Sobre os treinadores brasileiros (por Márcio Machado)

Há algum tempo o futebol brasileiro é um mercado secundário. Naturalmente aqui não ficam os melhores jogadores, a paixão das torcidas pouco refluiu. Nesse contexto, como ser competitivo? Fomos pouco a pouco caindo numa situação difícil de rever, como o Fluminense demonstra ao Brasil nesse 2019.

As raízes vêm das copas perdidas nos anos 1970 e 1980. A perda de prestígio de técnicos de outras regiões, mais o crescimento da escola gaúcha e sua disciplina tática defensiva, afora uma dupla carioca que foi essencial em 1994: Parreira e Zagallo. O futebol brasileiro poderia ser considerado competitivo com mais cuidados defensivos.

Nisso chegamos aos tempos atuais, com muitos times estrangulados financeiramente, elencos que não passam de esforçados, atacantes que não resolvem muito e que quase sempre estão lá com suas duas linhas de quatro, encolhidos, jogando pela tal da “uma bola”.

O Fluminense de Diniz tentou desafiar esses parâmetros sem ter talvez esse cacife. Muito trabalho tático não foi capaz de fazer as bolas entrarem. Qualidade? VAR? Agora é passado, infelizmente não deu, a verdadeira exceção que confirma a regra e que pode jogar pra frente e bonito no Brasil é a dissidência, pelo absurdo motivo de disputar com orçamento europeu no meio dos falidos.

Assim sendo, Oswaldo está, após um período de adaptação um tanto quanto demorado, começando a fazer o que foi contratado para fazer: jogar essa bolinha medíocre que todo mundo joga aqui. Contra o Avaí, foi “o Diniz” ainda. Contra o Fortaleza, pura sorte. Contra o Palmeiras ele teve um apagão mental e o time acompanhou. Contra o Corinthians, aí sim, aproveitou o mando de campo vendido pra dar a responsabilidade de atacar ao Carille. Deu uma sorte e esperou a inépcia absoluta do adversário pra montar jogadas de ataque e passar o tempo.

Um time assim tende a ter mais facilidade jogando fora de casa ou contra times mistos dos melhores colocados, como vai ocorrer com Grêmio e Flamengo. Em casa, contra adversários diretos, recomendo paciência ao torcedor: pode ser até mais irritante que as atuações do técnico anterior, mas a tendência é o salvamento, até mesmo porque há muitos times piores na competição.

ST.

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