Tricolores, caímos de pé (por Raul Sussekind)

A história e a grandeza do Fluminense não combinam com a glamourização ou a relativização das derrotas. Especialmente se for contra o nosso centenário freguês de decisões. Mas não se pode deixar de reconhecer que a diferença entre os atuais elencos do Fluminense e deles é abissal. Não vamos hoje analisar os porquês, apenas assumir a constatação.

O que cabe, no momento, é exaltar o grupo de jogadores que entrou em campo nessas três partidas e honrou com galhardia a história e a camisa do clube. Não faltaram briga, vontade ou aplicação tática. Faltou maior qualidade técnica no elenco e faltou tempo para uma preparação física minimamente adequada. Hoje não rendemos como nas últimas duas partidas, e é natural. Foram menos de 10 dias de treinos depois de quase quatro meses parados. E depois seis partidas em 18 dias. Difícil fazer milagre.

Mas o grupo quase fez. Levou a Taça Rio com nó tático no prepotente JJ e muita disposição e dominou inteiramente a primeira partida da final. Acidentalmente perdeu, mérito da letalidade deles em um contra-ataque, que talvez tenha sido a única falha grosseira de marcação que tivemos em 270 minutos. De se elogiar a armação do time pelo Odair para esses jogos. Não gostei das substituições, especialmente no jogo de hoje, mas não havia muitas alternativas tampouco.

A noite desta quarta foi de tristeza, porque perder Fla x Flu não é normal. Principalmente em finais – onde ainda temos folgada vantagem nas estatísticas. Mas é também de aplaudir um grupo que honrou a alcunha de guerreiro que os anos recentes consagraram. Combateram o bom combate. Mostraram mais uma vez que não se ganha do Fluminense de véspera e nem à base de canetadas sob as sombras. Quando nossa camisa está do outro lado, a estória e a história são diferentes. Eles sabem disso, e por isso ficaram silenciosos até o apito final, como normalmente acontece nas arquibancadas.

Olhando para o restante da temporada, há muito com que se preocupar. Não temos elenco para disputar o campeonato brasileiro sem sofrimento. Há falhas graves na montagem do elenco, mas disso trataremos em breve em nossas colunas e podcasts. O elenco precisa ser reforçado com urgência.

Por fim, depois de todos os absurdos que se viu desde que começaram as discussões sobre a (mais que absurda) volta do futebol, há que se fazer uma menção de reconhecimento à Presidência do clube por sua conduta firme, convicta, correta e humana durante esse período. Não nos curvamos, jamais nos curvaremos. O futebol não podia ter voltado, e a defesa intransigente do que é certo foi o fio condutor do Presidente durante todo esse período. Tenho muitas críticas a ele, mas sua conduta honrou a fidalguia e as tradições do clube que construiu a história do futebol brasileiro.

Panorama Tricolor

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