O Fluminense dos veteranos (por Leonardo Maia)

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O Fluminense chegou àquele ponto crítico em que o time não precisa sequer entrar em campo para vermos que está tudo muito ruim e que vai dar errado. Mário Bittencourt repete na presidência a marca da sua passagem pela vice-presidência de futebol. Contratou muito mal, não entende absolutamente nada de bola. O elenco é ruim, o treinador é pior.

Falta dinheiro, temos muitas dívidas, o clube é desfavorecido pela TV e Federação etc. Ninguém é insensato ou mesquinho a ponto de negar tudo isso, e dar à diretoria o devido desconto. Por outro lado, o que se pede é pouco. O de sempre: queremos time. Não há desculpas.

Já analisei essa situação do mau planejamento do elenco desse ano em colunas anteriores, assim como as várias alternativas que teríamos. Não volto ao tema, apenas convido a leitora e o leitor a dar uma olhada nesses textos.

Lembro rapidamente que, para esse ano, foram pelo menos 18 contratações ou renovações, e a rigor talvez não se salve nenhuma delas. Com boa dose de generosidade, 3 ou 4. No mais…

Eis aí o sacolão: Goleiro reserva (esqueci o nome), Gilberto, I. Julião, Nino, Digão, Egídio, Yuri, Henrique (que, felizmente, já saiu), Hudson, Yago, Michel Araújo, Caio Paulista, Fernando Pacheco, Felippe Cardoso, Evanílson, Wellington Silva e Pablo Dyego. E, agora, o Fred. 18 jogadores, mais de meio elenco. Uns 4 mi/mês de folha.

São o que temos para o ano, os que chegaram ou tiveram o seu contrato renovado.

Sugiro comparar com os jogadores que o Mário trouxe quando foi o vice de futebol em 2015. Esse ano segue o mesmo padrão.

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Seria muito melhor ter centrado as contratações em quatro ou cinco posições carentes, como as laterais e ter trazido nomes realmente BONS. E, nos primeiros meses do ano, completava-se o time e o elenco com a base. Ao estilo do Santos.

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Com esse elenco, fica claro que o projeto para esse ano e, sobretudo para o Brasileiro, será tão somente o de reduzir os prejuízos e os danos.

Ainda não sabemos quais são os quatro que poderão nos substituir na zona de rebaixamento, mas desde já torçamos fervorosamente para que eles apareçam. Pois, do nosso lado, a esperança murcha. O jeitão do time e do treinador, que vão mal em toda e qualquer partida, não inspira confiança. E por ora, só jogamos as mais fáceis.

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Não vejo porque o Hellmann continuar. Não se trata apenas de não termos time, de vermos um bando em campo. Isso, como falei, já está dado de antemão, antes do primeiro jogador entrar no gramado. O problema maior, para variar, é a inexistência de critério.

Um exemplo: o Vasco jogou logo após a nossa partida. Entre laterais, meias e atacantes, ou seja, aqueles jogadores de maior mobilidade, apenas dois tinham mais de 30 anos, sendo que o mais velho, o Cano, tem 32. Entraram de saída três garotos, de 18, 19 e 22 anos.

Nós entramos com três trintões – se Egídio não estivesse suspenso, seriam quatro – sendo que o MAIS NOVO tinha 32 anos. O mais velho, 38…

Há como manter a intensidade com uma média de idade dessas?

Ou seja, sobretudo porque o plantel não é grande coisa, ou porque houve pouco tempo de treinos, ou porque, inevitavelmente, os veteranos estarão em pior condição física no retorno, o indicado seria entrar com mais garotos.

Mas não: o técnico prefere jogar um futebol mole e pesado como… maionese.

O Carioca tem esse aspecto interessante de permitir cinco substituições. Uma festa para um bom estrategista, um treinador tático. Mas, claramente não é o nosso caso. Nesse quesito, o Hellmann, sem dúvida, conta entre os piores do torneio.

Seria, por exemplo, uma oportunidade para testar, a cada jogo, algum novo garoto da base. Conhecer melhor o elenco. Gastaria apenas uma substituição em cinco. Mas não: ele entra com Orinho, e depois lança Caio Paulista. De novo, esses dois? Até quando? O que ainda não mostraram que um dia, por milagre, mostrarão?

Além disso, poderia se colocar um limite de apenas dois trintões para iniciar a partida. Se entram Egídio e Fred, não jogam Ganso, Hudson e Nenê. E por aí vai. Os três que sobrassem poderiam todos entrar descansados no segundo tempo. E ainda nos sobraria uma última substituição.

Mas não há sequer critérios claros. Não há critério algum.

Contra o Macaé, ele simplesmente substituiu todo o meio e ataque. Os quatro jogadores. Alguém entendeu?

Talvez devesse ter substituído a si mesmo e o saldo teria sido melhor. Ou pelo menos entenderíamos a substituição, ao menos essa!

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Parece restar só mesmo um caminho imediato ao Hellmann, que é baixar a idade média do time, e ver se, com mais correria, o time se sai melhor.

Tipo: Yuri, Dodi, Yago (Michel Araújo) e Miguel. Marcos Paulo e Evanílson (Fernando Pacheco). Deixa a garotada jogar. Não será pior do que o que estamos vendo. No segundo tempo, entra o time dos casados.

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Ainda não está de todo claro, talvez, o que levou o Flamengo a romper o seu casamento de décadas em comunhão de bens com a Globo e transmitir por si mesmo, na sua TV, a partida de anteontem. Mas, um dado destacou-se: tiveram mais de 2,5 milhões de visualizações do jogo.

Se conseguirem monetizar essas participações, e obter um valor médio de 10 reais por espectador, batem 25 milhões por partida. Mesmo a metade disso já seria extraordinário.

Isso seria bom apenas para eles? Ou seria o começo do tão desejado reencontro do futebol brasileiro com a sua real valorização e a sua recuperação financeira, sempre tão cobradas e aguardadas, mas há décadas sequestradas pelas TVs e federações?

Transmitir as próprias partidas, monetizando-as, pode não ser mau negócio para nós, tampouco. Já tivemos jogos de excepcional audiência, como a nossa final de Libertadores. Mas, para isso, precisamos botar um time em campo.

O mais triste é ver não apenas o time, mas também as ideias e as inovações soprarem todas somente pelos lados da Gávea. Ao arrojo e virtuosismo dos seus jogadores, corresponde igual qualidade na sua diretoria.

Do nosso lado, mais do que nunca é hora de cerrar fileiras e lutarmos por um novo Flu. Um Flu à vera, e não um joguete de alguns, refém de panelas e de grupelhos.

Queremos Laranjeiras e não um laranjal.

Chega de diretorias mambembes, despreparadas, opacas.

O futebol brasileiro prepara-se a olhos vistos para uma grande mutação, e está claro que não faremos essa travessia tendo como presidentes figuras como Peter, Abad ou Mario.

Já não podemos errar.

Panorama Tricolor

@PanoramaTri

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