Sobre Paulo Stein (por Paulo-Roberto Andel)

Há uns 15 anos, tive a oportunidade de entrevistar Paulo Stein na antiga TVE, hoje TV Brasil. Com a simpatia e educação de sempre, Paulo falou muitas coisas a respeito de sua longa carreira e claro, de seu enorme amor pelo Fluminense. Quando pensamos num jornalista que sempre admitiu torcer pelo Flu, sem rodeios, o primeiro nome imediato que vem à cabeça é o do amigo Ricardo Mazella, mas convém registrar que Paulo Stein sempre fez o mesmo. Isso jamais comprometeu sua condição de narrador e debatedor de programas esportivos, que vinham desde os anos 1970, no início da TV Bandeirantes no Rio de Janeiro, ao lado de outro grande tricolor, o saudoso Alberto Léo. Trabalhavam no programa Bola na Mesa.

Dono de uma voz marcante, dos locutores clássicos, Paulo Stein esteve presente nas cenas do esporte brasileiro dos últimos 40 anos. Foi Fluminense todo dia, toda hora, do começo ao fim. Sua última demonstração de paixão pelo nosso time é comovente: sua filha, a jornalista Natasha Stein, contou neste sábado ao jornal RJTV que, ao ser internado no hospital onde morreria três dias depois, na hora de fazer a ficha de internação, Paulo Stein cravou: “Bota aí que eu sou tricolor”. Isso dá o tamanho do seu amor num momento tão difícil e, infelizmente, derradeiro: pensando no Fluminense, ao contrário de uns e outros.

Por muito tempo, Paulo Stein marcou época narrando jogos de futebol na antiga TV Manchete na década de 1980 e entrando nos 1990, ao lado do craque João Saldanha. Também narrou grandes desfiles de carnaval na Marquês de Sapucaí. No querido Campeonato Carioca daqueles tempos, suas narrações eram divertidíssimas, cheias de onomatopeias e faziam a festa de crianças e adolescentes. E no final de carreira, prestou um serviço importante ao denunciar a gordofobia de que foi vítima, um completo absurdo.

Trabalhando com grande competência, Paulo Stein viveu in loco décadas brilhantes do Fluminense: o fim dos anos 1950, dos 1960 e a grande era até 1985. Depois da diáspora, o ressurgimento no século XXI e o grande carrossel de emoções entre 2005 e 2013, entre céus e infernos. Em todos estes momentos, o profissional foi impecável e o torcedor, mais do que apaixonado.

Ele já faz falta.