Tolerância (por Zeh Augusto Catalano)

toleranciaMuita gente já me viu batendo boca sobre política com o chefão do Panorama, o Andel. São vinte e seis anos de discordância completa. Na política e no futebol. Desde a faculdade, não me lembro de nenhum assunto que envolvesse política no qual não pensássemos de formas totalmente opostas.

E como nos tornamos amigos, tendo opiniões tão distintas e torcendo para times rivais? Algo muito em falta nos dias de hoje na web:

Tolerância.

Batemos boca, discordamos de tudo, mas há respeito pelo que o outro diz. E principalmente, não há em nenhum dos lados, a vontade de impor seu ponto de vista ao outro. Sabemos de nossas diferenças viscerais no que diz respeito a Brizolas, Lacerdas e afins. Mesmo assim, conversamos muito sobre o assunto. Não há, em nossas discussões, a vontade de ganhar pelo ganhar.

Essa deveria ser a tônica das redes sociais seja na política ou no futebol. Conversa boa, troca de ideias, e, principalmente, o objetivo maior que eu, de forma ingênua, chamaria de o bem comum. Mas não é isso que acontece. As redes sociais neste fim de semana foram um completo show de intolerância, agressividade de parte a parte. E vai piorar. Muito. Cada um tentando impor seu ponto de vista, convencer o outro de que o seu candidato é melhor que o do outro.

Igualzinho no futebol. Cada um tem suas verdades. Eu escrevo minhas besteiras por aqui. E você é muito bem-vindo a discordar, contra-argumentar… Só é importante que o faça com educação. Ponha-se no lugar do outro. E na boa, reflita: seu facebook é mesa de bar ou púlpito? Se você respondeu esse último, tá na hora de rever os seus conceitos. E se você não entendeu o que é púlpito, ai, amigo, tá na hora mesmo de uma revisão.

Por razões pessoais acabei tendo de ficar longe do futebol por uns 10 dias. Nesse intervalo, estive no Rio durante o fim de semana em que o Fluminense veio a Brasilia jogar com o Bahia. Sinceramente, não sei a quem interessa trazer um jogo de meio de campeonato para 1000 km de distância de sua cidade de origem pra colocar os ingressos a preços completamente exorbitantes. Resultado (óbvio): menos de dez mil pessoas no estádio. Esta é um matemática à qual eu gostaria de ter acesso: Quanto ganhou o Fluminense. Quanto ganhou o Bahia. Quanto gastaram de hospedagem, passagem aérea. Quanto deu de renda. Quanto se pagou a quem organizou o jogo. Há algum mistério obscuro nisso ai. A conta simplesmente não fecha.

Ainda no meu período de ausência do futebol, o Vasco disputou duas partidas seguidas na série B no inacreditável horário de 22h de sexta-feira. O segundo deles eu sequer consegui ver pela tv. No primeiro, vivi o seguinte diálogo:

– Vamos dormir?
– Mais tarde… Tô vendo o Vasco.
– Vasco? Hoje? Agora?
– É…
– Até que horas vai isso?
– Meia-noite.
– Ah, Zeh, boa noite!

Ou seja, o horário da novela das 8, que virou novela das 9, está atrapalhando a vida sexual do brasileiro. Será que o objetivo implícito é evitar o nascimento de novos Vasquinhos? Em campo foi 2×0. Fora dele, zero a zero total…

Panorama Tricolor

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