Um ponto e três gols: os alvos do Flu (por Aloísio Senra)

Tricolores de sangue grená, a tempestade que se abateu sobre o Fluminense quase sem precedentes não nos deixa ter qualquer minuto de paz. A sensação de que está tudo errado não nos abandona em nenhum momento. Quando vemos nosso esquadrão entrar em campo, a impressão que temos é que qualquer – QUALQUER – time da primeira divisão nesse momento ganharia da gente. Possivelmente, qualquer time da segunda divisão também. E metade dos times da terceira. Está impossível ser otimista no cenário atual, com tantos atrasos salariais e insatisfação, mas aparentemente parte da dívida para com o elenco e com os funcionários foi quitada após conseguir levantar fundos. Se o problema maior for a grana e não o momento técnico que vivem jogadores e treinador, podemos ter alguma esperança que as atuações vergonhosas vistas contra o Ceará e, principalmente, contra o Bahia jamais sejam repetidas. Está muito difícil assistir às partidas do Fluminense, amigos.

Escrever sobre o Fluminense normalmente é um prazer para mim. Quando sento em minha cadeira para digitar estes meros vocábulos, usualmente cansado numa sexta-feira à noite, tomo isto como lazer. Geralmente há muita pesquisa envolvida, consulta a fontes, leituras diversas, vídeos, áudios, entre outras ferramentas que inspiram o escritor e tornam seu conteúdo mais fidedigno, mas acaba por não ser um fardo para mim. Delicio-me com cada linha, parágrafo e sentença. Porém, não há como ficar impassível diante do momento atual. Muito já foi falado sobre o que estamos passando, não apenas por mim, mas também (e principalmente) pelos demais colunistas do PANORAMA. A torcida, coitada, da qual faço parte, não sente mais tesão pelo time, e isso se reflete, é claro, nas arquibancadas vazias. Ou vocês acham que em condições normais de temperatura e pressão, já não teríamos esgotado os ingressos para o jogo de quarta-feira? Não chegou nem a 30 mil vendidos ainda.

Nossa realidade é mais que um banho de água gelada, é uma paulada na cabeça a cada partida. Mesmo depois de inúmeras oportunidades para afastar o fantasma do Armageddon, ele permanece a perigosos quatro pontos de distância com seis em disputa. E agora eu volto à minha análise da coluna anterior para ver quanto risco corremos. Vitória pega o Grêmio em casa e o Palmeiras fora. Faz três pontos contra o Palmeiras campeão no máximo. Chape enfrenta Corinthians fora e São Paulo em casa. Deve fazer três pontos no São Paulo que conseguiu perder pro Vasco fora de casa. Sport enfrenta o São Paulo fora e o Santos em casa. Deve ganhar só do Santos e fazer três pontos. O América-MG deve bater o Bahia em casa e fecha contra o Flu. Se isso daí acontecer, dependendo dos resultados de Vasco e Ceará nas próximas duas rodadas (precisam marcar dois pontos para nos ultrapassarem), o risco de cairmos pode ser real, infelizmente, mas dependeremos de um empate contra o América-MG no Maracanã nesse cenário. Um ponto apenas, só isso.

Mas, dessa maneira, o sofrimento se prolongará até a última rodada. Seria muito, mas muito melhor, voltar hoje do Beira Rio com um empate. A maionese do time colorado está claramente desandando. Sofreu duas derrotas seguidas e não está num bom momento. Hora de buscar o milagroso 0 x 0 com gostinho de Série A, porque esperar que nosso ataque cardíaco desande a fazer gols no Brasileiro é um pouco demais. E isso me remete a quarta-feira. Entendam, meus queridos, não há saída nem meio termo: ou você acredita ou não acredita. Sim, eu acredito que é plenamente possível nosso ataque ineficiente que acho que não sairá do zero contra o Inter (espero estar errado quanto ao nosso, mas certo em relação ao deles) meter três gols na brisa do Paraná. Pode ser que eu esteja errado? É claro. Mas se eu gosto de futebol e acompanho o meu time há mais de trinta anos, não é porque o esporte bretão tem lógica. É precisamente o imponderável que me atrai. E não existe um clube que gargalhe do imponderável como o Fluminense.

Analisando só com números, parece uma bizarrice eu falar isso. O Atlético-PR venceu três partidas das últimas quatro disputadas, está num momento sensacional… mas não tem Gravatinha. Não tem Nelson Rodrigues. Não tem mitologia, quase não tem história pra contar. Seu grande momento foi o título brasileiro de 2001. Nós tivemos incontáveis grandes momentos, recheados de títulos impensáveis, vitórias inimagináveis, viradas impossíveis, classificações épicas e, é claro, 2009. Eu me apego àquela campanha porque, apesar de ser um evento de exceção, ainda está muito claro na minha mente o jogo contra o Cruzeiro no Mineirão. Eu acompanhava pela televisão e, quando veio o intervalo, eu me vi falando sozinho em voz alta: “é, acabou”. Mas não havia acabado. Eu não tinha torrado sob o sol contra o Internacional no empate em 2 a 2 e me encharcado sob chuva torrencial na vitória de 2 a 1 sobre o Atlético-MG para ter acabado ali. Da mesma forma, tricolores, eu digo: não acabou.

Três gols contra o Atlético-PR. É o que precisamos, e eles virão. Não sei como, não sei de quem, mas virão. Três gols contra, três gols de pênalti, três cabeçadas do Gum após escanteios batidos por Sornoza, ou uma combinação de tudo isso. Façam suas apostas. Tenho fé que conquistaremos um pontinho salvador em Porto Alegre e voltaremos do Maracanã na quarta-feira com a alma lavada. Que minha próxima coluna não seja em tom de desespero, falando do resultado que teremos que conseguir contra o América-MG, e sim de regozijo, de comemoração, já prevendo e analisando o confronto da finalíssima da Sul-Americana. Nós não merecemos o fim de ano catastrófico que se anuncia, e sim a reviravolta improvável no final que deixa tudo mais doce. Contudo, aconteça o que acontecer, é imprescindível que a torcida esteja lá. Não podemos nos omitir neste momento de maneira nenhuma. Vão ao Maracanã e sejam, junto comigo, testemunhas de mais um milagre tricolor.

Curtas:

– Júnior Dutra aos 45 do segundo tempo. Está confirmado: é contratual. Ele precisa entrar nos jogos. É a única explicação plausível para essa mudança.

– Ano que vem, sejam quais forem os resultados esportivos do Fluminense até o fim do ano, precisamos subir a garotada de qualquer jeito. Tem muita gente boa que precisa jogar no Fluminense antes de ir embora, e em posições para as quais temos carência há tempos.

– Pedro deve ser vendido ao Real Madrid. Se a quantia informada, de 25 milhões de euros, for paga, acredito que, dadas as circunstâncias da lesão dele, será um bom negócio. O Flu ainda ficará com uma bolada, muito necessária em tempos de cofres vazios, embora eu sempre fique receoso quanto à destinação dessa grana, levando em conta a falta de transparência da diretoria atual.

– São Paulo quer levar o Léo Pelé. Ayrton Lucas, segundo informações, já está vendido. Ficaremos sem um lateral esquerdo que preste para 2019 mesmo?

– Caíque, centro-avante reserva do Guarani, execrado pela própria torcida bugrina, foi contratado pelo Fluminense. Existe alguma chance de dar certo?

– Palpites para as próximas partidas: Internacional 0 x 0 Fluminense; Fluminense 3 x 0 Atlético-PR.

Panorama Tricolor

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