Amigos, amigas, muita transpiração, quase nenhuma inspiração. Tenho perseguido algo que defina esse time do Fluminense, não importa se o reserva, o misto ou o titular. Antes mesmo do jogo de hoje, encontrei uma resposta que me parece satisfatória. O time do Fluminense é mecânico.
Consegue quase sempre se impor territorialmente aos adversários mais fracos. Não é domínio do adversário ou controle de jogo. É intensidade e organização tática.
Quase sempre trabalhamos bem a bola, não deixamos o adversário respirar e ficamos nisso.
Foi o que aconteceu durante boa parte da primeira etapa no jogo desse sábado contra o Vitória. O Fluminense, mesmo diante de um Barradão eufórico, jogava como se estivesse em casa, dominando as ações, causando enorme desconforto ao adversário, mas daí a produzir oportunidades de gol vai uma longa distância.
Foi do Vitória a primeira razoável oportunidade, numa cabeçada torta, que mal incomodou Fábio. O Fluminense, intelectualmente preguiçoso, só foi ameaçar com um lance casual, em que a bola sobrou para Cano nos fazer lembrar de sua maior competência, que é pegar de primeira, mesmo nas situações mais improváveis, e acertar a trave.
Com a expulsão de Dudu, o Vitória, que já não conseguia jogar, tampouco era molestado defensivamente, teve que se encolher ainda mais. Nessa brincadeira, o Fluminense, que fazia com que o duelo mais parecesse uma partida de handball, com a bola girando de pé em pé, de uma lado para o outro, com a defesa adversária tentando bloquear os arremates, acabou achando seu gol. Fuentes, depois de a bola muito rodar de pé em pé, tentou o inevitável cruzamento aleatório para a área. A bola desviou no zagueiro e sobrou para Hércules, que meio que chutou, meio que cruzou, mas acabou acertando a bochecha esquerda da rede baiana, abrindo o placar.
Era a senha para uma vitória tranquila, mas a realidade ficou muito abaixo das expectativas. Com um jogador a mais em campo, parece que nossa mente mecânica se desativou e levamos uma bola na trave com a defesa toda aberta. Para piorar Igor Rabello também foi expulso, voltando a igualar numericamente as equipes.
Incomodado com as críticas – só pode ser isso –, Renato tirou o irreconhecível Serna e Lima para ressuscitar Lescano e Lavega ainda na primeira etapa. Com a expulsão de Rabello, teve que tirar Lescano, que mal se dera conta de que finalmente estava jogando, para repor a zaga com Manuel.
O segundo tempo foi o Vitória lutando contra as próprias limitações para transformar um injustificável domínio em gol. Fábio apareceu duas ou três vezes para dar seu show particular, enquanto o Fluminense se limitava a se defender, raramente esboçando contragolpes inúteis.
Foi um filme de terror como aqueles em que o final feliz deixa tantos mortos e feridos, que a gente não sabe se pode chamar o final de feliz, mas foi. Conseguimos os três pontos fora de casa e pulamos, pelo menos provisoriamente, para a oitava colocação, exorcizando preocupações escatológicas sobre uma improbabilíssima possibilidade de briga contra rebaixamento.
Ao contrário, o que estava em jogo hoje era nos mantermos na briga por uma vaga na Libertadores de 2026 via Campeonato Brasileiro. Torcemos pela conquista das copas, mas, caso não venha, precisamos, de outra forma, conquistar nossa participação na principal competição continental. Isso representa dinheiro, prestígio e oportunidades. A prioridade são os títulos, o prêmio de consolação a vaga na Libertadores de 2026.
Não sei se posso dizer que o trabalho de Renato é aquém do esperado, mas posso dizer que, nesse momento, está entre regular e ruim. O Fluminense de hoje é chato, previsível e sem inspiração. Isso não é acaso, é escolha.
Até onde isso vai nos levar?
Saudações Tricolores!