Passeando pelas ruas da capital madrilenha pude observar que o Real Madrid é mais do que um clube: é uma religião. Os fanáticos adoradores do clube desfilam orgulhosos suas camisetas, lojinhas do clube se espalham por vários pontos da cidade e jovens em grupos cantam sua paixão em bares e locais públicos. Vi várias coberturas de rádios e TV nas praças públicas conclamando a torcida para a batalha contra o Borussia Dotmund. Acreditam de fato na vitória para seguir na Liga dos Campeões.
Os merengues estão mordidos e querem a forra. As ruas estão coloridas com as cores do Real e o Santiago Barnabéu se prepara para a batalha do ano. Não será fácil vencer os alemães, que sabem muito bem se retrancar e fechar os espaços do campo, mas quem tem Cristiano Ronaldo pode sonhar alto. Se estiver inspirado ele faz história.
Fico pensado cá com meus botões como somos diferentes quando se trata de demonstrar a nossa paixão. Talvez por termos tantos times fortes numa mesma cidade a divisão atenue o fanatismo e acalme os ímpetos. Se comparar o que vemos no Rio de Janeiro e em São Paulo com o que vi em Londres, Barcelona e em Madri, onde o futebol provoca uma histeria coletiva, não dá para entender o por quê de sermos chamados o país do futebol, a não ser pelos títulos que a nossa seleção conquistou. A nossa manifestação clubística é menor e não exploramos comercialmente tão bem as marcas dos clubes como os europeus o fazem. Aqui o Boca Juniors é mais conhecido do que o Flamengo ou o Corinthians. Do ranking dos dez maiores clubes brasileiros praticamente nenhum é lembrado por aqui. Não criamos prestígio no exterior por termos passado um bom tempo desinteressados pela Copa Libertadores. Não adquirimos renome internacional por ficarmos ausentes de competições internacionais com as conquistas do Corinthians, do Internacional e, mais distante, do Grêmio e do Flamengo. É claro que somos lembrados, mas não temos a mesma importância que damos ao futebol europeu. Aqui ninguém vê os jogos dos campeonatos sul-americanos, em geral jogados em estádios decadentes, pequenos, com gramados ridículos e completamente decolados do conceito moderno de estádio de futebol. A não ser por curiosidade, por alguma ocorrência anormal, os programas de esporte raramente noticiam jogos do Brasil, diferentemente das mesas redondas brasileiras, que abrem imensos espaços para falar dos campeonatos europeus ou para transmitir jogos ao vivo. É muito pouco para quem é pentacampeão do mundo.
No final das contas, nossos jogadores é que têm garantido algum prestígio ao nosso futebol. Os europeus hoje não acreditam na força do futebol brasileiro e crêem que a Copa de 2014 ficará entre a Alemanha, a Espanha, a Inglaterra e a Argentina. O Brasil só tem a vantagem de sediar a Copa, anda mais.
Abraços diretamente de Madrid.
Jorge Dantas
Panorama Tricolor
@PanoramaTri
bem dito….eh assim mesmo, morei em Madrid e la os madridistas amam o clube. os colchoneros lembram meu botafogo, uma torcida pequenina q mal faz barulho e sempre sofrida. apanha do madrid ate mesmo em casa ha 12 anos….la eles nem sabem ou conhecem nossos times…tbm, com o futebolzinho apresentado aqui….