Thiago Neves não, né? (por Alessandro Celano)

Confesso que fiquei chocado com a possibilidade da volta de Thiago Neves ao Fluminense.

Dia desses, conversando com amigos do voleibol, a área em que atuo, acompanhávamos a Superliga e percebi que os times estão tentando ao máximo equilibrar juventude e experiência.

Entendo que, no vôlei, se você colocar até dois jogadores mais experientes, os quatro mais jovens dão o equilíbrio necessário. Agora, passando de dois, desanda. É bem complicado. Muitos jogadores veteranos não conseguem atuar em todas as partidas.

Penso que no futebol, com sua dinâmica física bem mais exigente, com a intensidade da corrida num espaço muito maior, é preciso saber dosar muito bem a proporção de jogadores com mais pulmão com outros menos abonados.

Para um clube que tem uma dívida multimilionária, mas que possui uma fábrica de revelações em sua base, e ainda dotado de um departamento de scout muito falado, penso que o Fluminense poderia ter formado uma boa equipe priorizando a prata da casa, contratando apenas o que fosse estritamente necessário para o time, em vez de trazer um monte de jogadores rodados que, por motivos óbvios, sequer jogarão juntos numa longa temporada, cheia de competições.

Por outro lado, o que adianta formar uma série de jovens jogadores se, para manter a estrutura financeira, muitos deles são negociados antes da hora, com baixo retorno financeiro e nenhum esportivo?

E justamente num momento em que o Fluminense quase negocia o jovem Gabriel Teixeira, jogador promissor, a simples especulação do nome de Thiago Neves chega a ser uma brincadeira de mau gosto.

Ah, sim, os outros times têm jogadores veteranos também. Ok, mas quantos jogam juntos? Quantos ficam no banco e até compõem elenco apenas? Pode ser cedo para se avaliar a temporada, sem dúvidas, mas será que o Fluminense pode ter um time realmente competitivo se Fred (grande ídolo, mas no fim da carreira), Bigode, Felipe Melo, Ganso, Wellington, Samuel, Fábio, Thiago Neves e outros jogarem juntos como titulares, por exemplo?

Thiago Neves é ídolo, merece respeito mas seu auge da carreira foi em 2008, há 14 anos portanto. É um ex-jogador em atividade, convenhamos. O que poderia resolver à essa altura dos fatos? Não vale a pena refletir sobre a realidade?

Torcemos, choramos, gritamos, queremos o melhor para o Fluminense, mas precisamos ter senso crítico sobre o que está acontecendo.

SOBRE O AUTOR

Alessandro Celano é Professor – CREF – RJ – 009902 – Licenciatura Plena – CREF – RJ – 009902; Técnico de Voleibol – Nível IV – CBV – 029.420. Elaborador e Coordenador de projetos educacionais/esportivos