São João em vert, blanc, rouge (por Claudia Barros)

Hoje é o dia mais importante do ano para a maioria do povo nordestino, como eu. Hoje é dia de São João! O santo que previu o nascimento de Cristo, inspirou as festas juninas, deu nome ao meu pai, ao meu irmão e ao meu sobrinho, também me faz pensar em noite de festa, em céu de balão.

Neste dia sobem balões no ar, acendem-se fogueiras nos corações, busca-se um xodó.

E em pleno São João, o balão tricolor da vez também já subiu e vai subir ainda mais. Chama-se Luiz Henrique.

Honestamente, apesar do relato dele ontem quando confessou que a família ficou feliz com a sua venda para a Europa, eu, como torcedora de Xerém, lamento sua ida prematura, como prematura foi a ida de vários garotos.

No primeiro jogo pelas oitavas de final da Copa do Brasil 2022, o Flu faturou o Cruzeiro por 2 a 1. Foi superior tecnicamente ao time mineiro, mas não conseguiu fazer o placar elástico com o qual sonhávamos.

O fato é que durante a transmissão pelos canais do Panorama Tricolor e Cantinho do Laranjal, na qual tive o prazer de estar ao lado do craque Mauro Jácome, fui inquirida pelo próprio narrador com o seu já famoso Quizz da Transmissão. Perguntou-me Mauro quem teria sido o jogador da base tricolor que em 2006, também contra o Cruzeiro e pela Copa do Brasil daquele ao, havia feito um gol de placa em pleno Mineirão e levado o Flu a uma noite de futebol magistral e inesquecível.

Esse garoto, a quem o técnico do Fluminense, à época, chamou de garoto prodígio era Lenny. O técnico era Oswaldo de Oliveira.

Acertei o Quizz do Jácome e disse a ele que tinha sido fácil porque além de ser um confronto contra o Cruzeiro do qual sempre lembro, Lenny é um jogador que nunca saiu da minha lembrança. Pelo que fez naquela noite e pelo que não foi ou, talvez, pelo que poderia ter sido com a camisa tricolor.

Lenny foi um balão que começou a subir, foi emprestado para o Braga de Portugal em 2007 e, ultimamente, esteve jogando na China. Nunca mais o vi jogar.

Mas, vejam, em 2006 o Flu tinha também no elenco, naquele jogo contra o Cruzeiro, garotos como Thiago Silva e Marcelo.

Pouco tempo depois ambos subiram feito balão e não demoraram para figurar entre os grandes craques brasileiros na Europa. Até hoje, mais de uma década depois, ainda são garotos de Xerém brilhando pelo mundo.

O São João acabaria e eu perderia a noite à beira da fogueira se fosse listar todos os garotos que viraram balão pelo Flu. Alguns, balão de ensaio, reconheço. Outros, subiram tão alto, mas tão alto que daqui, do solo, só se enxerga luz.

Nessa semana, aliás, Evanilson foi manchete por causa de uma suposta contratação do seu passe pelo Manchester United. Ele nega o contato. Evanilson, lembremos, é aquele garoto que foi para o Tombense, que voltou para o Fluminense, que voltou para o Tombense, que… subiu na carreira longe de Laranjeiras.

O balão da vez é Luiz Henrique. Garoto extremamente simples, que teve altos e baixos desde 2020 quando subiu para a equipe principal, já mostrou que tendo autoconfiança e orientação, vai voar alto. Vai estourar a boca do balão.

Então, São João, conduza o garoto para a realização profissional. Assim como conduza também todos os demais garotos e os livre de tenebrosas transações, como já diria um dos aniversariantes tricolores do mês.

E por falar em tricolor ilustre, Gilberto Gil aniversaria no próximo dia 26 de junho. Com ele a gente canta e vibra:

“Fogo eterno pra afugentar o inferno pra outro lugar. Fogo eterno pra consumir o inferno, fora daqui”.

Viva São João! Viva os garotos de Xerém! Viva quem sobe feito balão em direção ao céu!