Para evitar a vergonha da Sul-americana (por Aloisio Senra)

Tricolores de sangue grená, foi preciso que ficássemos para trás no Campeonato Brasileiro para que Marcão começasse a fazer o óbvio: ouvir a torcida. Dizem que a necessidade é a mãe de todas as mudanças, e agora elas começarão a vir. Marlon, Arias e John Kennedy serão provavelmente titulares no jogo deste domingo contra o Athletico-PR na Arena da Baixada. Antes postulante ao G4, o Fluminense agora precisa olhar para baixo, já que a zona maldita se aproxima após os revezes contra Fortaleza e Corinthians e o tropeço contra o Atlético de Goiás. E as mudanças promovidas por Marcão podem até não transformar o Fluminense em um super time, mas injetam algo diferente na forma modorrenta de jogar que temos visto nos últimos compromissos. Não contar com o fraquíssimo Danilo Barcelos (ou o péssimo Egídio) nos dá alguma esperança de dias melhores, embora Marlon não seja nenhum craque e precise exorcizar o estigma que deixou quando atuou por aqui. Arias já pedia passagem há algum tempo e John Kennedy precisa jogar mais tempo para mostrar seu potencial.

Porém, nem tudo são flores. A manutenção de Samuel Xavier na direita é incompreensível se pegarmos suas últimas atuações e compararmos com as de Calegari. Na zaga, David Braz, apesar de ter ido bem contra os paulistas, não inspira confiança e, apesar do mau momento de Luccas Claro, só é titular porque ele está fora da partida (sentiu dores e nem viajou). Com o leilão de David Duarte a todo vapor, acho que esse é o momento perfeito para subir Luan Freitas de vez e começar a dar-lhe chances, também, na equipe titular. No meio, Yago está a ponto de estourar, então eu o pouparia. Martinelli vem entrando bem e, no meu entender, já está pronto para reassumir a titularidade. Não entendo, sinceramente, a insistência com Caio Paulista, mas no momento talvez faltem opções para substituí-lo. Todavia, temos bons nomes na base, como os já utilizados Matheus Martins e João Neto e, também, Gabryel Martins, artilheiro no sub-20. Estes poderiam compor o banco, bem como os já bastante falados Wallace e Jefté, além do lateral-direito Johnny, que me parece bom jogador.

Não é surpresa para ninguém que a sequência é ingrata. Após esse jogo espinhoso no Paraná, o Fluminense volta ao Rio para enfrentar o time mais ajudado do Brasil (talvez do mundo) com torcida visitante liberada (ê acordo pré-pandemia bom, hein), depois faz a ponte aérea para jogar com o Santos na Vila (jogo que foi adiado), viaja até o Nordeste para enfrentar o Ceará e, já em novembro, volta ao Rio para pegar o Sport. Se formos olhar a tabela, o único jogo realmente bastante difícil deveria ser o clássico, pois o nosso adversário desse domingo é confronto direto e todos os demais estão abaixo do Fluminense na tabela. Porém, o futebol que o Tricolor jogou até a última rodada é muito preocupante e torna difícil que alguém aposte em vitórias na maioria desses jogos. Por isso foram tão importantes essas mudanças. Se encaixarem, nossas perspectivas mudam, e talvez possamos voltar a olhar para cima com confiança. Numa visão otimista, creio que dá pra catar 13 pontos dos 15 possíveis. Se quiser ser mais conservador, dá pra apostar em 9. O que importa, no fundo, é conseguir ao menos duas vitórias e um empate fora de casa, e voltar a vencer no Rio contra o Sport.

O que podemos esperar não é nada menos que a pronta recuperação do Fluminense nessas próximas rodadas, e qualquer coisa diferente disso deverá ser alvo de protesto constante. No fechamento da rodada deste sábado, o Fluminense ocupava a 10ª posição. Apesar do planejamento da diretoria bater certinho com a posição que ocupamos, esqueceram de perguntar à torcida se ela concordava. O G4 hoje está a 8 pontos, o G6 a 7, mas vencendo nosso compromisso em Curitiba já encurtaremos essa distância e, de quebra, entraremos no tal “G9” que deve existir esse ano. Quase metade dos times da Série A do Brasileirão estarão na Libertadores em 2022, e é OBRIGAÇÃO do Fluminense ser uma destas equipes, seja lá como for. Por sua grandeza, esperamos vaga direta na fase de grupos. Por sua gestão, exigimos ao menos a presença na competição, mesmo que seja nas fases prévias de mata-mata. Jogar a Copa Sul-Americana no ano que vem será uma das maiores vergonhas de nossa história. Ainda há tempo para evitá-la, mas não podemos deixar de cobrar. Afinal, sempre temos razão.

Curtas:

– Não quer aceitar as condições negociadas, David Duarte? Tchau. Na base temos uns três do seu nível.

– A questão envolvendo a concessão do Maracanã é realmente fulcral para o futuro a curto e médio prazo do Fluminense no quesito associação e presença de público, além da questão dos gastos, que serão muito maiores se nos tornarmos um clube itinerante. A gestão pouco trata desse tema, e nas coletivas não há perguntas a respeito dele. O mínimo a ser feito pela comunicação do clube é vir a público dar esclarecimentos sobre o tema. No aguardo.

– Palpites para os próximos jogos: Athletico-PR 0 x 1 Fluminense, Fluminense 1 x 1 Flamengo.