Mas tem a camisa do Fluminense, né? (por Marcelo Savioli)

Amigos, amigas, permitam-me ir direto ao campo, porque eu acho que vocês já devem ter lido muita coisa sobre bastidores e a conquista dentro das quatro linhas merece ser devidamente saboreada.

Eu já olhava o jogo de ontem com um certo desdém, muito incômodo e nenhuma esperança. Cheguei a achar que teria sido melhor uma eliminação diante do Botafogo, evitando assim um vexame histórico diante dos Café com Leite.

Medo do Flamengo? Qual nada! Tivesse eu medo do time dos maus costumes não teria ido aos dois Fla-Flus desse ano no Maracanã. Eu estava me borrando de medo era do Fluminense depois das escalações e substituições recentes do Odair. Não tinha como dar certo na final da Taça Rio.

Até que veio a notícia de que Fred e Wellington não jogariam. Esse simples evento mudou meu humor e desde então passei a acompanhar o desenrolar da ópera bufa que foram as horas que antecederam o Fla-Flu de ontem.

Lá pelas 17h eu tive que parar o expediente, porque subitamente fui tomado daquela expectativa, aquela terrível ansiedade que invade o peito ao aproximar-se a hora do jogo.

Comecei cedo com as cervejas para anestesiar a alma. Os café com leite diziam que seria um passeio, uma goleada, e ninguém os há de recriminar por isso, porque, vejamos, os caras tem um time muito melhor que o nosso, estão há muito mais tempo treinando e o Fluminense não jogou nada nas três partidas que disputou do Flamengão desde o estapafúrdio reinício da competição.

Quando começou o jogo não foi, todavia, o que se viu. O Fluminense marcava de forma impecável, com muita organização tática, pressionando com dois o homem da bola sempre que os café com leite chegavam próximos ao nosso terço defensivo do campo, sem, contudo, abrir mão de jogar. Tanto é assim, que tivemos as três únicas oportunidades de gol na primeira etapa, uma delas convertida por Gilberto.

Em que pese a choradeira rival, não vi impedimento de Gilberto. Se houve, foi algo bem difícil de marcar, até porque o bandeira estava muito bem posicionado no lance. O que talvez cause a impressão de um impedimento escandaloso é o fato de que Gilberto estava em projeção quando houve o desvio de cabeça de Marcos Paulo. A visão imediata após o referido desvio é de Gilberto visivelmente à frente da linha de marcação adversária, mas no momento do mesmo não há evidências de que estivesse impedido.

O Fluminense foi superior no primeiro tempo e conseguiu neutralizar o setor de criação adversário, mas o segundo tempo já apresentou outra realidade. O desequilíbrio físico apareceu na segunda metade da etapa derradeira e os café com leite foram, aos poucos, nos envolvendo. Já na segunda oportunidade de gol, nosso simpático Pedro testou sem defesa para Muriel. Depois disso, o Flamengo teve pelo menos três grandes oportunidades de virar o jogo, mas o Fluminense, que não ameaçou o gol adversário no segundo tempo, conseguiu levar a decisão para os pênaltis. Ou seria “levar a decisão para o show de Muriel”?

A vitória sobre o Flamengo merece, sim, ser saboreada, principalmente se levarmos em conta todas as variáveis que envolveram o clássico. Fosse pelo cinismo, fosse pela soberba, fosse pela indiferença com o ser humano, o clube dos maus costumes merecia a derrota. O que não muda o fato de que eles continuam favoritos. Já seriam por conta do desequilíbrio entre os elencos, são ainda mais porque treinaram para jogar em compasso de competição. A diferença entre o primeiro e o segundo tempo deixa claro que a diferença no quesito preparo físico é real e o Fluminense precisa de uma estratégia para tentar neutralizá-la.

Ficou a lição de que Fred e Wellington não podem ser titulares nesse time. São jogadores cujo estilo não cabe no futebol atual. O que torna mais grave o fato de que esses dois jogadores, juntos, custam ao clube alguma coisa na faixa dos R$ 700 mil mensais.

Esse time com três volantes pode funcionar quando a estratégia de contenção é inevitável. Não funcionará em outras situações, quando enfrentarmos adversários que atuam reativamente. E precisamos de soluções melhores para a segunda etapa. Não adianta colocar Pacheco e Caio Paulista para correr e dar trombada se a bola não chega no ataque. É preciso ter um jogador com fôlego e talento para fazer essa ligação em velocidade. E o nome dele é Miguel.

Com os devidos ajustes, sem colocar em dúvida a superioridade e o favoritismo adversário, podemos ter uma agradável surpresa, até porque há uma variável importante nessa final, que não pode ser ignorada: a camisa.

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Quem? Jorge Jesus?

Aquele abraço!

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Nossos sinceros agradecimentos aos dirigentes adversários pela preocupação com um eventual despreparo da equipe da FluTV para transmitir o jogo, oferecendo apoio ao nosso clube, o que, como pudemos observar, não foi necessário.

A equipe da FluTV está de parabéns.

Saudações Tricolores!

Panorama Tricolor

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