É sempre assim: começo de ano, muita gente de férias, praias cheias, estradas fervilhando, gente bonita pra cima e pra baixo, sol e chuva em abundância no Rio de Janeiro. E começa também meio sem graça, cheio de preguiça e ressaca do réveillon. E, pior, sem futebol.
Aos poucos o planeta verde e amarelo do futebol vai esquentando. A copinha São Paulo inaugura nosso calendário e a garotada dos mais remotos rincões se mistura à elite do sul maravilha para tentar um lugar ao sol e escapar da miséria ou do ostracismo. Acalentam o sonho de um dia ser um Messi, um Neymar ou um Fred da vida.
Para o Flu a copinha terminou nesta terça-feira com uma incrível derrota nos pênaltis para o Cruzeiro. Os meninos de Xerém começaram bem o jogo, mas de cara tivemos um sinal de que algo não estava bem. O jovem Biro-Biro, jogador com nome de passarinho, começou a sua noite de estrela, protagonista do jogo. De cara, perdeu um gol fácil, dentro da área, de frente, sozinho. Errou feio!
Em seguida, nosso herói da noite às avessas recebe uma bola em posição legal e chuta pra rede. “Gol legal”, como diria Mário Vianna, mas erradamente anulado pela marcação de um pseudo-impedimento pelo bandeirinha.
Segue-se uma falta junto à lateral ao lado da área tricolor, uma bola vadia alçada preguiçosamente na área do Fluminense, um leve desvio e a bola entra quase que direto. É aquele golzinho chato de ver, mas que se repete muitas vezes em cobranças de falta nas laterais da área.
O time reage, domina o Cruzeiro e empata numa cabeçada de Zé Lucas, falha do goleiro celeste. Continua dominando e vai perdendo gols seguidos, um deles com Zé Lucas, que cabeceia para o gol vazio, mas o beque do Cruzeiro salva milagrosamente.
Volta para o segundo tempo e depois de algumas boas jogadas dos dois lados, o jogo se tornou meio chato, em marcha lenta. De repente, pênalti. Biro-Biro, ele mesmo, foi derrubado na área e de imediato se apresentou para a cobrança. O juiz autoriza, lá vai o garoto cheio de moral, com aquele passinho à moda Neymar, corridinha miúda e pimba, na nuvens. Quase igual ao mesmo pênalti perdido pelo Neymar no jogo Brasil x Colômbia nos EUA em 2012, com direito a escorregão e tudo.
No finalzinho do jogo outro lance esquisito: chute tricolor da entrada da área entra direto no gol. Novamente o bandeirinha, agora do outro lado, assinala impedimento. Um dos nossos atletas, em posição de impedimento, parece ter se desviado da bola e “atrapalhado” o goleiro cruzeirense. Resultado: o jogo foi para a decisão nos pênaltis. Perdemos a chance de vencer durante o tempo normal e levamos a decisão para a sorte.
O Cruzeiro começa a série de cobranças. Gol pra cá, gol pra lá e novamente nosso personagem reaparece para bater nova penalidade. Biro-Biro pega a bola, coloca na marca da cal, se afasta, dá aquela corridinha à la Neymar e pimba, no meio do gol, nas mãos do goleiro.
Pobre menino, tão novinho e já frustrando o sonho da torcida. Quem sabe isso não sirva para amadurecer o garoto e torná-lo um atleta de ponta no futuro. Depende de seus treinadores, depende de sua cabeça. Foi bem nos jogos anteriores, tem futuro.
Espero que essa primeira frustração seja a única no ano.
Interessante lembrar que Xerém é próximo do distrito de Pau Grande, onde nasceu e viveu o gênio da bola Mané Garrincha. Garrincha também é nome do passarinho que o craque adorava caçar e criar. Provavelmente tinha um biro-biro na sua fauna cativa. Quem sabe inspire nosso jovem jogador a “entortar” a bola e se tornar um astro do futebol. Quem sabe…
Jorge Dantas
Panorama Tricolor
@PanoramaTri
Contato: Vitor Franklin
Na próxima terça-feira, dia 22/01, às 18.30 h, o lançamento de “Duas vezes no céu”, o novo livro de Paulo-Roberto Andel, na Livraria Arlequim do Paço Imperial, Praça XV, Centro RJ. Não percam! http://www.arlequim.com.br/
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Era um bom ano para o Flu. Alguns times fortes caíram fora: Corinthians, Inter. E Cruzeiro, se ganhasse.