Telê pra sempre (por Paulo-Roberto Andel)

Há muitos Telês, todos importantes, definitivos e absolutamente tricolores. Eu me lembro de Telê como treinador em 1979, Flamengo e Palmeiras no Maracanã lotado. Eu e meu pai na torcida do Periquito, hoje Porco. O fato é que o Palmeiras deu um baile, ganhou por 4 a 1, eliminou o time rubro-negro e, de quebra, o futebol brasileiro ia viver uma revolução pelos próximos dois anos e meio seguintes. Apesar do Inter de Falcão acabar campeão brasileiro, o Palmeiras da goleada no Maracanã fez o novo treinador da Seleção.

O interessante é que, naquele tempo, vários jornalistas, radialistas e treinadores evitavam falar sobre o time de coração. Telê, não: era Fluminense e ponto final. No fim a Copa acabou não vindo, mas o melhor futebol da Seleção Brasileira desde o tri no México acabou sendo comandado e idealizado por um tricolor. E não adianta diminuir o trabalho de Telê: o Brasil de 1994 e 2002 jogou mais, mas o Brasil 1980-1982 foi uma verdadeira máquina de shows. Nós, garotos tricolores, tínhamos orgulho de Telê como treinador da Seleção.

Muito antes de 1979, Telê ganhou o maravilhoso título de 1969 como treinador do Fluminense, e muito tempo antes, foi o Fio de Esperança por uma década tricolor.

Pouca gente sabe a importância de Telê para salvar o futebol brasileiro. Depois da Copa do Mundo de 1950, havia um forte temor de que os torcedores perdessem o interesse pelo esporte. Com dois gols e vinte anos de idade, já no começo de 1952, Telê garantiu o título carioca de 1951 do Fluminense sobre o Bangu no Maracanã lotado, superando a ausência do goleador Carlyle. Além de quebrar a sequência de cinco anos sem títulos, com seus gols Telê garantiu a classificação do Fluminense para o Mundial de Clubes daquele ano, consagrando o Tricolor para sempre. O futebol continuou relevante no Rio e o Flu dava as cartas.

Campeão Carioca (em 1951 e 1959), Mundial (em 1952) e do Torneio Rio-São Paulo (em 1957 e 1960), Telê soma 558 partidas e 163 gols pelo Tricolor. É o terceiro jogador que mais vestiu a camisa do Fluminense, além de quinto maior artilheiro da história do clube. É um patrimônio eterno das Laranjeiras e merece permanente celebração, como neste 26 de julho em que completaria 92 anos. Um jogodoraço e treinadoraço!