Vencemos mais uma, nessa importante caminhada dentro do campeonato brasileiro. Desta vez, foi o poderoso São Paulo na diferente atmosfera de São Januário, tendo em vista o “bater pezinho” da dirigência alvinegra quanto à utilização do Engenhão. Bom, a culpa do péssimo gramado há cinco anos é do Fluminense? O Maracanã fechou em 2010. A conferir.

Com todos os pequenos problemas – mais o protesto de meia-dúzia de vascaínos, nada diante da massa de torcedores da cruz de Malta -, São Januário é acolhedor e pode fazer esse papel de palco de alguns jogos nossos. O que há de tão espetacular no Engenhão que não se vê no campo do Vasco? Nada, exceto a facilidade de quem usa trem. É uma boa alternativa, assim como Volta Redonda. Resta saber o que o boquirroto presidente Assumpção vai fazer para ocupar as cadeiras do Engenhão – popularmente chamadas de “torcida mar azul” em seu estádio arrendado – quando o Maracanã for reaberto. Apenas o bom humor serve de antídoto contra toda esta discussão ridícula dos clubes, tratando seus estádios – reitero: no caso alvinegro, é apenas uma cessão do poder público! –  com se fosse a bola debaixo do braço do menininho mimado, criado pela avó.

Importante falar do jogo, para isso estou aqui. O começo não foi bom para o Fluminense, o São Paulo ocupou os espaços mais relevantes e mostrou força de ataque, ao menos para criar. Claro, ninguém fica impune a um desfalque como o de Luis Fabiano. A primeira meia-hora foi mais são-paulina do que tricolor propriamente, embora não tão intensa a ponto de ser constrangedora – Ceni poderia ter feito um gol de falta, Cavalieri esteve bem atento e seguro. Mas aí está graça fascinante do futebol: fosse um esportezinho qualquer, o Morumbi seria declarado uma barbada e a qualquer momento confirmaria os três pontos. Longe disso foi o que se viu: quando parecia melhor em campo e mais perto do gol, o São Paulo sucumbiu frente a uma jogada que pode ser chamada de típica do Fluminense há mais de quatro anos: a falta cobrada para o centro da área, mortífera, venenosa. Neves lembrou 2008 por um segundo, Ceni titubeou e Euzébio completou para as redes com a raça de sempre. Nossa camisa mais viva do que nunca no estádio octogenário.

A partir do gol, o problema foi o São Paulo não ter sentido o golpe. E também um velho conhecido das cores do Fluminense estar em campo como adversário: o querido Cícero, improvisado no ataque, recebeu bom passe de Jadson e golpeou de cabeça para vencer Cavalieri, empatando no fim da primeira etapa. Ninguém gosta de levar gols, evidente, mas algum senso de justiça se fez com a igualdade. Restava mudar, melhorar, ser mais ofensivo, fazer a valer a força de mandante num gramado problemático onde não somos tão acostumados a jogar – ou melhor, quase nunca.

A virada é a força intrínseca da camisa do Fluminense e, por isso mesmo, mal deu tempo de começar o segundo tempo e fizemos o gol que garantiu o triunfo: mais uma bela cabeçada de Fred, geométrica, vencendo Ceni em mais uma falha, talvez decorrência dos meses sem ritmo de jogo. É um grande goleiro, todos sabemos disso. Não se pode deixar de falar no maravilhoso cruzamento de Jean, que me fez voltar às jogadas certeiras dos anos 70. Fred mostrou porque é o melhor centroavante em atividade no Brasil: foi preciso. E então o jogo mudou novamente: o Fluminense é que se tranquilizou, tomou as rédeas do jogo para si, poderia ter ampliado a vantagem e finalmente fez o papel que se espera de um mandante, mesmo contra uma grande equipe brasileira. Fred podia ter marcado mais um gol. Ceni quase se complicou de novo. Edinho acertou passes primorosos. Apenas nos minutos finais é que o São Paulo voltou a rondar a área tricolor, mas Cavalieri apareceu bem e não deu brecha para qualquer vacilo. Mais uma vitória sobre o Morumbi com um jogo arbitrado pelo simpático Heber Roberto Lopes – vide as lembranças de Barueri.

Cinco mil maníacos fazendo carnaval na Barreira do Vasco. Dos dois jogos importantes, o Fluminense venceu o que parecia ser mais difícil. Não é o caso de desrespeitar o Palmeiras, mas apenas uma pequena contextualização. Barcos é perigoso, difícil, mas no domingo que vem, com o “favor” que o Botafogo presta ao Fluminense em ceder-lhe o estádio que arrendou sem um centavo, certamente não há de prevalecer o ‘mar azul”. O campeonato não para. E continuamos vigorosamente na briga.

Paulo-Roberto Andel

@pauloandel

Panorama Tricolor/ FluNews

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Imagem: Mauro Pimentel/ Terra