Tá com medo do que? – II (por Marcus Vinicius Caldeira)

 

7 de Março de 2012

Cheguei no dia anterior a Buenos Aires após ter passado por Montevidéu, Punta del Leste e Colonia del Sacramento no Uruguai com minha namorada à época. Neste momento acaba a parte romântica da viagem e entra a parte “futebolística”. É dia de Boca Jrs e Fluminense na “temida” La Bombonera.

É dia de fazermos história! No dia anterior levei minha namorada para conhecer El Caminito e La Boca. E, como adoro provocações, fui com uma camisa feita pelo pessoal do Rock Flu baseada no disco do Deep Purple, cuja capa tem ídolos tricolores Conca, Telê, o papa e Nelson Rodrigues, no lugar das figuras dos presidentes americanos esculpidos no Grand Canyon. Num determinado momento, dois torcedores do Boca que estavam vendendo algo, percebem a camisa que faz referência ao Fluminense e puxam assunto e perguntam quem eram as figuras – só conheciam o Conca. Perguntaram porque do papa e sobre o Nelson Rodrigues. Como são marrentos pra caramba se despediram dizendo algo tipo: “Três a zero pro Boca. Um gol para cada cor do Fluminense”. Retruquei: “Igual a 2008, né”? Amo isso tudo!

De volta ao dia do jogo. Almoço e parto para encontrar com a galera tricolor em Plaza Palermo. Despeço-me da minha namorada, e naquele momento (duas horas da tarde) já estava concentrado pro jogo.

Em Palermo a galera já estava bebendo, cantando. Já havia uma bandeira do Fluminense pendurada na grade da praça. Uma festa. Vejo com Marcelão, o Colonezzi, a questão do ônibus – ele alugou quatro para a galera que estava ali. Ônibus fechado, posso começar a iniciar os trabalhos – beber! Partimos por volta das seis horas. A policia argentina tinha organizado que todos os ônibus e vans que partiriam para La Bombonera deveriam se encontrar na Nove de Julho (principal avenida de Buenos Aires) e de lá ela escoltaria todos até o estádio.

Dei azar em pegar o pior ônibus, sem ar condicionado… Ou sorte! Fazia um calor danado em Buenos Aires desse dia. Eu ainda por cima estava todo queimado por três dias de sol em Punta. Não pensei duas vezes; tirei a camisa e fui a viagem inteira pendurado na janela. Aproveitei e passei a viagem toda cantando as músicas tricolores para a galera da rua ouvir. Creiam: o Fluminense é muito conhecido na Argentina.

Os torcedores adversários do Boca, faziam sinal de positivo. Os do Boca xingavam. Nada de hostilidades físicas. Estive duas vezes em Buenos Aires! Passeei à vontade com a camisa do Fluminense. Não sofri uma hostilidade.

Ao chegarmos no ponto de encontro dos ônibus para a escolta, uma grata surpresa. A confirmação do que os jornais escreviam: invadimos Buenos Aires. Era um mar de ônibus e vans sem fim. Incrível!

A noite chega e lá pelas oito partimos para o mítico estádio. Eu já o visitara no ano passado quando vim para assistir Fluminense contra Argentinos Jrs. Mas, ali foi uma visita, hoje, eu iria torcer pro Fluminense contra os caras. É outra dimensão!

Sobre o jogo todos sabem o que aconteceu. Uma vitória maiúscula do time de Fred, Deco e cia. Dois a um pro Tricolor!

Na saída, ainda no entorno do estádio, muita festa! Estava faminto e pedi um hamburguer que de tão ruim que estava (seco demais) não comi nem a metade. Encontro com vários tricolores conhecidos e a celebrção aumenta. Entramos no ônibus para partirmos pro Obelisco.

Chegando lá, mais festa. O Obelisco estava tomado de tricolores. Parecia um carnaval em Buenos Aires. Infelizmente, a midia não deu cobertura, mas foi um carnaval no Obelisco. Se fosse o queridinho deles, imaginem o que estaria estampado nos jornais no dia seguinte. Mas não precisamos deles para nada! A festa já basta!

Entro no “Café de La Ciudad” e todas as mesas ocupadas por tricolores – e este café é grande – e uma mesa ocupada por torcedores do Boca. A comemoração foi amistosa. Muita cantoria, muita cerveja! Isso se seguiu até as três da manhã!

Fui pro hostel, o Florida Suites (amo este lugar) e minha namorada (ex) já estava dormindo. Tomei um banho e me deitei. Sexo, nem pensar. Quem precisa de sexo depois de um dia “orgasmático”como esse. Acho que ali ela pensou: “não dá pra mim, vou vazar”. Foi o que aconteceu vinte dias depois da volta da viagem. Sem problemas: o azar foi o dela!

Não preciso dizer que rodei o dia e meio em Buenos Aires que faltava para voltar pro Rio com a camisa do Fluminense. Um torcedor do River recomendou-me visitar o museu deles que tem uma camisa que na frente é a do River e atrás do Flu e escrito “A alegria no ten fin”, em referência a semana de 2008 em que eliminamos o Boca e o River foi campeão argentino.

No dia seguinte ao jogo uma puta imagem. Um dos prédios defronte ao Obelisco estava tomado de bandeiras do Fluminense. Devia ter muito tricolor hospedado ali e eles deviam ter combinado de pendurar as bandeiras. No coração de Buenos Aires, terra de torcedores fanáticos, o Fluminense se mostrava orgulhoso! Foda!

Já disse uma vez e repito: essas coisas valem a vida! Viagem sensacional! Vitória épica, inesquecível! O Fluminense é um gigante e que cresce ainda mais em partidas como essa. Não há por que temer adversários! Eles que tem que temer o tetra campeão brasileiro, de melhor performance no campeonato brasileiro nos últimos três anos (dois títulos e um terceiro colocado) e décimo segundo melhor time do mundo na atualidade, segundo o ranking da IFHSS.

Eles é que tem que nos temer!

E aí, tá com medo de que?

(A continuar)

Marcus Vinicius Caldeira

Panorama Tricolor

@PanoramaTri