2. Time inesquecível! Não vi jogar esse time, pois tinha na época 4 anos.
    Mas, nem por isso, deixarei de celebrar, esse que foi um de nossos melhores esquadrões!

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