Warley é tricolor (por Eric Costa)

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Quem acompanhou futebol na década de 90 e início dos anos 2000 certamente lembra do atacante Warley, que marcou época com a camisa do Palmeiras, serviu à Seleção Brasileira e sempre foi presença marcante na artilharia dos clubes por onde passou.

Nesta semana, Warley esteve em um encontro de tricolores em Brasília (DF), município polo da cidade satélite de sua origem (Ceilândia).  No evento, esteve ao lado de Paulo Victor, que tive o prazer de conhecer pessoalmente há um mês, e de diversos outros tricolores. Apesar de poucos o reconhecerem, ao ver as fotos o rosto pareceu familiar e realmente era: descobria ali, então, que Warley é tricolor de coração.

Ao ser contatado por nós, Warley gentilmente atendeu e nos concedeu uma bela entrevista:

Panorama: Você jogou por diversos clubes em sua carreira e, na maioria deles, atuava como referência na área. Você contabilizou quantos gols em sua carreira profissional?

“Joguei em vários clubes. Não tive a oportunidade de contabilizar quantos gols eu fiz. Mas foram alguns (risos), com alguns títulos importantes na carreira. Mas eu tenho apenas 37 anos e ano que vem quero jogar mais um ano pra encerrar minha carreira,  graças a Deus, vitoriosa em todos esses clubes”

Panorama: De todos os momentos vividos por você no futebol, qual passagem ou jogo marcou mais sua carreira?

“Foram vários momentos marcantes. Acho que o mais importante de todos foi jogar pela Seleção Brasileira e estrear na minha casa, no Mané Garrincha, aqui perto de onde fui criado em Ceilândia – DF. Tive a felicidade de meus parentes estarem presentes e de eu conseguir fazer o gol da vitória.”

Panorama:  Recentemente, você esteve em um encontro de tricolores em Brasília. Muitos não conhecem o lado tricolor do Warley. Como surgiu essa sua relação com o Fluminense? Ele foi seu time desde a infância? Há mais tricolores em sua família?

“Essa minha relação com o Fluminense é desde criança. E é uma relação até engraçada porque, em cinco irmãos, há flamenguistas e botafoguenses. Meu pai é botafoguense também e minha mãe é vascaína. Só restou eu de tricolor na família. É difícil até explicar, mas não somos nós que escolhemos o Fluminense. Ele quem nos escolhe e isso é o mais importante.”

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Panorama: Apesar de vestir várias camisas, você não jogou pelo Fluminense. Você tinha este sonho?

“Sempre tive esse sonho, mas não foi possível. Acabei atuando mais no eixo de São Paulo e Sul, além de cinco anos no exterior, jogando na Udinese(ITA). Houve uma proposta certa vez, mas acabei optando por ir para o Palmeiras por algumas questões de carreira. Ficou aquela pontinha de vontade, mas só de ter havido o interesse já fico lisonjeado e muito feliz.

Panorama: Como foi a sensação de jogar por outros clubes contra o Flu? Já deixou algum gol na gente?

“É até um sentimento engraçado porque, por incrível que pareça, foi uma das equipes contra a qual eu mais fiz gol. Tanto quando estava no Palmeiras, São Caetano e pelo Brasiliense, quando marquei na semi-final da Copa do Brasil de 2007, com o Maracanã lotado(o Flu venceu por 4 x 2 e se classificou para a final com um empate de 1 x 1 em Brasília) e lembro que fui logo correndo pegar a bola pra não comemorar(risos). Mas nessas horas precisamos sempre  colocar o lado profissional . Profissionalismo e sentimento ficam!

Panorama: No encontro de tricolores em Brasília, você vestia uma camisa que fazia alusão aos títulos do Flu entre 1983 e 1985, com grandes atuações de Paulo Victor, que estava ao seu lado no evento, Washington e Assis, que eram atacantes. O casal 20 serviu de referência pra você?

“Eu como tricolor vibrei muito com Washington e Assis. Foram uma referência muito grande na minha carreira. Tive a oportunidade de encontrar o Washington quando subi para o profissional pelo Atlético-PR. Dei um abraço muito forte nele, quando o vi no vestiário e disse: ‘Washington, muito obrigado por tudo que você fez pelo Fluminense e, como torcedor, por ter feito parte da minha infância e ajudado a crescer esse sentimento de pó-de-arroz’”

Panorama: Você acompanha o Fluminense hoje em dia? Qual sua opinião sobre o atual momento do clube?

“Neste momento que estou aproveitando para descansar e estudar, tenho acompanhado diariamente e é incrível a capacidade de ganhar dos grandes e perder dos, digamos, pequenos. Poderíamos estar em uma condição muito melhor na tabela. Espero ver o Fluminense na Libertadores de 2016”

Panorama: Entre os tricolores, o atacante Fred tem a idolatria de muitos, assim como a minha, mas ele ainda divide opiniões dentro e fora da torcida.  Como quem já andou muito pela grande área, qual sua opinião sobre ele? Você acha que ele foi injustiçado na Copa?

“O Fred para mim é absoluto. É um dos maiores ídolo do Fluminense. Não o conheço pessoalmente, mas sou fã incondicional de seu futebol e de sua relação única com a torcida do Fluminense. Tenho certeza que ele é tricolor de coração por tudo que ele já passou lá dentro: momentos difíceis e títulos brasileiros. O que aconteceu na Copa foi uma situação complicada para todos. O atleta está exposto a críticas. Infelizmente, quando há derrotas tentam achar um culpado, mas não vi culpa da parte dele. Ele tem tanta personalidade que foi lá e, meses depois, tornou-se artilheiro do Brasileirão de 2014.

Panorama: Falando sobre seleção, você teve o prazer de vestir a amarelinha.  Como foi sua experiência na seleção?

“Fui campeão pré-olímpico e infelizmente machuquei o ombro antes das Olimpíadas. Tive 39 partidas pela Seleção. Joguei pela Seleção principal uma Copa das Confederações na qual infelizmente fomos vice-campeões. Para quem veio de uma situação difícil, nascido na periferia, estar na Seleção foi a realização de um sonho, pois provei que é possível sair um homem de caráter a partir de uma infância pobre. Cada convocação parecia a primeira. Fico feliz de ter servido ao Brasil e de, na minha opinião, ter feito isso muito bem.

Panorama: Hoje você ainda trabalha no meio do futebol ou partiu para outros caminhos?

“Esses cinco a sete meses em que estou parado, tenho estudado. Quero atuar mais um ano em 2016 e encerrar minha carreira. Em 21 anos de carreira, aprendi muitas coisas e acho que posso passar a novos atletas, sobretudo crianças, adolescentes etc, mas não como técnico e sim, acredito eu, como auxiliar.”

Este é Warley. Um atacante de grandes histórias, vários gols e, principalmente, muito bom gosto!

Que tenhamos nos próximos anos o prazer de ver este tricolor de coração continuando seu bom trabalho no futebol.

Agradecemos ao ídolo e amigo Paulo Victor e a Daomanda Duarte pela grande colaboração em facilitar o contato com o atacante Warley.

Saudações tricolores.

Panorama Tricolor

@PanoramaTri

Imagem: ec

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